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Voz em vídeo do Estado Islâmico seria de cidadão francês, diz revista alemã

Do UOL, em São Paulo

17/11/2015 10h46

Investigadores teriam identificado de quem é a voz no vídeo publicado pelo Estado Islâmico assumindo a responsabilidade pelos ataques em Paris na última sexta-feira (13), de acordo com informações da revista alemã “Der Spiegel”. A mensagem foi divulgada no sábado, um dia após os atentados que mataram 129 pessoas, pedindo ataques contra a França.

O homem narrando a mensagem, Fabien Clain, 35, teria origem francesa e seria ativo na organização do EI por mais de uma década. Ele teria passado algum tempo em uma prisão na França antes de partir para a Síria e é apontado como integrante da célula que regularmente produz propaganda para o grupo radical e a distribui na internet.

Não era possível verificar a autenticidade das imagens, mas, de acordo com a revista, investigadores não têm mais dúvidas de que elas foram gravadas pelo Estado Islâmico. Acredita-se que o vídeo foi produzido, não se sabe exatamente quando, em uma área controlada pelo EI e que foi traduzido para vários idiomas.

A identificação de Clain seria mais uma evidência de que os ataques na última sexta-feira podem ter sido orquestrados da Síria. Ele é conhecido há tempos dos investigadores e acredita-se que esteja em Raqqa, cidade onde ficaria o QG do Estado Islâmico e que foi alvo de bombardeios aéreos da França nesta terça-feira.

A voz do irmão de Clain também pode ser ouvida, enquanto este canta uma canção de guerra do EI. Ele é Jean-Michel Clain, nascido em 1980 e que pode estar morando na Síria desde fevereiro de 2014.

Mensagens criptografadas para promover ataque

Autoridades francesas consideram que Fabien Clain, 35, é uma figura central na cena islamita na cidade francesa de Toulouse (680 km de Paris). Ele é suspeito de ter tentado promover, em abril de 2015, um ataque terrorista ao vilarejo de Villejuif, ao sul de Paris. Na época, Clain usou mensagens criptografadas para radicalizar, à distância, um jovem islamita com origens algerianas, que seria encarregado de fazer a ação.

O jovem teria sido orientado a entrar em um carro previamente preparado com armas e depois usá-las. O ataque só não aconteceu porque o rapaz atirou acidentalmente em uma das próprias pernas, antes da ação, e ficou muito ferido.

De acordo com a “Spiegel”, a radicalização de Clain pode ter sido iniciada no fim dos anos 1990, e ele teria fundado um grupo salafista, junto com irmão, após os ataques do 11 de Setembro, nos Estados Unidos.

Em 2009, Clain foi condenado a cinco anos de prisão por tentar criar uma célula terrorista. Após ser solto, em 2014, ele foi para a Síria.

A imprensa francesa chegou a divulgar que Clain manteve contato com Mohamed Merah, que em 2012 cometeu ataques contra soldados franceses e judeus, no sul da França, e foi morto horas depois.

Reivindicação de ataques e mais ameaças

Além de divulgar o vídeo no sábado (14), o Estado Islâmico publicou um comunicado assumindo a autoria dos atentados em série. O grupo jihadista afirmou que a França é seu "principal alvo".

"Oito irmãos carregando coletes suicidas e armas automáticas alvejaram áreas no coração da capital francesa que foram especificamente escolhidas antes: o Stade de France durante uma partida contra a Alemanha na qual o imbecil [sic] François Hollande estaria presente; o Bataclan, onde centenas de idólatras estariam juntos numa festa da perversidade; além de outros alvos no 10º,  no 11º e no 18º arrondissements [distritos]", afirmava a nota.

"A França e todos aqueles que seguem seu caminho devem saber que permanecem o principal alvo do Estado Islâmico."

"Alá (...) lançou o terror contra seu coração", disse o grupo, que chama Paris de "a capital da abominação e da perversão"."Paris tremeu sob seus pés [dos terroristas]."

A nota terminava com um alerta de que "este não é nada mais do que o começo de uma tempestade e uma advertência para aqueles que queiram meditar e tirar suas conclusões".

EUA ameaçados em novo vídeo

Em uma nova mensagem distribuída nesta segunda-feira, os jihadistas ameaçaram os países que estão bombardeando seus alvos na Síria e citou diretamente os Estados Unidos, que encabeça a coalizão internacional contra o EI.

"Nós dizemos aos Estados que participam da campanha de cruzada que, por Deus, vocês terão um dia, se Deus quiser, como o da França, e por Deus, como nós atingimos a França no centro de sua morada em Paris, nós juramos que vamos atacar a América em seu centro em Washington", afirmou um homem.

"Não viverão seguros até que os muçulmanos vivam seguros em seus países", dizia ainda no vídeo.