Topo

Kennedy Alencar

Opinião: Derrotar Trump em novembro é tarefa civilizatória

20.jun.2020 - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, discursa a apoiadores durante comício em Tulsa, Oklahoma - Nicholas Kamm/AFP
20.jun.2020 - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, discursa a apoiadores durante comício em Tulsa, Oklahoma Imagem: Nicholas Kamm/AFP

Kennedy Alencar

Colunista do UOL

23/06/2020 04h00

A eleição presidencial americana de 3 de novembro fica mais importante a cada dia em que se aproxima. Derrotar o presidente Donald Trump é uma tarefa civilizatória.

Tirar o republicano da Casa Branca terá como efeito principal enfraquecer populistas de extrema-direita que fragilizaram democracias mundo afora. Quebrar a onda trumpista é fundamental para o futuro da humanidade.

A pandemia de coronavírus já seria uma tragédia por si mesma. Sem vacina e tratamento terapêutico eficaz, a covid-19 assustaria sem precisar que políticos incapazes que negam a ciência agravassem os seus efeitos, sobretudo para os mais pobres.

Não é mera coincidência que os Estados Unidos e o Brasil sejam os países com mais mortes e casos de covid-19. Apesar de não merecerem, as duas nações têm no comando presidentes incompetentes e sem empatia pela dor alheia.

Os protestos dos EUA ressoaram globalmente por simbolizar mais do que um grito de basta contra a violência policial e o racismo estrutural da sociedade americana.

Em meio à pandemia, essas manifestações se espalharam por todo o planeta em resposta ao crescimento de injustiças sociais de um sistema político e econômico que concentra renda e dinamita direitos humanos em velocidade avassaladora — massacrando e excluindo minorias.

Nos protestos, novas gerações mostraram não ter compromisso com o que figuras como Trump representam, mas com o fim do racismo, o combate à violência policial, as questões ambientais e os direitos das minorias. Enfim, defenderam os valores mais caros ao melhor da civilização.

Trump não pode ser normalizado. O Brasil é o melhor exemplo do desastre de ter normalizado em 2018 um político de extrema-direita e despreparado.

O melhor para o mundo seria o primeiro mandato de Trump entrar para a história como um acidente de percurso, um erro de uma geração que terá custado caro, mas ainda passível de ser reparado.

Um segundo termo presidencial seria a normalização de um padrão desumano, racista, ignorante e autoritário para chefes de Estado no século 21. A reeleição de Trump daria carta branca ao pior tipo de governante e de governo.

As pesquisas nos Estados Unidos indicam que, hoje, o democrata Joe Biden seria eleito no Colégio Eleitoral. Trump errou nas respostas à pandemia e aos protestos. Dobrou a aposta perante um público para o qual não tem pudor de se exibir como racista, como fez no comício em Tulsa, Oklahoma, no último sábado. Segundo ele, "a maioria silenciosa está mais forte do que nunca". Será uma pena para o planeta se a sua estratégia divisionista estiver certa.

O moderado Joe Biden não é um líder que inspire paixões. Há um quê de picolé de chuchu no democrata. Mas é o que os americanos e o mundo têm para hoje.

Vitória civilizatória, a eleição de Biden seria um marco para todo o planeta, quiçá o começo da derrocada de vários líderes de extrema-direita que chegaram ao poder espalhando fake news, usando as redes sociais para destilar ódio no debate público e solapando as democracias.