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Ucrânia: Putin e Macron concordam em buscar solução diplomática

Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin (à esquerda), e da França, Emmanuel Macron (à direita) - Mikhail Klimentyev/Gonzalo Fuentes/AFP
Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin (à esquerda), e da França, Emmanuel Macron (à direita) Imagem: Mikhail Klimentyev/Gonzalo Fuentes/AFP

Colaboração para o UOL

20/02/2022 12h44Atualizada em 20/02/2022 13h14

O presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente francês, Emmanuel Macron, concordaram em trabalhar para encontrar uma solução diplomática e evitar um conflito na Ucrânia, segundo comunicado divulgado pelo governo francês. Os dois líderes conversaram por telefone na manhã de hoje.

De acordo com o comunicado, os líderes concordaram em "intenso trabalho" para permitir que uma reunião trilateral seja realizada nas próximas horas "com o objetivo de obter um compromisso de todas as partes para um cessar-fogo na linha de contato."

Os dois líderes entendem que há "necessidade de dar prioridade a uma solução diplomática para a crise atual e fazer todo o possível para alcançá-la", disse o comunicado.

Segundo o governo francês, o ministro da Europa e dos Negócios Estrangeiros, Jean-Yves Le Drian, deve se encontrar em Paris com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov

As negociações devem "permitir avançar" para se chegar a uma "reunião ao mais alto nível com vista à definição de uma nova ordem de paz e segurança na Europa", refere o comunicado.

"Para realizar este trabalho em condições sérias, os dois chefes de Estado se comprometeram firmemente a tomar todas as medidas úteis para evitar a escalada (da tensão entre Rússia e Ucrânia), reduzir os riscos e preservar a paz", concluiu.

Já Putin culpou hoje as "provocações" do governo ucraniano pela escalada dos confrontos com os separatistas no leste da Ucrânia e disse que quer "intensificar" os esforços diplomáticos para resolver o conflito.

De acordo com o Kremlin, Putin também pediu, durante o telefonema com Macron para que a Otan e os Estados Unidos "levem a sério as exigências de segurança da Rússia".

"Foram manifestadas sérias preocupações com a acentuada deterioração da situação ao longo da linha de contato em Donbas", informou e o Kremlin em comunicado, acrescentando que Putin "apontou que as provocações das forças de segurança ucranianas estavam por trás da escalada".

O presidente russo também disse que as entregas ocidentais de armas e munições modernas para as forças ucranianas estão "empurrando Kiev para uma solução militar" em seu conflito com os separatistas pró-russos, que começou em 2014.

Ucrânia promete não reagir a 'provocações'

Macron também conversou ontem e hoje com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. A ligação de hoje ocorreu após o telefonema para Putin.

No contato, Zelensky se comprometer a não reagir às "provocações" russas e de respeitar o cessar-fogo. Macron elogiou a frieza e a determinação de Zelensky em evitar um possível conflito.

Em comunicado, o governo francês disse que os contatos "contribuem para os esforços" de Macron, em estreita coordenação com os seus parceiros europeus e seus aliados, para "manter saídas da crise através do diálogo e da diplomacia".

"Os europeus e aliados da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) continuam a acompanhar de perto a evolução da situação e a coordenar os meios de pressão e dissuasão necessários", finalizou o comunicado do governo francês.

Rússia e Belarus seguem com exercícios militares

As conversas entre os presidentes ocorrem em paralelo ao anúncio feito pelo governo de Belarus sobre a continuidade de exercícios militares conjuntos com a Rússia, apesar da previsão do encerramento para hoje.

"Em conexão com o aumento na atividade militar perto das fronteiras externas do país e o agravamento da situação em Donbass, os presidentes de Belarus e da Federação Russa decidiram continuar testando a resposta das forças do Estado", disse Khrenin em pronunciamento, que também foi publicado pela pasta em um canal do Telegram.

O anúncio de Belarus acontece em meio ao acirramento das tensões no leste europeu e o temor do Ocidente que a Rússia invada a Ucrânia. A Rússia teria reunido um contingente de 150 mil homens nas fronteiras com o país.

Moscou nega qualquer plano nesse sentido, mas pede "garantias" para sua segurança, em particular a promessa de que Kiev nunca ingressará na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), e multiplicou os exercícios militares na região.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse ontem em entrevista que "todos os sinais indicam que a Rússia está planejando um ataque total à Ucrânia".

Moscou alega estar retirando soldados das fronteiras com a Ucrânia, mas países da Otan enxergam as declarações com ceticismo. Tanto Stoltenberg quanto o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, acreditam que o país liderado por Vladimir Putin está provocando tensão em regiões separatistas para criar uma oportunidade de ataque à Ucrânia.

Explosões e mortes na Ucrânia

Moradores do centro da cidade de Donetsk, controlada pelos separatistas, no leste da Ucrânia, disseram ter ouvido diversas explosões na noite deste sábado e início de domingo (horário local) no país, segundo a agência de notícias Reuters.

Ainda não há informações sobre a origem das explosões — as autoridades separatistas locais e o governo ucraniano ainda não se pronunciaram sobre as supostas explosões.

Dois soldados ucranianos também foram mortos neste sábado (19) na linha de frente dos conflitos com separatistas pró-Moscou, no leste da Ucrânia. Outros quatro soldados ficaram feridos e estão hospitalizados, informou o Exército ucraniano em um comunicado, em que acusa os rebeldes de liderarem os bombardeios e de terem cometido 70 violações da trégua que deveria estar em vigor.

Embaixada brasileira na Ucrânia pede atenção

Em meio à crise na Ucrânia, a embaixada do Brasil no país também pediu que os brasileiros "redobrem a atenção" e evitem visitas às províncias de Donetsk e Luhansk, que fazem fronteira com a Rússia.

"Aconselha-se aos cidadãos que já estejam nessas regiões que considerem deixá-las sem demora", diz o comunicado.

Segundo a embaixada, as recomendações foram feitas "no contexto do aumento das violações de cessar-fogo registradas na linha de contato no leste da Ucrânia".

*Com Lucas Valença, do UOL, em Brasília, AFP e Reuters