Coronavírus deixa 106 mortos na China; EUA vão retirar funcionários
O número de mortos pelo coronavírus subiu para 106 na China e há mais de 4.500 pessoas infectadas, o que levou vários países como Estados Unidos, França e Japão a se mobilizarem para retirar seus cidadãos de Wuhan, região que é o epicentro da epidemia.
A Comissão Nacional de Saúde da China informou hoje que mais 25 pessoas morreram em função de doenças provocadas pelo coronavírus, o que leva a contagem total de mortos do surto para 106. O número de casos confirmados no país chegou a 4.515, após 1.771 novas ocorrências terem sido contabilizadas.
Wuhan, cidade do centro do país que onde o novo coronavírus foi detectado em dezembro, e quase toda a província de Hubei estão isoladas do mundo desde quinta-feira por ordem das autoridades para tentar frear a epidemia. Quase 56 milhões de habitantes estão confinados.
O confinamento deixou milhares de estrangeiros retidos na região. Para retirá-los, Estados Unidos, França e Japão preparam operações de emergência. Hoje, no entanto, o Ministério de Saúde do Japão informou que uma pessoa que não visitou Wuhan contraiu o novo vírus.
O governo japonês anunciou que enviará um avião hoje a Wuhan para retirar 200 cidadãos do país e aproveitará a oportunidade para entregar "máscaras e trajes de proteção" às autoridades locais.
Médicos estarão a bordo e as pessoas com sintomas como febre alta serão levadas diretamente para o hospital no desembarque. Quase 650 japoneses de Wuhan expressaram o desejo de retornar ao país e o governo planeja novos voos de repatriação.
Um voo para retirar funcionários do consulado dos Estados Unidos em Wuhan deve partir na manhã de amanhã (hora da China) com destino à Califórnia, anunciou o Departamento de Estado. Outros assentos serão oferecidos a cidadãos americanos "dependendo dos lugares disponíveis".
A França também prepara uma operação para retirar seus cidadãos e outros europeus da região. Uma lista de 500 pessoas já foi estabelecida pelo consulado local, mas o número pode chegar a 1 mil, já Wuhan recebe muitos estudantes franceses, além das fábricas da Renault e PSA.
As pessoas retiradas serão submetidas a um período de quarentena.
Viagens adiadas
A cidade de Pequim informou ontem a primeira morte provocada pelo coronavírus, um homem de 50 anos que retornara de Wuhan.
Outros 50 pacientes foram registrados no resto do mundo e mais de 10 países foram afetados pelo vírus, na Ásia, Austrália, Europa e América do Norte.
Ontem, a Alemanha confirmou o primeiro caso de contágio e se tornou o segundo país afetado na Europa, depois da França.
A propagação do vírus aumenta a ansiedade e a série de medidas de contenção. Muitos países reforçaram a precaução nas fronteiras. A Mongólia fechou a passagem terrestre com a China.
A Malásia proibiu a estadia de pessoas procedentes de Hubei. Vários países recomendaram que seus cidadãos evitem viajar para esta província, mas a Alemanha ampliou o conselho para toda a China. O governo dos Estados Unidos fez o mesmo.
A OMS (Organização Mundial da Saúde), que considera a ameaça "alta", mas sem ativar um alerta de saúde internacional, afirmou ontem que ainda não sabe se os infectados são contagiosos antes de apresentar os sintomas da doença, o que contradiz as declarações de funcionários da área de saúde da China.
A ameaça de propagação é considerável. O prefeito de Wuhan admite que cinco milhões de pessoas deixaram a cidade de 11 milhões de habitantes antes do Ano Novo chinês, celebrado em 25 de janeiro.
Aulas adiadas
As autoridades chinesas decidiram prolongar por três dias, até 2 de fevereiro, o feriado de Ano Novo (sete dias de recesso), para adiar as viagens de retorno para suas cidades de centenas de milhões de trabalhadores migrantes e reduzir o risco de propagação da epidemia.
Além disso, o início do semestre letivo nas escolas e universidades foi adiado, informou o ministério da Educação, sem divulgar a nova data de recomeço das aulas.
A Administração Nacional de Imigração também recomendou aos moradores da China continental que adiem os planos de viagem ao exterior.
"Reduzir os deslocamentos entre fronteiras ajuda a controlar a epidemia", afirmou a agência, que explicou ter adotado a recomendação "para proteger a saúde e a segurança de chineses e estrangeiros".
Wuhan parece uma cidade fantasma. Lojas permanecem fechadas e as autoridades proibiram a circulação de veículos não essenciais.
Nos hospitais, a situação permanece caótica: os pacientes precisam esperar por horas antes do atendimento. A construção de dois hospitais, com 1.000 leitos cada, deve terminar na próxima semana.
O primeiro-ministro Li Keqiang visitou a cidade ontem para verificar a situação.
"A capacidade de propagação do vírus aumentou, mas não é tão potente como a SARS", afirmaram autoridades chinesas, em referência à síndrome respiratória aguda grave, que deixou centenas de mortos no país no início dos anos 2000.
País adia reabertura de mercados acionários
A China decidiu adiar a reabertura de seus mercados acionários para segunda-feira (3), como parte de esforços para conter a epidemia.
Originalmente, os negócios nas bolsas de Xangai e de Shenzhen - que divulgaram comunicados separados sobre o adiamento -, seriam retomados na sexta-feira (31).
Ontem, o governo chinês ampliou a duração do feriado do ano-novo lunar, normalmente de uma semana, até domingo (2).
A Bolsa de Hong Kong, por sua vez, informou hoje que irá retomar operações amanhã, como estava previsto.
* Com AP, AFP e Estadão Conteúdo
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