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Biden garante a Dilma que proteção a dados do Brasil é igual à dos americanos

O vice-presidente americano Joe Biden durante declaração à imprensa na embaixada americana em Brasília - Pedro Ladeira/Folhapress
O vice-presidente americano Joe Biden durante declaração à imprensa na embaixada americana em Brasília Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

17/06/2014 13h18Atualizada em 17/06/2014 14h53

Após se reunir com a presidente Dilma Rousseff, em Brasília, o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse nesta terça-feira (17) que, após as denúncias de espionagem pelo seu país, o mesmo nível de proteção dado à comunicação dos seus cidadãos foi estendido para os demais países, como já havia anunciado o presidente Barack Obama em janeiro deste ano.

"Queremos transformar a internet em um meio seguro e que não seja um instrumento de opressão dos Estados", disse.

Biden veio ao país com a missão de tentar apaziguar o mal estar gerado com as autoridades brasileiras depois de vir à tona a denúncia de espionagem pela NSA, a Agência Nacional de Segurança americana. Dilma, que também teve as suas comunicações monitoradas, chegou a cancelar uma visita aos EUA no ano passado.

"Disse [à Dilma] que Obama e eu, depois que ficamos sabendo da espionagem, fizemos um exame completo da situação e mudamos os nossos processos. Em janeiro passado, os Estados Unidos anunciaram uma reforma estendendo a proteção dada aos seus cidadãos para as pessoas em todo o mundo", disse, em uma declaração à imprensa na embaixada dos EUA em Brasília. "Sabemos que essa questão é muito importante para o Brasil e é muito importante para os Estados Unidos. [Dilma e eu] tivemos uma conversa muito franca e sincera sobre esta questão."

Em resposta ao escândalo, o presidente americano, Barack Obama, anunciou no início do ano que o serviço de inteligência dos Estados Unidos não iria praticar espionagem contra líderes de Estados aliados do país.

Mais cedo, ao sair da reunião com Dilma no Palácio do Planalto, Biden havia dito que tinha sido uma "ótima reunião". Perguntado se a presidente também tinha gostado dele, Biden respondeu apenas: "espero que sim".

A visita do vice-presidente americano ao Brasil ocorre nove meses após a revelação de que a presidente Dilma e empresas brasileiras como a Petrobras foram vítimas de espionagem pela  Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA).

Segundo o jornalista Glen Greenwald, que divulgou um documento indicando que era objetivo da NSA "entender melhor" a comunicação da presidente com sua equipe, números de telefone, e-mails e IPs (identificação individual de um computador) teriam sido monitorados. Um gráfico mostra toda a rede de comunicações da presidente com seus assessores.

As informações chegaram a Greenwald em junho por meio de Edward Snowden, o ex-agente norte-americano que revelou como os EUA monitoram informações de milhões de pessoas, dentro e fora do país.

Após a descoberta, Dilma condenou a espionagem em discurso na Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) em setembro.

Comissão da Verdade

Segundo Biden, ele também abordou no encontro a situação da Venezuela Venezuela e disse que há um "interesse comum para que aquele país tenha mais inclusão politica e seja mais democrático", e comentou a atuação dos Estados Unidos no Iraque. 

Biden também anunciou um acordo de colaboração para compartilhar documentos do governo americano com a Comissão Nacional da Verdade, que apura violações de direitos humanos durante o período da urante a ditadura militar no Brasil

Ele informou que já entregou hoje à presidente Dilma um conjunto inicial de documentos e observou ainda que o tema é bastante importante para a mandatária brasileira.

"Tenho o prazer de anunciar um projeto de desclassificar [tornar públicos] e compartilhar com a Comissão Nacional da Verdade documentos que vão ajudar a aclarar vários aspectos desses 21 anos."

Bem-humorado, Biden elogiou a organização da Copa do Mundo e disse que “correspondeu às expectativas”. Ele esteve ontem a Natal para acompanhar a estreia da seleção americana no mundial, que acabou vencendo Gana por 2 a 1.

“O estádio [Arena das Dunas] foi maravilhoso, correspondeu a todas as expectativas, mas ficamos mais entusiasmados com o que estava acontecendo no gramado, ver os Estados Unidos ganharem foi uma grande emoção”, disse. O vice-presidente americano contou que veio ao Brasil acompanhado de uma neta e de um sobrinho. "Neste momento, eu sou o avô preferido da família", brincou.