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Ucrânia: Líderes denunciam 'atrocidade' em Bucha após encontro de 20 corpos

Do UOL, em São Paulo*

03/04/2022 10h39Atualizada em 03/04/2022 12h44

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, prometeu novas sanções contra a Rússia hoje, depois que imagens dos corpos de pelo menos 20 pessoas em trajes civis espalhados em uma rua de Bucha, cidade ucraniana, foram divulgadas ontem.

"Chocado com imagens assustadoras de atrocidades cometidas pelo exército russo na região libertada de Kiev", escreveu Michel no Twitter. "A UE (União Europeia) está ajudando a Ucrânia e ONGs na coleta de provas necessárias para perseguição em tribunais internacionais. Mais sanções e apoio da UE estão a caminho."

O secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Jens Stoltenberg, afirmou que os assassinatos de civis em Bucha são "horríveis" e "inaceitáveis".

É uma brutalidade contra os civis que não vimos na Europa em décadas. É horrível e absolutamente inaceitável.
Jens Stoltenberg ao canal CNN Internacional

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, afirmou que as imagens são "um soco no estômago". "Esta é a realidade do que acontecerá todos os dias enquanto a brutalidade da Rússia contra a Ucrânia continuar".

Josep Borrell, alto representante da União Europeia, parabenizou a Ucrânia pela libertação da maior parte da região de Kiev e também se disse "chocado" com o que chamou de "atrocidades cometidas pelas forças russas".

"A UE ajuda a Ucrânia a documentar crimes de guerra. Todos os casos devem ser investigados, nomeadamente pelo Tribunal Internacional de Justiça", acrescentou Borrell. "A UE continuará a apoiar fortemente a Ucrânia."

A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, chamou o caso de "horror indescritível" e disse que uma investigação independente é urgentemente necessária. "Os autores de crimes de guerra serão responsabilizados."

A cidade, que fica a noroeste de Kiev, foi recapturada pelas forças ucranianas. Os corpos estavam espalhados por várias centenas de metros, sem que a causa das mortes esteja clara. Segundo a agência de notícias AFP, um dos cadáveres estava com as mãos amarradas nas costas.

O ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, acusou a Rússia de ter cometido um "massacre deliberado".

"Os russos querem eliminar tantos ucranianos quanto possível. Nós devemos pará-los e expulsá-los. Eu exijo novas sanções devastadoras do G7 AGORA", escreveu Kuleba no Twitter.

Os combates e bombardeios deixaram cenas apocalípticas em Bucha, com buracos em prédios residenciais e carros esmagados em várias partes da cidade.

"Região de Kiev. Inferno do século 21. Corpos de homens e mulheres, que foram mortos com as mãos amarradas. Os piores crimes do nazismo retornaram à UE. Isto foi feito de maneira deliberada pela Rússia", tuitou o conselheiro da presidência ucraniana Mykhaylo Podolyak.

A ministra britânica das relações Exteriores, Liz Truss, exigiu uma "investigação por crimes de guerra". O vice-chanceler e ministro alemão da Economia, Robert Habeck, denunciou um "terrível crime de guerra" e pediu mais sanções dos países da UE contra a Rússia.

O chanceler da Itália, Luigi Di Maio, afirmou que as imagens são arrepiantes. "Corpos de civis ucranianos no chão, mortos, com as mãos atadas. Crueldade, morte, horror", escreveu nas redes sociais.

Bucha e a cidade vizinha de Irpin foram palco de alguns dos combates mais ferozes desde que a Rússia lançou sua ofensiva contra a Ucrânia em 24 de fevereiro.

Essas duas cidades resistiram, mas pagaram um preço muito alto. A maioria de seus habitantes fugiu.

Segundo o prefeito da cidade, Anatoly Fedoruk, 280 pessoas tiveram que ser enterradas em "valas comuns" porque era impossível fazê-lo em cemitérios, ainda expostos aos bombardeios russos.

O TPI (Tribunal Penal Internacional) abriu recentemente uma investigação por possíveis crimes de guerra cometidos na Ucrânia. Alguns líderes ocidentais, incluindo o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chamaram o presidente russo Vladimir Putin de "criminoso de guerra".

* Com AFP e ANSA