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Depender de armas nucleares para segurança é inaceitável, diz Nobel da Paz

Do UOL, em São Paulo

06/10/2017 07h24Atualizada em 06/10/2017 13h13

A diretora da campanha antinuclear disse que o Nobel da Paz deste ano envia uma mensagem para todos os Estados armados com armas nucleares e para todos os Estados que continuam a depender de armas nucleares para a segurança que este é um comportamento inaceitável". A coalizão de organizações Campanha Internacional para Abolir as Armas Nucleares (Ican) venceu o Prêmio Nobel da Paz por seu trabalho para estimular a proibição das armas atômicas.

Beatrice Fihn, diretora-executiva da Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares, disse  que "nós podemos ameaçar matar indiscriminadamente centenas de milhares de civis em nome da segurança. Não é assim que se constrói a segurança".

Perguntada sobre sua mensagem para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, a diretora-executiva da Ican disse à agência de notícias Reuters: "Armas nucleares são ilegais". "Ameaçar usar armas nucleares é ilegal. Ter armas nucleares, possuir armas nucleares, desenvolver armas nucleares é ilegal, e eles precisam parar", acrescentou.

Fihn disse que o grupo recebeu um telefonema minutos depois do anúncio oficial do Nobel da Paz. No entanto, ela disse que achou que era uma "pegadinha" e que ela não acreditou até ouvir o nome do grupo durante o anúncio em Oslo.

A Ican lançou nesta sexta-feira um apelo à comunidade internacional para que se proíba "agora" este armamento. "É um momento de grande tensão global, no qual as declarações exaltadas podem levar todos nós, muito facilmente, inexoravelmente, a um horror inenarrável. O espectro de um conflito nuclear volta a nos cercar. Se há um momento para que as nações declarem sua firme oposição às armas nucleares, esse momento é agora", disse sua diretora, Beatrice Fihn, em comunicado.

Segundo a presidente do Comitê Norueguês do Nobel, Berit Reiss-Andersen, "a organização recebe o prêmio por seu trabalho para chamar a atenção sobre as consequências humanitárias catastróficas do uso de armas nucleares e por seus esforços pioneiros para obter um tratado de proibição destas armas".

O Comitê destacou que as potências nucleares devem iniciar "negociações sérias" de desarmamento.

"O Prêmio da Paz deste ano é também um apelo para que estes Estados iniciem negociações sérias destinadas à eliminação gradual, equilibrada e cuidadosamente supervisionadas das quase 15.000 armas nucleares que existem no mundo", disse Berit Reiss-Andersen.

Mais de 70 anos depois das bombas atômicas americanas lançadas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, e em um momento de grande tensão a respeito da crise norte-coreana, o Comitê do Nobel deseja ressaltar os incansáveis esforços da Ican para livrar o mundo das armas nucleares.

Fundada em 2007 em Viena, durante uma conferência internacional sobre o tratado de não proliferação nuclear, a Ican tem sede em Genebra, nos prédios do Conselho Ecumênico das Igrejas, outra organização internacional.

Esta coalizão de mais de 300 ONGs conseguiu mobilizar desde então ativistas e personalidades para defender sua causa.

A Ican estimulou um tratado histórico de proibição das armas nucleares que foi adotado por 122 países em julho, mas o seu alcance é sobretudo simbólico, pela ausência das nove potências nucleares entre os signatários.

A organização, que tem um orçamento anual de US$ 1,2 milhão, funciona graças às ajudas financeiras de vários governos, como Noruega, Suíça, Holanda, Alemanha ou a Santa Sé, assim como de doadores privados, da União Europeia e várias fundações.

Receberá o prêmio, que consiste em uma medalha de ouro, um diploma e um cheque de nove milhões de coroas suecas (cerca de US$ 1,1 milhão) durante uma cerimônia em Oslo no dia 10 de dezembro, a data do aniversário da morte em 1896 do criador do prêmio, o filantropo sueco e inventor da dinamite, Alfred Nobel.