Mulher finge ter câncer terminal e dá golpe de R$ 87 mil para financiar festas e viagens
Uma jovem australiana foi presa após fingir ter câncer em estado terminal para pegar dinheiro de familiares e amigos. Ao todo, Hanna Dickenson, 24, arrecadou cerca de R$ 87 mil para “fazer um tratamento fora do país”. Ela irá passar três meses na cadeia e prestar serviços comunitários pelo período de um ano.
Tudo começou em 2013, quando Hanna tinha apenas 19 anos. A jovem conversou com seus pais e disse que estava muito doente: fora diagnosticada com Leiomiossarcoma, um raro tumor canceroso.
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Para a família, ela argumentou que já havia tentado tratamento em dois dos melhores hospitais de Melbourne, Epworth Richmond e Peter MacCallum. Como não obteve sucesso, a sugestão dos médicos seria um tratamento a ser realizado no exterior.
Como não tinham dinheiro necessário para arcar com os supostos custos da viagem e do tratamento médico, os pais de Hanna decidiram pedir ajuda a vizinhos e amigos. Ao todo, a família conseguiu arrecadar 41.770 dólares australianos (pouco mais de R$ 87 mil nos valores da época).
O dinheiro veio de diversas fontes. Um casal de vizinhos, Rachel e Nathan Cue, fez uma campanha dentro da própria família para conseguir o dinheiro.
“Nós estávamos na mesa de jantar e a mãe de Hanna veio nos falar que ela tinha apenas seis semanas de vida, por isso eles precisavam de 40 mil dólares australianos imediatamente”, contou Rachel à imprensa local.
Só o casal Cue foi responsável pela arrecadação de 20 mil dólares australianos (cerca de R$ 42 mil na época) em quatro transações diferentes. Eles acreditavam que a conta pertencia a um médico alemão, mas era, na verdade, de Hanna.
Outro doador, responsável pelo pagamento de 11 mil dólares australianos (R$ 23 mil), engajou-se na causa porque ele mesmo havia acabado de se ver livre de um câncer.
Hanna, no entanto, foi descoberta pela própria displicência nas redes sociais. A jovem documentou publicamente sua vida de bebida e festas, assim como viagens para Tailândia e Europa.
Assim que o casal Cue entendeu o que havia acontecido, procurou pela polícia. “Comecei a fazer meu dever de casa”, contou Nathan à imprensa australiana. “Gastei muito tempo documentando tudo para mostrar que era golpe e fui às autoridades.”
O julgamento se arrastou até 2018. Bev Lindsay, advogada de defesa, tentou defender sua cliente sob o argumento de que foram os pais dela que foram à comunidade em busca do dinheiro e não ela.
Lindsay também afirmou ainda que, atualmente, Hanna é corretora imobiliária e uma sentença poderia atrapalhar seus negócios.
O juiz David Starvaggi, da Corte de Melbourne, negou os argumentos. Segundo o magistrado, ela “feriu um dos sentimentos mais profundos da natureza humana”.
Hanna confessou o crime frente à Justiça australiana na última terça-feira (10) e foi considerada culpada em sete acusações de fraude. Ela passará três meses na cadeia e prestará um ano de serviços comunitários.
“A confiança social da população e o desejo de ajudar das pessoas foram violados. Estes são cidadãos que trabalharam duro para conseguir o que têm”, afirmou Starvaggi.
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