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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Ucrânia quer que Brasil imponha sanções econômicas à Rússia

O diplomata Anatoliy Tkach cobra posicionamento a favor do país - Divulgação
O diplomata Anatoliy Tkach cobra posicionamento a favor do país Imagem: Divulgação

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

25/02/2022 18h20Atualizada em 25/02/2022 18h58

A Ucrânia quer que o Brasil imponha sanções econômicas à Rússia numa tentativa de minar os recursos financeiros do país por causa da guerra. A declaração foi dada hoje (25) à tarde à imprensa pelo encarregado de negócios da Embaixada ucraniana no Brasil, Anatoliy Tkach.

Sanções econômicas e restrições de exportações à Rússia vêm sendo discutidas e pactuadas pelos Estados Unidos, pelo Reino Unido e pela União Europeia. Há dúvidas, porém, se as medidas terão realmente efeitos práticos. Até o momento, o conflito apenas se agravou.

Anatoliy Tkach também reforçou esperar que o Brasil condene oficialmente a Rússia pela guerra. Uma possibilidade é que isso seja feito ainda hoje em reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Na avaliação de Anatoliy Tkach, já se sabe quem é o responsável por ter iniciado os ataques e a situação agora não é apenas de "apoiar um país ou outro", mas de apoiar "os valores democráticos".

"Todos estão observando qual será a posição do Brasil na votação da resolução [do Conselho de Segurança], porque essa vai ser a posição oficial do Brasil", declarou.

"Esperamos do Brasil as declarações mais fortes de condenação das ações da Rússia e gostaríamos de contar também com as sanções impostas pelo Brasil. Porque, neste momento, é importante que o mundo seja unido. Só unidos é que conseguimos acabar com essa guerra", completou.

O Itamaraty repudiou a guerra e a escalada da violência. Pregou a paz e uma solução diplomática. Porém, não chegou a condenar um lado.

O posicionamento segue uma tendência de neutralidade na política externa brasileira, mas, no Congresso, há quem veja uma excessiva passividade do governo brasileiro diante da situação, ainda mais por motivos político-eleitorais do presidente Jair Bolsonaro (PL).

O mandatário tem evitado falar sobre o conflito e muito menos condenar a Rússia. Na semana passada, antes de a guerra começar, o presidente brasileiro visitou Putin em Moscou e se disse "solidário à Rússia", sem explicar o contexto. Ele ainda disse que Putin é uma "pessoa que busca a paz".

Ontem, inclusive, desautorizou o vice-presidente, Hamilton Mourão, por ter criticado a Rússia explicitamente. Na ocasião, Mourão comparou o presidente russo, Vladimir Putin, ao ditador alemão Adolf Hitler. A atitude de Bolsonaro causou surpresa em parlamentares brasileiros, por mais que nem todos apoiem que o Brasil condene oficialmente a Rússia pela guerra.

Se o governo tem resistido a condenar a Rússia, outro fator que torna uma eventual aplicação de sanções econômicas ainda menos provável é o comércio significativo entre o país euroasiático e a agricultura brasileira, em especial com a importação de fertilizantes para o Brasil.

'Catástrofe ambiental'

O diplomata Anatoliy Tkach disse que foram detectados "níveis de radiação mais altos do que o normal" na região de Chernobyl, tomada pelo exército russo, de acordo com o governo ucraniano. Segundo ele, a situação pode levar a uma "catástrofe ambiental maior".

"Acreditamos, já que não temos acesso ao território, que foi provocado pelo movimento de equipamentos militares russos pesados a liberação da poeira radioativa [para o ar]", informou.