Vídeo mostra carro de filha de guru de Putin logo após explosão
Um vídeo que circula as redes sociais mostra o carro onde estava Daria Dugina, filha do ultranacionalista Alexander Dugin —tido como "guru" do presidente russo Vladimir Putin— logo após a explosão que a matou nos arredores de Moscou.
A filmagem mostra fogo alto e fumaça no local. Sirenes podem ser ouvidas ao fundo enquanto o que restou do carro parece continuar a explodir.
Um outro vídeo revela o momento em que Alexander apareceu na rua e ficou em choque ao ver o que ocorreu. Nesse, os destroços do carro são mais evidentes e autoridades podem ser vistas chegando às pressas ao local do incidente.
Daria viajava em um Toyota Land Cruiser, que pertencia ao pai. A suspeita, segundo a Reuters, é de que uma bomba tenha sido plantada no lado de fora do veículo, abaixo do assento do motorista. O ataque teria sido planejado com antecedência e tinha Alexander como alvo, acrescenta a agência de notícias russa Tass. Antes, pai e filha estavam em um festival nacionalista chamado "Tradições" (em tradução livre).
Pessoas ligadas ao governo russo sugeriram que a Ucrânia possa estar por trás do atentado. A Ucrânia, porém, negou qualquer envolvimento, ainda de acordo com a Reuters. "Não somos um Estado terrorista", disse Mykhailo Podolyak, conselheiro do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, à TV local.
Quem era Dugina?
Formada em Filosofia, Daria Platonova Dugina tinha 29 anos e é descrita pelo Comitê Investigativo da região como jornalista e cientista política. Era editora-chefe do site United World International (UWI), que defendia que a Ucrânia "pereceria" se entrasse para a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), uma aliança militar que inclui 30 países.
Como comentarista do canal de TV nacionalista Tsargrad e do site Movimento Eurasiano Internacional, ela também expressava tais opiniões com veemência. Neste domingo (21), a Tsargrad declarou que "Dasha [apelido de Dugina], como seu pai, sempre esteve no front da confrontação com o Ocidente".
Em março, Dugina foi um dos alvos de sanções por parte dos Estados Unidos, sob a justificativa de que ela contribuía para a desinformação sobre a guerra na Ucrânia. Quatro meses depois, em julho, ela também sofreu sanções do Reino Unido pelo mesmo motivo, segundo o jornal americano The New York Times.
"[Dugina é] Autora frequente de desinformação em relação à Ucrânia e à invasão da Ucrânia pela Rússia em várias plataformas online", explicou o governo britânico na ocasião.
Pai é mesmo guru de Putin?
A influência do pai de Dugina, Alexander Dugin, sobre o presidente russo Vladimir Putin tem sido alvo de especulações. Alguns especialistas a classificam como significativa, daí a razão para apelidos como "filósofo de Putin", "cérebro de Putin" e até "Rasputin moderno". Para outros, porém, a força de Dugin sobre o presidente era mínima.
Nos últimos anos, a Ucrânia baniu vários de seus livros.
Ninguém reivindicou atentado
As autoridades russas estão investigando a morte de Daria Dugina como homicídio. A suspeita é de que o ataque tenha sido planejado com antecedência, de acordo com a Reuters.
Denis Pushilin, líder da autoproclamada República Popular de Donetsk, no leste da Ucrânia, acusou as forças ucranianas pela explosão. "Terroristas do regime ucraniano tentaram liquidar Alexander Dugin, mas mataram sua filha", escreveu ele em sua conta no Telegram.
Já a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria V. Zakharova, evitou atribuir o suposto atentado ao país vizinho, mas disse que, se for confirmada a responsabilidade da Ucrânia, "então teremos que falar sobre a política de terrorismo de Estado adotada pelo regime de Kiev".
"Estamos esperando pelos resultados da investigação", publicou Zakharova, também no Telegram, segundo o NYT.
Até o momento, ninguém reivindicou a autoria do ataque.
(Com AFP, Deutsche Welle e Reuters)
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