Funcionários de Chernobyl trabalham há 13 dias sem pausas, diz ONU

Cerca de 210 funcionários da usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, estão trabalhando ininterruptamente há 13 dias, desde que a Rússia invadiu o local em meio à guerra. A AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) diz que a informação foi encaminhada pelos ucranianos.

Quando os russos chegaram, funcionários técnicos e guardas já estavam trabalhando na usina há um dia. A Ucrânia informou à agência da ONU (Organização das Nações Unidas) que esses trabalhadores têm acesso limitado a alimentos, água e remédios.

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O diretor-geral da AIEA, Rafael Mariano Grossi, ressaltou que os responsáveis por operar instalações nucleares precisam descansar e trabalhar em turnos regulares, caso contrário, a segurança nuclear geral também é colocada em risco.

"Estou profundamente preocupado com a situação difícil e estressante que os funcionários da usina nuclear de Chernobyl enfrentam e os riscos potenciais que isso acarreta para a segurança nuclear. Apelo às forças no controle efetivo do local para facilitar urgentemente a rotação segura do pessoal lá", disse Grossi.

Segundo comunicado da agência da ONU, o manuseio de material nuclear na usina foi suspenso temporariamente.

O diretor-geral da AIEA sugeriu viajar até a central nuclear de Chernobyl para garantir a segurança das instalações nucleares da Ucrânia em meio ao conflito. Segundo a agência, a transmissão remota de dados dos sistemas de monitoramento instalados na central foi perdida.

Rússia disposta a trocar funcionários de turno

Reportagem da BBC entrou em contato com um familiar de um dos trabalhadores da usina de Chernobyl. Segundo ele, a Rússia disse estar disposta a trocar de turno, mas afirmou que não podia garantir a segurança na volta para casa nem dos trabalhadores que viajariam para substituir os colegas.

No domingo, segundo a emissora britânica, os russos que estão no local ofereceram uma entrega de comida, mas os trabalhadores ucranianos recusaram, dizendo que era um golpe de propaganda.

As instalações não estão preparadas para dormir, então foram criados dormitórios temporários, com alguns dormindo em camas e mesas de acampamento, outros no chão.

Os trabalhadores se dividiram por conta própria em turnos, com um grupo trabalhando enquanto o outro descansa na própria usina.

EUA alertou sobre 'prisão' de ucranianos na usina

No último dia 4, a representante dos EUA, Linda Thomas-Greenfield, disse, durante o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), que desde a tomada russa da usina nuclear de Chernobyl, funcionários do local não tiveram trocas de turno. A usina foi tomada pelas tropas russas no primeiro dia de conflito entre Rússia e Ucrânia.

"Os EUA continuam extremamente preocupados, já que as forças russas não têm permitido uma troca de turno, isso traz preocupação em ambas as instalações", disse a representante dos Estados Unidos.

Segundo Thomas-Greenfield, os funcionários estão trabalhando sob "extrema coação". A representante dos EUA pediu ainda que a Rússia retire suas tropas das usina para garantir que os operadores tenham acesso total ao local.