Sem indicação de Eduardo, diplomata preterido comanda embaixada nos EUA
Resumo da notícia
- Indicação de Eduardo Bolsonaro a embaixada é suspensa pelo Planalto
- Planalto avalia que ele não tem votos suficientes para aprovação no Senado
- Na prática, diplomata Nestor Forster Junior é quem comanda embaixada nos EUA
- Cargo está vago desde abril, após saída de Sergio Amaral
Enquanto o filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e deputado federal, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), não é indicado como o novo embaixador do Brasil nos Estados Unidos, o diplomata Nestor Forster Junior comanda na prática a representação diplomática em Washington D.C., capital norte-americana.
Encarregado de negócios na embaixada, Forster, no entanto, não conta com todas as prerrogativas dadas a um embaixador aprovado pelo Congresso brasileiro e recebido pelo governo de Donald Trump.
Quando Jair Bolsonaro fez uma visita oficial a Trump em março deste ano, Forster era o favorito a assumir o posto, um dos mais importantes do Ministério das Relações Exteriores, mas acabou sendo preterido por Eduardo —cuja indicação agora está em suspenso pelo Palácio do Planalto.
À época, Forster buscou reforçar o próprio nome por meio da articulação da viagem e da participação em eventos tanto oficiais, como jantar da delegação brasileira, quanto extraoficiais. Por exemplo, o coquetel em hotel de luxo pertencente a Trump, seguido de exibição de filme sobre a vida e os pensamentos do escritor Olavo de Carvalho, de quem o diplomata é amigo e em quem a família Bolsonaro se inspira intelectualmente.
Forster tinha como um de seus principais fiadores Eduardo Bolsonaro e já trabalhava na embaixada como ministro de segunda classe —um degrau abaixo de embaixador na carreira. Em junho, foi promovido.
O diplomata chegou a ser nomeado para ser o número dois do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, em Brasília, em dezembro passado, mas o ato foi tornado inócuo dias depois.
O último embaixador brasileiro nos Estados Unidos foi Sérgio Amaral, que saiu do cargo em abril e retornou ao Brasil em junho. O diplomata já estava aposentado quando, a pedido do ex-presidente Michel Temer (MDB), assumiu a embaixada em 2016.
A vontade de indicar Eduardo Bolsonaro ao posto foi anunciada pelo pai há cerca de três meses, porém, nunca saiu do papel por falta de votos no Senado para ser aprovado. Se realmente vier a ser indicado formalmente, hipótese considerada hoje remota, Eduardo precisa ser aprovado após sabatina pela Comissão de Relações Exteriores e pelo plenário.
O próprio deputado federal, que ao longo dos últimos meses se esforçou para mostrar estar estudando relações exteriores e ter proximidade com a família Trump, reconheceu ontem que a nomeação para o posto nos Estados Unidos ficou em segundo plano.
"Todos os temas como embaixada ou viagem para a Ásia são temas secundários. A gente está aqui para cuidar dos nossos eleitores", disse ele após tentativa frustrada de assumir a liderança do PSL.
Diante dos desdobramentos da crise interna do PSL, ele tentou se tornar o líder do PSL na Câmara após articulação de Jair Bolsonaro para derrubar o atual nome no posto, Delegado Waldir (PSL-GO).
Ontem também o presidente nacional do PSL, Luciano Bivar, destituiu Eduardo da presidência do partido em São Paulo —assim como o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho mais velho do presidente, do comando da legenda no Rio de Janeiro.
Desde agosto, o filho do presidente tem o aval do governo dos EUA para assumir a embaixada brasileira no país e já viajou duas vezes a Washington.
Donald Trump indicou o diplomata de carreira Todd Chapman para a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil. Seu último cargo como embaixador foi comandar a representação no Equador.
Chapman ainda precisa ser aprovado pelos parlamentares norte-americanos para se mudar para Brasília. Ele chegou a trabalhar na capital federal entre 2011 e 2014 como ministro-conselheiro.
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