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Polícia mata suspeito após dois ataques na Dinamarca

Do UOL, em São Paulo

15/02/2015 08h12

A polícia da Dinamarca afirmou, neste domingo (15), ter matado um suspeito que seria o responsável por dois atentados em Copenhague, realizados no dia anterior. Nos ataques, duas pessoas morreram e outras cinco ficaram feridas. Ele foi descrito como um jovem de "traços árabes" com idade entre 25 e 30 anos.

"Nossa hipótese é que se trata do autor dos dois atentados em Copenhague", disse, hoje, o inspetor Joergen Skov, que acrescentou que nada indica que o suspeito tenha contado com ajuda. Além disso, Skov declarou que a presença "maciça" de agentes no centro da capital dinamarquesa será mantida. 

A primeira-ministra da Dinamarca, Helle Thorning-Schmidt, afirmou que as autoridades do país ainda desconhecem a motivação dos ataques. "Não conhecemos o motivo dos atos do suposto autor, mas sabemos que há forças que desejam o mal a países como a Dinamarca. Querem subjugar nossa liberdade de expressão", disse Thorning-Schmidt, que negou que se tratasse de uma guerra entre Islã e Ocidente. 

No primeiro ataque, uma pessoa foi morta e três policiais ficaram feridos quando um homem abriu fogo em um café. No local, era realizado um debate sobre blasfêmia e liberdade de expressão.

No segundo ataque, um judeu foi assassinado e dois policiais foram feridos próximo à principal sinagoga da cidade.

Após os ataques, agentes das forças de segurança do país começaram a vigiar uma propriedade para a qual se acreditava que o suspeito voltaria. Ao chegar e ver os policiais, o homem teria começado a disparar, sendo morto na troca de tiros. Nenhum agente ficou ferido na ação.

A polícia afirmou que imagens gravadas por câmeras de segurança embasam a suspeita de que o mesmo atirador foi o responsável pelos dois ataques.

"Há várias coisas que indicam que foi isso que ocorreu, e nada aponta para outros envolvidos. Mas isso é algo que vamos investigar com mais detalhe", disse Skov em um breve pronunciamento da polícia.

As autoridades não ofereceram mais dados sobre a identidade ou os motivos do suspeito.

Debate

Entre os participantes do debate onde ocorreu o primeiro ataque estava Lars Vilks, um polêmico cartunista sueco que já foi ameaçado de morte depois de fazer charges do profeta Maomé. Ele não foi ferido durante o ataque.

O embaixador francês, François Zimeray, também participava da reunião. Logo depois do incidente, foi postada uma mensagem no Twitter do embaixador informando que ele está vivo.

O seminário foi descrito, no site pessoal de Vilks, como um debate sobre se deveria existir limite para a expressão artística ou para a liberdade de expressão.

A descrição do evento perguntava se artistas poderiam "ousar" e cometer blasfêmia depois de ataques como o ocorrido contra a revista satírica francesa "Charlie Hebdo", que ocorreu no mês passado em Paris.

Dois atiradores invadiram o escritório da "Charlie Hebdo" e mataram 12 pessoas, incluindo dois policiais. Os irmãos Cherif e Said Kouachi, mortos pela polícia dois dias mais tarde, foram motivados pelas polêmicas charges do profeta Maomé feitas pela revista - quatro cartunistas também morreram.

Vilks já sofreu ameaças e os organizadores do evento do sábado informaram que haveria "segurança rigorosa", como de costume em todos os eventos em que ele se pronunciava em público.

Em 2007, Vilks fez uma charge do profeta Maomé fantasiado de cachorro. Em 2010, dois irmãos tentaram incendiar a casa do cartunista, no sul da Suécia, e foram presos.

Em maio daquele mesmo ano, ele foi atacado por manifestantes muçulmanos durante uma palestra sobre liberdade de expressão na Universidade de Uppsala, na Suécia.

E, em março de 2013, Vilks foi colocado na lista dos "mais procurados" pela Al Qaeda da Península Árabe.

Charges mostrando o profeta Maomé foram publicadas por um jornal da Dinamarca em 2005, o que desencadeou protestos violentos em países muçulmanos. (Com agências internacionais)