EUA lançam ataque com mais de 50 mísseis contra base aérea do governo sírio
Os Estados Unidos atacaram nesta quinta-feira (sexta no Brasil) uma base aérea do governo sírio. A ofensiva, com mais de 50 mísseis, foi realizada em retaliação ao ataque com armas químicas contra civis ordenado nesta semana pelo presidente Bashar al-Assad.
Os mísseis utilizados, Tomahawk, de médio alcance e invisíveis a radares, foram disparados de dois navios de guerra norte-americanos posicionados no mar Mediterrâneo. Posteriormente ao ataque, a Marinha do país divulgou imagens dos lançamentos a partir dos dois navios destroyer utilizados.
Esta foi a primeira ação dos EUA diretamente contra o governo de Assad e é a mais dramática ordem militar de Donald Trump desde que se tornou presidente, em janeiro.
Segundo informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), a ação teria deixado quatro militares mortos, incluindo um general, e destruído a base aérea de Shayrat, na cidade síria de Homs, que seria o alvo da operação. O local foi escolhido porque os americanos acreditam terem partido dali os aviões usados para o ataque com gás sarin, que matou 86 pessoas.
Em pronunciamento transmitido pela TV, Donald Trump afirmou tratar-se de um "ataque vital de segurança nacional". Ao destacar que o líder do regime sírio atingiu com gás neurotóxico "homens, mulheres e crianças indefesos", Trump disse que "todos os países civilizados deveriam contribuir para o fim do conflito sírio" e "acabar com o massacre e derramamento de sangue na Síria".
O ataque de surpresa marcou uma inversão na estratégia americana adotada para o conflito no país, em guerra civil desde 2011, e ocorreu enquanto Trump estava reunido com o presidente chinês, Xi Jinping, tratando de um outro tema crucial para a segurança dos EUA: o programa nuclear norte-coreano. As ações de Trump na Síria poderiam ser um sinal para a China de que o novo presidente não tem medo de tomar decisões militares unilaterais, até mesmo se países-membros do Conselho de Segurança, como a China, se colocarem contra um eventual ataque.
A ofensiva não foi anunciada com antecedência, apesar de Trump e outros oficiais militares terem elevado o tom contra Assad nesta quinta.
Rússia condena ataque, legisladores apoiam
O presidente russo, Vladimir Putin, considerou o bombardeio uma "agressão contra um estado soberano", baseada "em pretextos inventados", informou o Kremlin nesta sexta-feira (7), citado pelas agências russas.
"O presidente Putin considera que os bombardeios americanos contra a Síria são uma agressão a um Estado soberano, que violam as normas do direito internacional", declarou o porta-voz do Kremlin Dmitri Peskov, afirmando que a ação foi baseada em "pretextos inventados".
Vários legisladores republicanos e democratas apoiaram a decisão de Trump, mas pediram ao presidente que esclareça sua estratégia militar.
Este ataque "foi apropriado e justo", declarou o presidente da Câmara de Representantes, o republicano Paul Ryan.
O líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, declarou que "fazer Assad pagar um preço quando comete atrocidades como estas é algo bom", mas que "a administração Trump deve adotar uma estratégia e consultar o Congresso antes de realizar" tais ações.
Impasse no Conselho de Segurança
Horas antes do ataque, o Conselho de Segurança das Nações Unidas não conseguiu obter um acordo sobre uma declaração envolvendo o ataque com armas químicas, enquanto circulavam informações sobre um eventual bombardeio americano à Síria. No final da reunião, o embaixador da Rússia, Vladimir Safronkov, advertiu para os riscos de um ataque americano à Síria. "Se ocorrer uma ação militar, toda a responsabilidade recairá sobre os que iniciaram uma empresa tão trágica e duvidosa", disse o diplomata russo na saída da reunião.
O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, tinha prometido "uma resposta apropriada às violações de todas as resoluções prévias da ONU e das normas internacionais". "O papel de Assad no futuro é incerto com os atos que cometeu. Parece que não deve desempenhar qualquer papel para governar o povo sírio", declarou Tillerson ao receber na Flórida o presidente chinês, Xi Jinping.
A representante americana no órgão, Nikki Haley, já tinha advertido durante o dia de ontem que seu país poderia tomar algum tipo de medida unilateral se o bloqueio na ONU persistisse.
Esta é a primeira ordem militar de Trump para fazer uso da força desde que chegou à Casa Branca, já que outras operações na Síria, Iêmen e Iraque foram realizadas sob autorização delegada a seus comandantes.
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