Deputado da CPI do Capitólio diz acreditar em ataque semelhante no Brasil
Jamie Raskin, deputado do Partido Democrata e membro da chamada CPI do Capitólio nos Estados Unidos, disse acreditar que um ataque semelhante possa ocorrer no Brasil após as eleições de outubro e devido ao comportamento do presidente Jair Bolsonaro (PL), que constantemente ataca as urnas eletrônicas, o processo eleitoral e ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
"Estou muito preocupado com o que acontece no Brasil porque é algo que pode se tornar muito similar ao que nós vivemos no 6 de janeiro [nos EUA]. Bolsonaro é um grande admirador de Donald Trump e dos amigos dele. Nós sabemos que ele tem se envolvido com Steve Bannon", falou hoje no Washington Brazil Office.
Bannon é ex-estrategista do ex-presidente Trump e foi condenado por duas acusações de desacato ao Congresso norte-americano no episódio da invasão ao Capitólio.
Raskin disse que o encontro de hoje foi "educativo" e "ficou claro que as forças democráticas e pró-direitos humanos no Brasil temem pelo mesmo que ocorreu nos Estados Unidos possa acontecer no país deles [...] por isso, estão entrando em contato com partidos e movimentos pró-democracia ao redor do mundo para apoiar a Constituição e a segurança das eleições".
Após fazer críticas ao manifesto de empresários, artistas, intelectuais e religiosos em defesa do Estado democrático de Direito, Bolsonaro afirmou no final da noite de ontem, em publicação nas redes sociais, que é "a favor da democracia".
Em um breve texto, o mandatário escreveu o que seria uma carta assinada por ele com o título "Carta de manifesto em favor da democracia". O comunicado tem uma frase: "Por meio desta, manifesto que sou a favor da democracia".
Em sua tradicional transmissão ao vivo semanal, realizada ontem, Bolsonaro criticou o documento em defesa da democracia e disse não entender qual era o "medo" dos signatários.
"Não consigo entender, estão com medo do quê? Se eu estou três anos e meio no governo e nunca teve uma palavra minha, ação ou gesto... Nunca falei contra alarmismo, em controlar mídias sociais, em democratizar imprensa, nada. É uma nota política, eleitoral", afirmou.
Invasão ao Capitólio
Em 6 de janeiro de 2021, apoiadores da base radical de Donald Trump invadiram o Capitólio, que é o centro legislativo do governo norte-americano.
Após a derrota de Trump nas urnas, o então presidente fez discursos exaltados de que as eleições foram fraudadas e que os descontentes com o resultado deveriam marchar até o Capitólio.
Nos Estados Unidos, o voto pode ser enviado também pelos correios e, como o pleito ocorreu no primeiro ano da pandemia, algumas pessoas escolheram esse modo para indicar sua preferência ao governo.
O voto pelo correio se tornou um ponto polêmico entre os apoiadores de Trump, da mesma forma que o voto pela urna eletrônica no Brasil tem se tornado alvo de ataques de bolsonaristas e do próprio chefe do Executivo.
Bolsonaro constantemente diz que as eleições serão limpas, mas repete as investidas contra as urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral, incluindo críticas aos ministros do TSE.
Desde que as urnas eletrônicas foram implementadas —parcialmente em 1996 e 1998, e integralmente a partir de 2000— nunca houve comprovação de fraude nas eleições brasileiras, mesmo quando os resultados foram contestados. A segurança da votação é constatada pelo TSE, pelo MPE (Ministério Público Eleitoral) e por estudos independentes.
Em outubro, o TCU (Tribunal de Contas da União) emitiu um relatório técnico reforçando que as urnas são seguras e auditáveis, e que a impressão do voto traria riscos e exigiria recursos que não estão disponíveis atualmente na Justiça Eleitoral.
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