O que é o Grupo Wagner, milícia acusada de ajudar a Rússia na Ucrânia
Mercenários da empresa paramilitar Grupo Wagner estão se movimentando em direção ao leste da Ucrânia para assumir as operações de combate da Rússia, afirmou hoje a inteligência do Reino Unido.
O grupo é formado por mercenários fortemente armados e com experiência de combate na África Subsaariana, Líbia e Síria. Críticos de Vladimir Putin dizem que o Grupo Wagner é um "exército particular" do presidente russo.
O oligarca Dmitri Utkin, um dos aliados mais próximos de Putin, é apontado como responsável pelas operações do Grupo Wagner. Os mercenários são acusados de estupro, execuções e tortura.
"Devido às fortes perdas e uma invasão longamente estagnada, a Rússia muito provavelmente se viu forçada a priorizar seu pessoal do Wagner na Ucrânia em detrimento das operações na África e na Síria", analisou o Ministério da Defesa britânico.
Autoridades do Ocidente especulam que a Rússia quer concentrar seus esforços na região oriental de Donbass, onde combatem o setor "mais equipado e treinado das forças ucranianas". Nesse cenário, os mercenários do Grupo Wagner reforçariam o Exército russo para cercar a região.
O Donbass é formado pelas cidades separatistas de Donetsk e Lugansk, declaradas repúblicas independentes por Putin dias antes da invasão russa à Ucrânia.
O ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, confirmou hoje que a ofensiva passaria a se concentrar no Donbass. Em pronunciamento, ele afirmou que "as principais tarefas da primeira etapa da operação foram concluídas".
"O potencial de combate das Forças Armadas da Ucrânia foi significativamente reduzido, o que permite concentrar as principais atenções e os principais esforços na consecução do objetivo principal: a libertação do Donbass."
Já autoridades ucranianas ainda acreditam que a Rússia quer tomar Kiev e descartam a ideia de que o governo russo se concentrará na região leste. "Capturar Kiev é equivalente a capturar a Ucrânia. É esse é o objetivo deles", disse a vice-ministra da Defesa ucraniana, Ganna Malyar.
Há poucas semanas, o Observatório Sírio para Direitos Humanos alertou que a Rússia tinha 400 mil militares sírios e mílicias armadas à disposição para a guerra na Ucrânia.
Em 2014, mercenários do Wagner também foram usados para reforçar a ofensiva na península da Crimeia, que foi anexada pela Rússia.
Plano para matar presidente da Ucrânia
Em fevereiro, o jornal The Times noticiou que mais de 400 mercenários do Grupo Wagner estariam em Kiev, na capital da Ucrânia, com o intuito de assassinar o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
O assassinato teria sido encomendado diretamente pelo Kremlin como forma de abrir o caminho para Moscou assumir o controle da Ucrânia.
Zelensky se recusou a fugir da Ucrânia, mesmo após uma oferta dos Estados Unidos. Em 7 de março, ele publicou um vídeo andando em seu escritório, na sede do governo, mencionando o endereço. "Posso dizer que estou aqui, continuo aqui em Kiev, não me escondo".
Além do chefe de Estado, outros alvos seriam o primeiro-ministro da Ucrânia, Denys Shmygal, o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, e seu irmão, Wladimir Klitschko.
Grupo Wagner tem inspiração nazista
Uma reportagem da revista The Economist diz que o fundador do Grupo Wagner, Dmitri Utkin, é um ex-soldado das Forças Armadas da Rússia, que tem tatuagens nazistas pelo corpo.
O nome do grupo seria uma homenagem ao compositor favorito de Adolf Hitler, Richard Wagner.
Em dezembro de 2016, diz o The Economist, Utkin foi fotografado ao lado de Vladimir Putin durante um evento do Kremlin, sugerindo os laços entre o grupo e integrantes poderosos do governo russo.
Grupo Wagner entra na lista de empresas sujeitas às sanções
No final de fevereiro, o governo britânico incluiu o Grupo Wagner na lista de 59 personalidades e empresas russas sujeitas a uma série de sanções econômicas. É uma tentativa do Ocidente de isolar Putin.
Em dezembro, antes da invasão à Ucrânia, a União Europeia anunciou sanções contra o grupo paramilitar como forma de advertência de que qualquer ação militar contra a Ucrânia teria como réplica uma resposta econômica sem precedentes.
Entre as medidas adotadas, estavam o congelamento de ativos na União Europeia e proibição da concessão de vistos.
Wagner é uma empresa militar privada russa, que é utilizada para desestabilizar a segurança na Europa e em outros países vizinhos, sobretudo na África.
Diplomata europeu em dezembro de 2021
A União Europeia já havia sancionado, em 2020, o magnata Yevgeny Prigozhin, próximo do núcleo de poder na Rússia e considerado o principal financiador do Grupo Wagner.
Ele também é acusado de administrar a chamada Agência de Pesquisa da Internet, a "fazenda de trolls" da Rússia.
*Com informações de RFI e AFP
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