Ataque russo deixa ao menos 21 mortos em Merefa, diz Ucrânia
Ao menos 21 pessoas morreram e 25 ficaram feridas hoje (17) em um bombardeio russo na cidade de Merefa, na região leste da Ucrânia, informou o MP (Ministério Público) regional. O conflito chega ao 22º dia, quarto seguido de negociações. A divulgação de um suposto plano de paz gerou irritações em autoridades ucranianas.
Disparos de artilharia atingiram uma escola e um centro cultural de Merefa, que fica perto de Kharkiv, segunda maior cidade ucraniana, anunciou o MP. Entre os feridos, dez estão em situação crítica. Em Chernihiv, no norte do país, outros quatro civis foram mortos em ataques.
Na quarta semana de guerra, hoje houve novos ataques à capital, Kiev. Segundo informações iniciais, dois prédios residenciais foram atingidos e ao menos uma pessoa morreu. O governo ainda avalia a situação na cidade portuária de Mariupol, que teve um teatro bombardeado ontem (16). Segundo os ucranianos, civis estavam no local, que tinha a palavra "criança" escrita do lado de fora; detalhes sobre o ocorrido ainda não estão claros e autoridades do país falam em sobreviventes (leia mais abaixo).
O governo da Ucrânia anunciou que foram acordadas nove novas rotas de evacuação de pessoas saindo de diferentes cidades sitiadas por tropas russas, incluindo Mariupol.
Os corredores são áreas não ocupadas por forças militares e funcionam como uma forma de acesso legal dos civis a zonas fora da guerra. Eles são projetados para permitir o transporte seguro de ajuda humanitária para as cidades e a saída segura para moradores que desejam fugir.
Segundo informações da ONU (Organização das Nações Unidas), mais de 3 milhões de pessoas já deixaram o país desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro.
Negociações para o fim do conflito
Representantes da Rússia e da Ucrânia já se encontraram algumas vezes para negociar acordos, mas os dois lados continuam trocando acusações.
Segundo o jornal Financial Times, Ucrânia e Rússia teriam chegado a um plano com 15 pontos, que envolveriam questões como cessar-fogo, saída do exército russo e neutralidade ucraniana, entre outros.
Ontem, Mykhailo Podolyak, negociador ucraniano e conselheiro presidencial, já havia dito que eles representavam o lado russo, "nada mais". "A única coisa que confirmamos nesta fase é um cessar-fogo, a retirada das tropas russas e garantias de segurança de vários países", disse.
Nesta quinta, Podolyak ligou a divulgação do plano a uma tentativa de desestabilizar o governo ucraniano. "Daí os constantes 'vazamentos' para a mídia estrangeira de vários planos, ideias, incluindo 'posições de negociação' russas", comentou. "Hoje, sua tarefa básica é óbvia: induzindo medo —entre a população civil—, pânico, bem como por meio de uma campanha massiva de falsa propaganda para provocar uma crise administrativa interna."
O governo russo, hoje, disse que está colocando uma energia colossal em negociações sobre um possível acordo de paz com a Ucrânia, que poderia rapidamente encerrar a "operação militar" russa naquele país.
A Rússia também disse rejeitar a decisão da CIJ (Corte Internacional de Justiça), o mais importante tribunal da ONU, que ordenou o fim, imediato, às ações na Ucrânia. "Não podemos levar esta decisão em consideração", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, ressaltando que ambos os lados, Rússia e Ucrânia, precisam estar de acordo para que esta decisão seja aplicada.
Abrigo em Mariupol
Segundo um parlamentar ucraniano, o abrigo antibomba que teria abrigado civis no prédio do teatro atingido em Mariupol resistiu.
"Depois de uma terrível noite de incertezas, na manhã do 22º dia da guerra, finalmente, boas notícias de Mariupol. O abrigo antibombas resistiu. Os escombros começaram a ser desmontados, as pessoas estão saindo vivas", escreveu Sergiy Taruta nas redes sociais. Liudmyla Denisova, comissária de direitos humanos do parlamento ucraniano, disse que "adultos e crianças vivos estão saindo de lá".
Outras fontes ucranianas, também sem dar números, confirmam haver sobreviventes. Ainda não há informações oficiais sobre quantas pessoas estavam no prédio no momento do ataque.
"A situação é catastrófica [em Mariupol], a situação é horrível lá. Até o momento, não temos informações mais ou menos estáveis, que possam ser reportadas ao país. Infelizmente, a situação é extremamente difícil lá", disse Vadym Denysenko, assessor do Ministério de Assuntos Internos da Ucrânia, em relato da plataforma Ukrinform.
Hoje, o Ministério da Defesa da Rússia divulgou uma mensagem em que atribui p ataque ao teatro a uma organização paramilitar ucraniana, dizendo que "enquanto recuavam, explodiram o teatro da cidade, onde havia civis". Não é possível checar a informação, mas alvos civis têm sido atingidos por mísseis russos.
Kiev atacada
Enquanto isso, a Prefeitura de Kiev disse que a cidade teve "uma noite bastante estressante em 17 de março". "Dois prédios residenciais de vários andares foram danificados no distrito de Darnytsky devido a bombardeio."
Além da morte de uma pessoa, quatro ficaram feridas, sendo que duas precisaram ser hospitalizadas, segundo as autoridades.
Mortos em Chernihiv
Às 15h30 no horário local (9h30 no horário da Brasília), outro ataque russo deixou pelo menos quatro civis mortos na cidade de Chernihiv, no norte da Ucrânia. De acordo com o Gabinete da Procuradoria Regional, os mísseis atingiram uma loja no centro da cidade.
O número de feridos não foi divulgado.
Rússia diz ter atacado armazém militar
O Ministério da Defesa russo afirmou hoje que seu exército atacou um armazém militar das Forças Armadas da Ucrânia na região de Rivne, que fica cerca de 340 quilômetros a oeste de Kiev.
"Instalações de armazenamento com mísseis e munições foram destruídas, incluindo mísseis para o complexo tático Tochka-U", diz o comunicado.
Já o Ministério da Defesa da Ucrânia diz que "o inimigo, sem sucesso na condução de uma operação terrestre, continua a lançar mísseis e bombardeios contra a infraestrutura e áreas densamente povoadas das cidades ucranianas".
Zelensky quer "muro" derrubado
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu hoje à Alemanha que derrube o novo "muro" que está sendo erguido na Europa "contra a liberdade" desde a invasão da Ucrânia por parte da Rússia.
"Não é um muro de Berlim, é um muro na Europa Central entre a liberdade e a escravidão e este muro está ficando maior a cada bomba lançada sobre a Ucrânia", disse Zelensky em uma mensagem de vídeo exibida no Parlamento alemão.
Já ao Parlamento Europeu, o ministro ucraniano da Defesa, Oleksiy Reznikov, pediu que considerem o presidente russo, Vladimir Putin, um "criminoso de guerra" e que o bloco aumente seu apoio à Ucrânia. "Não é apenas uma guerra. É terrorismo de Estado. O Exército regular do agressor está aniquilando, conscientemente, a população civil", disse Reznikov aos eurodeputados, por videoconferência.
"Traidores nacionais"
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, criticou os russos pró-Ocidente e os classificou de "traidores nacionais".
"O Ocidente tentará confiar na chamada quinta coluna, nos traidores nacionais, naqueles que ganham dinheiro aqui conosco, mas vivem lá. E quero dizer 'viver lá' nem mesmo no sentido geográfico da palavra, mas de acordo com seus pensamentos, sua consciência servil", disse Putin em discurso transmitido pela televisão.
HRW critica ucranianos
A organização HRW (Human Rights Watch) exigiu que a Ucrânia pare de exibir publicamente os prisioneiros de guerra russos, ao destacar que isto viola as convenções de Genebra. "As autoridades ucranianas devem parar de postar nas redes sociais e de mensagens vídeos de soldados russos prisioneiros para expô-los em público, em especial os que são humilhantes ou ameaçadores", afirmou a HRW em um comunicado.
China não atacará Ucrânia
O principal diplomata chinês em território ucraniano disse que a China "nunca atacará a Ucrânia", de acordo com um comunicado à imprensa do governo regional de Lviv, no oeste ucraniano.
"Ajudaremos, especialmente economicamente... Nesta situação, que você tem agora, agiremos com responsabilidade", disse o embaixador da China na Ucrânia, Fan Xianrong, a Maksym Kozytsky, chefe da administração militar regional em Lviv, durante um encontro.
(Com Reuters e AFP)
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