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Putin: Entrada do Exército na Ucrânia dependerá da situação 'no terreno'

Do UOL*, em São Paulo

22/02/2022 12h50

O presidente russo Vladimir Putin afirmou nesta tarde que a entrada do Exército na Ucrânia "dependerá da situação do terreno". Ele disse ainda que a "melhor solução" para acabar com a crise seria Kiev desistir de seu desejo de se juntar à Otan (Organização do Tratado Atlântico Norte), mas que acordos de paz "já não existem".

A Otan afirmou que a Rússia planeja um ataque de grande escala na região: "Tudo sugere que a Rússia está planejando um ataque maciço na Ucrânia" depois de enviar tropas para os territórios separatistas pró-russos de Donbas, no leste do país, disse o secretário-geral do órgão, JensStoltenberg, após uma reunião extraordinária da comissão OTAN-Ucrânia na sede da Aliança em Bruxelas.

Aprovação do Parlamento

O Parlamento da Rússia ratificou hoje o documento assinado pelo presidente Vladimir Putin para defender os separatistas do leste da Ucrânia após o reconhecimento ontem das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk e autorização para enviar militares russos a esses locais. O acordo, que terá duração de dez anos, eleva a tensão na região. A Otan (Organização do Tratado Atlântico Norte) afirmou estar em alerta para um ataque "de grande envergadura" da Rússia na Ucrânia.

"O reconhecimento da independência das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk e a ratificação dos acordos de amizade, cooperação e ajuda devem pôr fim ao conflito, à morte dos nossos concidadãos que ali vivem", declarou o presidente da Duma (Câmara Baixa russa), Viacheslav Volodin.

Os deputados aprovaram os dois textos por unanimidade, com 400 votos a favor em um caso, e 399, no outro. Neste último, um dos membros da Casa não apertou o botão para votar a tempo. Na sequência, os deputados aplaudiram de pé.

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Pouco depois, os membros da Câmara Alta, o Conselho da Federação, seguiram a mesma direção, aprovando ambos os textos. "Esta é uma decisão há muito tempo esperada", afirmou a presidente do Conselho, Valentina Matviyenko, após a votação."A ratificação desses acordos abre uma nova vida, dá novas possibilidades aos moradores de Donetsk e Lugansk".

Sem intenções 'por enquanto'

Embora Putin tenha pedido à Câmara Alta do Parlamento autorização para o envio de militares, a Rússia não tem, segundo o vice-chanceler Andrei Rudenko a intenção, "por enquanto", de enviar tropas para as regiões separatistas do leste da Ucrânia, mas fará isso se houver "uma ameaça".

"A ajuda militar está prevista no acordo (com os separatistas), mas não vamos especular. Por enquanto, não vamos mandar ninguém para parte alguma", disse. "Se houver uma ameaça, então, é claro, daremos nossa ajuda, segundo o acordo que foi ratificado."

Repúdio e reunião de emergência

A decisão de Putin gerou uma onda de repúdio dos países ocidentais. Ontem à noite, uma reunião de emergência foi convocada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) para discutir a crise. Na ocasião, a embaixadora dos Estados Unidos no órgão chamou de "absurda" a afirmação de Putin de que o envio de tropas às regiões separatistas da Ucrânia são forças de paz.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, anunciou hoje sanções contra cinco bancos e três oligarcas russos. A Alemanha, por sua vez, interrompeu o projeto do gasoduto Nord Stream 2 no Mar Báltico, planejado para dobrar o fluxo proveniente da Rússia.

Os EUA devem detalhar hoje as medidas contra o país. Segundo a diplomata de alto escalão dos Estados Unidos na Ucrânia, Kristina Kvien, as ações de Putin ameaçam a ordem global e se baseiam em declarações "delirantes".

"Todos nós ouvimos o discurso que o presidente Putin fez ontem. Suas declarações ultrajantes sobre a Ucrânia e o povo ucraniano são delirantes, refletindo uma visão distorcida que lembra não um líder global, mas um dos piores autoritários da Europa", disse Kvien.

Reação da Ucrânia

A Ucrânia está avaliando a possibilidade de cortar relações diplomáticas com a Rússia, disse hoje o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em entrevista coletiva.

"Recebi um pedido do Ministério das Relações Exteriores a respeito e estou examinando a possibilidade", disse Zelensky em entrevista coletiva concedida nesta manhã.

A Rússia, porém, manifestou contrariedade com a possibilidade de a Ucrânia adotar a ação, dizendo que um cenário sem relações diplomáticas entre os dois países é "extremamente indesejável".

"O rompimento das relações diplomáticas seria um cenário extremamente indesejável, o que só tornaria tudo ainda mais difícil não só para os estados, mas também para seus povos", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em registro da agência russa de notícias TASS.

* Com informações da AFP e Reuters