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Sem provas, Trump acusa democratas de fraudar votos enviados pelo correio

Do UOL, em São Paulo

05/11/2020 21h07Atualizada em 05/11/2020 23h07

Em pronunciamento que durou aproximadamente 17 minutos na Casa Branca, o presidente Donald Trump, candidato à reeleição na disputa com Joe Biden, voltou a dizer que os votos enviados pelo correio são fraudados. Sem apresentar provas, o republicano afirmou, na noite de hoje, que o envio de votos pelo correio é corrupto e "destruiu o sistema" eleitoral nos Estados Unidos.

Trump culpou os democratas pela suposta fraude no correio e se referiu ao partido como uma "máquina corrupta".

"Se você contar os votos legais, eu ganho facilmente", disse o republicano, que defende uma recontagem dos votos em diferentes estados americanos. "Se você contar os votos ilegais, eles podem tentar nos roubar a eleição."

Desde o início da apuração dos votos, a campanha de Donald Trump vem apontando uma suposta fraude envolvendo cédulas enviadas pelo correio. Mais cedo, uma delegação internacional, que monitora as eleições nos Estados Unidos, afirmou que não há indícios que sustentem as alegações.

Trump aparece atrás no democrata Joe Biden na apuração feita pelos veículos americanos. Segundo o The New York Times, Biden tem até a noite de hoje 253 delegados contra 214 de Donald Trump. A disputa está acirrada nos últimos seis estados. Em dois dos quais Trump lidera - Geórgia e Pensilvânia - ainda faltam contabilizar os votos por correio, que podem favorecer o candidato democrata. Por isso Trump teme a contagem desses votos.

"Na noite da eleição [3 de novembro], estávamos ganhando e milagrosamente nossos números desapareceram", começou Trump. Ele cita o caso da Geórgia, que viu a vantagem republicana diminuir ao longo da semana. "De repente, os democratas encontram votos. Incrível como o voto por correio só favorece um lado."

"Eu disse que os votos por correio seriam um desastre", repetiu o presidente. "É aterrorizante, não podemos deixar isso acontecer com os Estados Unidos."

O presidente já havia falado em fraude nas eleições em seu perfil no Twitter, o que levou diversos de seus apoiadores às ruas para protestar. Com placas de "parem a fraude" e "parem a contagem", manifestantes em estados distintos pedem a interrupção da apuração eleitoral.

'Temos muitas provas'

Mesmo dizendo que perdeu votos devido à suposta fraude, Trump reiterou o discurso de vitória. "Achamos que vamos ganhar a eleição com muita facilidade. Haverá muitos litígios porque temos muitas provas. Isso vai acabar talvez no mais alto tribunal do país", declarou.

Apesar de falar que tem "evidências e provas" para a suposta manipulação na contagem dos votos, o candidato republicano não as apresentou aos jornalistas e saiu sem responder as perguntas.

Durante o seu pronunciamento, Trump defendeu mais uma vez a suspensão da contagem dos votos que "chegam atrasados".

Momentos após o discurso de Trump, o candidato democrata Joe Biden escreveu no Twitter: "Ninguém vai tirar nossa democracia de nós. Nem agora, nem nunca. A América chegou longe demais, lutou muitas batalhas e suportou muito para permitir que isso aconteça".

Críticas à imprensa

O presidente Donald Trump também usou o discurso na Casa Branca para criticar a imprensa, dizendo que há ligação entre o partido dos democratas e a grande mídia. "Todas as pesquisas estavam erradas, eram fingidas para criar uma ilusão de que Biden iria ganhar", afirmou o candidato à reeleição.

Trump também citou uma suposta interferência da imprensa para convencer eleitores a ficar em casa e votar usando cédulas enviadas ao correio. "O processo está sendo muito injusto. Eu previ isso!", disse.

"As pesquisas foram feitas para nos prejudicar e o voto pelo correio tornou as pessoas corruptas, mesmo aquelas que não são por natureza."

Derrotas na Justiça

A campanha de Trump sofreu duas derrotas judiciais hoje: uma em Michigan e outra na Geórgia.

No primeiro estado, a juíza Cynthia Stephens negou um pedido feito pela equipe do republicano para tentar interromper a apuração que definirá o resultado das eleições americanas. A decisão será formalizada por escrito amanhã.

Mais de 98% dos votos já foram computados em Michigan, segundo cálculos da Associated Press. Até as 16h, o democrata Joe Biden aparecia com 50,6%, quase três pontos percentuais a mais do que Trump (47,8%), e já era apontado como vencedor dos 16 delegados do estado.

O caso da Geórgia é semelhante: o juiz James Bass rejeitou o processo aberto pela campanha de Trump para interromper a contagem de votos no estado, onde a disputa é ainda mais acirrada: o atual presidente está apenas 0,3 ponto percentual à frente de Biden.

Em seu recurso, Trump pediu o cumprimento das leis sobre o voto pelo correio, ao levantar suspeitas sobre 53 cédulas que não fariam parte de um lote original. A ação, no entanto, foi indeferida por Bass, do Tribunal Superior do Condado de Chatham, que ainda não deu mais explicações sobre sua decisão.

Na tarde de hoje, o presidente entrou com mais um pedido, desta vez na Filadélfia, para tentar impedir a contagem de votos. A campanha de Trump alega que o Conselho Eleitoral do condado não está obedecendo a uma ordem do tribunal de apelações estadual para permitir que observadores possam se aproximar das mesas de contagem.

"[O Conselho] está estudando a ordem há mais de uma hora e meia, enquanto a contagem continua sem nenhum republicano presente", diz o processo, de acordo com informações da NBC News.

Neste caso, a equipe do republicano, que busca a reeleição, tenta conseguir uma liminar de emergência para interromper a contagem até que os observadores republicanos tenham acesso liberado.

Estado-chave para os democratas, a Pensilvânia é um dos estados que contou com atrasos na apuração das urnas. O resultado garante ao vencedor 20 votos.