Em estádio cheio, Putin discursa sobre guerra: 'Nunca tivemos tanta força'
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, discursou hoje (18) em um estádio lotado em Moscou, capital russa, sobre a guerra na Ucrânia: "Nunca tivemos tanta força". O pronunciamento marca o oitavo aniversário da anexação da península Crimeia pela Rússia —que ocorreu em 2014.
A polícia de Moscou diz que mais de 200 mil pessoas acompanharam o discurso do presidente Putin —95 mil nas arquibancadas e mais de 100 mil nos arredores do Estádio Luzhniki, onde foi realizada a final da Copa do Mundo de 2018. Nos leitreiros, os dizerem pró-guerra: "Por um mundo sem nazismo. Pela Rússia."
Após o discurso, uma banda começou a tocar e os russos presentes nas arquibancadas gritaram o nome do país.
Putin também exaltou o que chama de "operação especial" para combater pessoas definidas como nacionalistas perigosos em território ucraniano. Hoje, o conflito entrou no 23º dia, com novos registros de ataques pela Ucrânia, inclusive no oeste do país.
Nós vemos como está sendo heroica a ação dos nossos militares nessa operação. Eles estão sendo como um irmão de verdade, protegendo o outro contra balas com o próprio corpo."
Vladimir Putin
No estádio, milhares de pessoas agitavam bandeiras da Rússia, fazendo cânticos nacionalistas e exibindo a letra "Z" no estádio Luzhniki. A letra passou a ser estampada em equipamentos das Forças Armadas russas e virou símbolo dos apoiadores da guerra.
A guerra completou hoje 23 dias, após Putin enviar, em 24 de fevereiro, dezenas de milhares de soldados para a Ucrânia em um esforço para destruir as capacidades militares do país vizinho. As forças ucranianas montaram uma acirrada resistência e o Ocidente impôs pesadas sanções à Rússia na tentativa de forçá-la a retirar suas tropas da Ucrânia.
Com um tom triunfalista, Putin também disse ter salvado a Crimeia da "degradação e do abandono" e que a população da península "colocou um obstáculo ao nacionalismo e ao nazismo que continuam existindo no Donbass", região de maioria étnica russa no leste da Ucrânia —já tomada por Moscou.
"Foram vítimas de ataques aéreos [na Crimeia], e nós chamamos isso de genocídio. Evitar isso é o objetivo da nossa operação militar", acrescentou o presidente, em referência à invasão à Ucrânia.
A Rússia exige a desmilitarização da Ucrânia, o compromisso de o país não entrar para a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e o reconhecimento da anexação da Crimeia e da soberania do Donbass.
- Veja essa e mais as notícias do dia no UOL News com Fabíola Cidral:
Ataques em Kiev e Lviv
Hoje, os ucranianos registraram novos ataques a regiões residenciais da capital Kiev e a uma área próxima ao aeroporto de Lviv, perto da fronteira com a Polônia (leia mais abaixo).
O Ministério da Defesa da Ucrânia disse que a Rússia tem apelado para "medidas extremas" após perder recursos e pessoal na guerra.
"Eles estão realizando uma mobilização secreta", disse o governo, em comunicado, hoje, citando a atração de "voluntários" e também de "mercenários" da Síria.
Os russos, por sua vez, dizem estar "apertando o cerco" a Mariupol —cidade no sul da Ucrânia que teve 80% de suas residências destruídas e alvo de constantes ataques— com o apoio de separatistas do leste ucraniano.
Brasil não vai "dançar ao som dos Estados Unidos", diz Lavrov
O ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse hoje que o Brasil não vai "dançar ao som dos Estados Unidos". A declaração, segundo a agência de notícias russa Tass, foi dada em entrevista ao veículo de comunicação RT, ligado ao governo russo.
Na fala, Lavrov reclamava de sanções aplicadas pelos americanos e pela Europa contra a Rússia em razão da guerra que o país promove contra a Ucrânia.
A Tass escreveu que Lavrov declarou que "vários países, incluindo China, Índia, Brasil, México, não dançarão ao som dos Estados Unidos".
O ministro havia apontado que "a Europa praticamente parou de tentar defender sua independência diante dos Estados Unidos", segundo relato da agência. Para ele, a pressão das sanções sobre o governo do presidente russo, Vladimir Putin, continuará, mas a Rússia está acostumada com isso —a Ucrânia, inclusive, está discutindo novas sanções à Rússia com a União Europeia.
Há jogadores que nunca concordarão com a existência de uma 'aldeia global' sob a liderança de um 'xerife' da América --são China, Índia, Brasil, México. Tio Sam vai dizer para eles fazerem isso."
Sergei Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia
O presidente Jair Bolsonaro (PL) visitou Putin poucos dias antes de o russo iniciar a invasão ao território ucraniano. O Brasil tem se colocado neutro no conflito entre Rússia e Ucrânia.
Na quarta-feira (16), modificou sua posição nas votações do sistema da ONU (Organização das Nações Unidas) e optou por se abster em uma resolução contra a Rússia. Esta semana, o Brasil também optou por não se somar a uma aliança contra a Rússia na OMC (Organização Mundial do Comércio).
"Deve-se dizer que a Rússia não é de forma alguma um dos países que estaria pronto para saudá-la", acrescentou Lavrov. Para ele, "os Estados Unidos estão lutando por um mundo unipolar".
"Não será uma 'aldeia global', será uma 'aldeia americana', talvez um salão americano onde todos dançam ao som dos mais fortes."
EUA e China conversam sobre a guerra
Hoje, a ONU disse que há uma diminuição no ritmo da saída da população da Ucrânia, mas também alertou para a ameaça da fome no país. Enquanto o conflito ainda acontece, lideranças internacionais tentam interceder para o seu fim. Hoje, os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da China, Xi Jinping, conversaram sobre a situação.
De acordo com a Folha de S. Paulo, na conversa, que durou cerca de duas horas, Xi teria criticado as sanções econômicas impostas à Rússia, de quem é aliado e defendeu o fim rápido do conflito. Para a chancelaria chinesa, os dois países têm a responsabilidade para trabalhar e garantir a paz mundial.
A China diz respeitar "soberania e integridade territorial de todos"; o governo chinês, porém, foi criticado pela Ucrânia por se mostrar contra o envio de armas ao país. Já o presidente americano, Joe Biden, foi alvo de críticas por parte do governo russo.
Em conversa com o governo alemão, Putin disse que a Ucrânia estaria travando as negociações de paz. A Alemanha fez um apelo por um cessar-fogo imediato.
Mísseis em Lviv
O prefeito de Lviv, Andriy Sadovyi, disse que uma fábrica de reparos de aeronaves que fica perto do aeroporto da cidade foi destruída pelo ataque, mas o terminal não foi atingido. Sadovyi afirmou ainda nas redes sociais que o trabalho na fábrica havia parado antes que os mísseis atingissem o local e não houve relatos de vítimas.
Segundo o Comando Aéreo "Oeste" da Força Aérea da Ucrânia, seis mísseis de cruzeiro foram lançados, "provavelmente, do Mar Negro". "Dois mísseis foram destruídos por mísseis antiaéreos do Comando Aéreo Oeste", diz comunicado do órgão. O Mar Negro está a cerca de 800 quilômetros de Lviv.
Chefe da administração militar regional de Lviv, Maksym Kozytsky disse que uma pessoa ficou ferida no ataque.
Prédio na capital
Em Kiev, "restos de foguete" causaram um incêndio em um prédio residencial de cinco andares no bairro de Podilskyi, segundo o serviço de emergências da Ucrânia.
Cerca de 98 pessoas tiveram de deixar o local. O serviço relata ao menos uma morte e quatro feridos.
*Com Reuters, AFP, Ansa e EFE
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