Bolsonaro diz que vai liberar entrada de ucranianos no Brasil

O presidente Jair Bolsonaro disse hoje que a vinda de ucranianos para o Brasil será aberta, via visto humanitário — categoria de visto especial, que pode ser concedida pelo país em situações de crise humanitária. A Ucrânia está sob ataque da Rússia desde 24 de fevereiro, levando milhares de pessoas a deixar o país.

"Queremos o melhor, a paz. Acabei de conversar com o ministro [das Relações Exteriores] Carlos França e vamos abrir a possibilidade de ucranianos virem para o Brasil via visto humanitário, que é mais fácil", disse Bolsonaro em entrevista para o programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan.

A medida precisa ser formalizada no Diário Oficial da União. Em outras ocasiões, o Brasil já adotou medidas semelhantes, recebendo imigrantes haitianos, refugiados sírios e, mais recentemente, afegãos, também com visto humanitário.

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Países europeus também abriram portas para receber refugiados ucranianos.

Por outro lado, na mesma entrevista, Bolsonaro voltou a defender a neutralidade do Brasil diante da invasão da Ucrânia pela Rússia, posição que tem gerado críticas internacionais ao Brasil. Segundo o presidente, o agronegócio brasileiro pode ser prejudicado por sanções à Rússia, por importar fertilizante do país.

"Não queremos naufragar na questão do agronegócio e pretendemos resolver pacificamente o outro lado. Tem que estudar o que aconteceu com os dois países no passado. Não vou dar palpite nesta questão", afirmou.

Crítica à posição de Bolsonaro

O presidente da Representação Central Ucraniano Brasileira, Vitorio Sorotiuk, criticou a postura de Bolsonaro.

"O nosso desejo é que não existissem refugiados ucranianos. A gente quer mais do Brasil. Que Bolsonaro adote uma posição mais pró-ativa para evitar a guerra. A neutralidade leva Bolsonaro a apoiar [o presidente da Rússia Vladimir] Putin", diz Sorotiuk.

"Queremos que Bolsonaro adote mesma a posição do restante do mundo, de condenar o regime de Putin. Ele [Bolsonaro] que fique do lado do povo ucraniano e do povo russo, porque o povo russo não apoia a guerra de Putin", fala Sorotiuk.

A Representação Central Ucraniano Brasileira também está se mobilizando para, se necessário, dar apoio a refugiados ucranianos que queiram vir ao Brasil. Até agora, apenas uma família ucraniana procurou o grupo.

"Ainda há tempo [de Bolsonaro] mudar o rumo. Agradecemos aos presidenciáveis Ciro Gomes, Sergio Moro, João Doria e Luiz Inacio Lula da Silva, que se declararam contra a guerra e contra a agressão", diz Sorotiuk.