Ataques e desconfiança dificultam fuga de civis durante trégua em região síria
Combates foram registrados no distrito sírio de Ghouta nesta terça-feira (27), disse a Organização das Nações Unidas (ONU), apesar de um cessar-fogo de cinco horas convocado pela Rússia, aliada do presidente da Síria, Bashar al-Assad. Segundo a ONG Observatório Sírio de Direitos Humanos, aviões de guerra não identificados e um helicóptero das forças governamentais da Síria bombardearam vários pontos de Ghouta Oriental, o principal reduto opositor dos arredores de Damasco.
A ONG disse que os aviões atacaram o povoado de Iftiris, enquanto um helicóptero jogou dois barris de explosivos contra a cidade de Shifunia, sem que haja informações de vítimas. Uma fonte militar síria ouvida pela Reuters negou que tenham ocorrido ataques aéreos.
"Temos relatos nesta manhã de que há combates contínuos no leste de Ghouta", disse o porta-voz humanitário da ONU, Jens Laerke, a repórteres em Genebra. "Claramente a situação no terreno não permite que comboios possam ir ou que retiradas médicas possam ocorrer".
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Os militares da Rússia acusaram rebeldes da região síria de Ghouta Oriental de dispararem tiros de morteiro contra uma rota de retirada de pessoal aberta para permitir que civis deixem a zona de conflito, de acordo com agências de notícias russas. "Às 9h da manhã (horário local), um corredor humanitário foi aberto para civis deixarem a zona de pacificação", disse o general russo Viktor Pankov, segundo agências de notícias russas. "Agora, há intensos disparos do lado rebelde e nenhum civil saiu".
Centenas de pessoas morreram durante 10 dias de bombardeios do governo sírio sobre Ghouta Oriental, uma região controlada por rebeldes com pequenas cidades e fazendas nos arredores de Damasco. O ataque representa uma das campanhas aéreas mais devastadoras de uma guerra que está ingressando em seu oitavo ano.
A Rússia convocou uma trégua de cinco horas no enclave durante esta terça-feira para permitir uma rota segura para a retirada de feridos e de civis. Moscou e Damasco acusaram rebeldes de atacarem seu corredor humanitário estabelecido para permitir a saída dos civis. Rebeldes negaram a acusação.
Para os moradores de Ghouta Oriental, a trégua é puro teatro. "Esta trégua é uma farsa. A Rússia nos mata diariamente e nos bombardeia todos os dias", afirmou Samer al-Buydani, morador da cidade de Duma. "Não tenho confiança para sair com minha família de Ghuta Oriental através dos corredores humanitários", disse.
"Se aceitar que tenho que sair, serei colocado imediatamente no exército para lutar contra outros sírios", afirmou Al-Buydani.
Ghouta Oriental estava aparentemente calma após a entrada em vigor da trégua às 9h da manhã (horário local), segundo o Observatório e moradores, apesar de a televisão estatal ter afirmado que insurgentes tinham atacado a rota de retirada.
A região, onde vivem cerca de 400.000 pessoas, segundo a ONU, é o principal alvo de Assad, cujas forças já recuperaram diversas áreas com o apoio militar da Rússia e do Irã.
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