Britânico de 52 anos foi o autor do atentado no Parlamento, diz polícia
A polícia britânica divulgou na tarde desta quinta-feira (23) o autor do atentado contra o Parlamento, em Londres, na quarta-feira. Cinco pessoas, incluindo o agressor, morreram no ataque; cerca de 40 ficaram feridos.
Segundo a polícia, o homem é Khalid Masood, de 52 anos, nasceu em Kent (Inglaterra) e vivia em West Midlands. Ele não era investigado no momento, mas já tinha passagem por lesão corporal grave, posse de armas e outras ocorrências.
A polícia informou que Masood foi condenado pela primeira vez em 1983, por dano ao patrimônio, e em 2003 recebeu sua última punição, por portar uma faca. A polícia ressalta que ele nunca recebeu condenação por atividades ligadas ao terrorismo.
Durante a noite passada, a polícia revistou diversos domicílios em Londres, Birmingham e outros pontos do país, em uma investigação que envolve centenas de agentes e na qual foram detidas oito pessoas até o momento.
A empresa de aluguel de veículos Enterprise confirmou hoje que o veículo usado no atentado foi alugado em Solihull, ao sudeste de Birmingham.
Mais cedo, a premiê britânica, Theresa May, acrescentou que ele já havia sido investigado pelos serviços de inteligência do país, mas era visto como uma "figura periférica" no contexto dos suspeitos de terrorismo.
"Ele foi investigado pelo MI5 [agência de inteligência britânica] por suspeita de extremismo violento. Não houve informação de inteligência que ele cometeria um ato [terrorista]", disse May. Ela disse que o homem agiu sozinho, possivelmente inspirado pelo que ela chamou de "ideologia islamista".
Também nesta quinta, o Estado Islâmico disse que o agressor era "soldado" do grupo terrorista, "executando a operação em resposta ao chamado para atingir cidadãos das nações da coalizão". Ao lado de países como França, Estados Unidos, Rússia e Turquia, o Reino Unido faz parte da coalizão internacional que combate o EI na Síria e no Iraque.
O Estado Islâmico costuma considerar "soldados" terroristas que cometeram atentados isoladamente, sem ligação direta com o grupo --diferentemente, por exemplo, dos atentados de novembro de 2015 em Paris, cometidos e planejados por militantes do EI.
O grupo já havia assumido essa postura no atentado a uma boate em Orlando, nos EUA, e durante uma comemoração nas ruas de Nice, na França, no ano passado.
Modus operandi
O modus operandi rudimentar do ataque recorda outros atentados cometidos nos últimos anos em vários países ocidentais: caminhões lançados contra multidões em Nice e Berlim (2016), um padre degolado em uma igreja da Normandia (2016), um carro que atropelou dois militares em Quebec (2014) e um soldado quase decapitado em uma rua de Londres (2013).
Os métodos estão ao alcance de todos, de acordo com os discursos dos propagandistas do EI.
Em setembro de 2014, o propagandista oficial da organização, Abu Mohamed Al-Adnani, que faleceu pouco depois, convocou os "soldados do califado" a matar policiais, militares ou simples civis nos países da coalizão internacional que luta contra o grupo jihadista na Síria e no Iraque, com qualquer arma a seu alcance.
"Se não podem explodir uma bomba ou atirar, atuem para que fiquem sozinhos com um infiel francês ou americano e quebrem o crânio com uma pedra, matem a facadas, atropelem com seu veículo...", sugeriu.
Fenômeno da imitação
Diante da onda de atentados jihadistas sem precedentes na Europa desde 2015, países como França e Reino Unido reforçaram os dispositivos de segurança e afirmam que já evitaram vários ataques.
Mas os analistas concordam que é praticamente impossível prever este tipo de ataque.
"Os serviços britânicos reagiram rápido e bem, o agressor foi abatido rapidamente. Os britânicos se preparam há vários anos", disse Yves Trotignon, ex-analista do serviço de inteligência francês.
"Como estavam preparados, as consequências são limitadas. Mas evidentemente estamos indefesos ante este tipo de ataque. O agressor de Londres estava armado com uma faca de cozinha e um carro. O que você pode fazer contra isto?".
"Este tipo de ataque, executado com objetos que utilizamos diariamente, como veículos ou facas, se tornaram a norma, e são extremamente difíceis de impedir", aponta Emily Winterbotham, pesquisadora no Royal United Services Institute for Defence and Security Studies em Londres.
"O problema é o fenômeno de imitação, que parece ser o que aconteceu em Londres depois dos ataques similares em Nice e Berlim, e que provocam o temor de novos ataques do tipo", completa.
De fato, menos de 24 horas depois do ataque de Londres, a polícia belga prendeu um motorista que tentou atropelar uma multidão em uma via comercial da Antuérpia.
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