AIEA diz ter perdido comunicação com usinas de Chernobyl e Zaporizhzhia
A AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) disse, nesta quarta-feira (8), que perdeu o contato com as usinas nucleares ucranianas de Chernobyl (ao norte do país) e Zaporizhzhia (ao sul). As duas usinas estão ocupadas por militares da Rússia, diante da guerra do país comandado por Vladimir Putin com a Ucrânia.
Mais cedo, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, afirmou que, para "evitar provocações nucleares por Kiev", o país assumiu o controle tanto de Chernobyl, quanto de Zaporizhzhia, a maior usina nuclear da Europa.
De acordo com a AIEA, os motivos para "interrupção na transmissão de dados de salvaguardas" das duas usinas não estão claros. A agência informou que segue recebendo informações das outras três usinas ucranianas, além das demais espalhadas pelo mundo.
"A transmissão remota de dados de equipamentos de salvaguardas da AIEA localizados em instalações nucleares em todo o mundo é um componente importante de nossa implementação de salvaguardas, na Ucrânia e globalmente", disse o diretor geral da AIEA, Rafael Mariano Grossi. "Esses sistemas estão instalados em várias instalações na Ucrânia, incluindo todas as usinas nucleares, e nos permitem monitorar material nuclear e atividades nesses locais quando nossos inspetores não estão presentes".
A AIEA afirma que Zaporizhzhya agora tem duas das suas quatro linhas de energia, mais um backup, em operação.
Chernobyl sem luz
A agência alerta também para consequências por causa da falta de energia elétrica em Chernobyl. De acordo com Energoatom, companhia que opera as quatro usinas nucleares da Ucrânia, a falha no fornecimento de energia pode fazer com que o combustível nuclear estocado em Chernobyl aqueça e emita radiação pela Europa.
"A falta de energia externa em Chornobyl provavelmente levará a uma maior deterioração da segurança operacional da radiação no local e criará estresse adicional para cerca de 210 especialistas técnicos e guardas", alertou Grossi. "Dia a dia, estamos vendo uma situação cada vez pior na central nuclear de Chornobyl, especialmente para a segurança da radiação e para a equipe que gerencia a instalação em circunstâncias extremamente difíceis e desafiadoras".
Sobre a operação das usinas ucranianas, a AIEA afirmou que oito dos 15 reatores nucleares do país —incluindo dois em Zaporizhzhya— continuam funcionando. Os níveis de radiação até então são normais.
Linhas danificadas em Zaporizhzhya
A agência diz ter sido notificada pelo governo ucraniano de que duas das quatro linhas de transmissão de Zaporizhzhya estão danificadas. Além disso, o transformador de uma das unidades foi retirado e estava passando por reparos após ter seu sistema de refrigeração danificado depois do ataque ao local pelos russos, em 4 de março.
Por causa dos acontecimentos na Ucrânia, o diretor-geral da AIEA viajará à Turquia nesta quinta-feira (10) para tratar da questão.
"Em reuniões lá, espero progredir na questão urgente de garantir a segurança das instalações nucleares da Ucrânia. Precisamos agir agora", disse Grossi.
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