Bolsonaro se irrita com pergunta sobre tom político em Londres e xinga Lula
O presidente Jair Bolsonaro (PL) se irritou com jornalistas brasileiros em Londres hoje, ao ser questionado se a viagem ao Reino Unido pode influenciar a sua campanha à reeleição. Ele está na cidade para acompanhar o funeral da rainha Elizabeth 2ª.
"Você acha que eu vim aqui fazer política? Pelo amor de Deus, não vou te responder. Não tem uma pergunta decente? Compara o Brasil com o resto do mundo", disse Bolsonaro a jornalistas (vídeo acima), após deixar a residência oficial do embaixador do Brasil em Londres.
Após outra pergunta sobre o tema, ele virou as costas e encerrou a entrevista. "Acabou a conversa", disse.
Antes, em conversa com apoiadores, o presidente criticou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder nas pesquisas eleitorais para a Presidência da República, e comparou a economia no Brasil com a situação no Reino Unido, que enfrenta uma crise do custo de vida, com salários que não acompanham a inflação.
"Como está a Europa perto do Brasil? Existe ameaça de fome aqui? Prateleira vazia, aumento de preço... Por que a insistência em querer botar um ladrão de volta na Presidência? Alguém acha que é uma maravilha ser presidente? Botar um ladrão, com aquela quadrilha toda, na Presidência", disse Bolsonaro.
Além disso, o candidato do PL voltou a criticar reportagem do UOL sobre 51 imóveis que foram comprados por sua família e pagos com dinheiro vivo, a qual classificou como "canalhice" e "covardia".
Ontem, Bolsonaro foi criticado por opositores e pela imprensa britânica por fazer um discurso em tom eleitoral a apoiadores, pouco antes de visitar o caixão da soberana e assinar o livro de condolências.
Lula ironizou a motivação de Bolsonaro para acompanhar o velório da rainha.
"Como ele [Bolsonaro] está precisando de imagem a nível internacional, ninguém nunca convidou ele para viajar, ninguém quer vir aqui... Ele se ofereceu para ir ao enterro da rainha da Inglaterra. [Mas] É louvável a decisão dele de ir", disse Lula, durante comício em Florianópolis.
O jornal Daily Mail afirmou que Bolsonaro é um "líder controverso" e que o discurso foi para "ganhar pontos políticos em casa". O The Guardian também publicou sobre o ato, dizendo que o presidente disse ter "profundo respeito" pela família real, mas usou o funeral como "palanque eleitoral".
Lula e Soraya acionaram TSE contra Bolsonaro
As manifestações do chefe do Executivo ocorrem depois de Lula e a senadora Soraya Thronicke, candidata à Presidência pelo União Brasil, pedirem ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que o mandatário seja proibido de usar imagens da incursão na Europa em campanha eleitoral.
Também em tom eleitoral, Bolsonaro divulgou ontem um vídeo em que critica o preço dos combustíveis no país europeu.
Na gravação, o mandatário diz que a gasolina é mais barata no Brasil, sem mencionar as diferenças salariais entre as duas nações nem o impacto negativo que a guerra na Ucrânia teve sobre o fornecimento de gás da Rússia para a Europa. Ao UOL, a campanha de Bolsonaro negou que o vídeo seja eleitoreiro.
A divulgação ocorreu pouco depois de o Reino Unido ter feito um minuto de silêncio em homenagem à monarca.
Em nome do governo do Reino Unido, a Embaixada Britânica no Brasil disse que não comentaria. Em caso de eventual manifestação esta reportagem será atualizada.
Antes, Bolsonaro havia falado a apoiadores da sacada da casa do embaixador do Brasil em Londres. Ele aproveitou a ocasião para falar sobre temas de sua campanha à reeleição no local e disse que será reeleito no primeiro turno. Parte do público usava camisetas da seleção ou com bandeiras do Brasil estampadas.
O presidente fez um breve discurso com os principais motes eleitorais, como rejeição a temas de "drogas, aborto e ideologia de gênero" e apelo à religião.
Críticas ao STF
O presidente voltou hoje a atacar ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), que em 2021, confirmaram entendimento de Edson Fachin e anularam as condenações de Lula, tornando-o apto a concorrer às eleições deste ano. Na decisão, o magistrado afirmou que a 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos casos da Lava Jato, não era competente para julgar o processo contra o petista.
"Uma cerimônia de despedida... Participar da missa, ficar calado o tempo todo. Quem crer, lembrar que um dia vai chegar o dia dele. Todo mundo vai ter um ponto final aqui, sem exceção" disse sobre o funeral de Elizabeth 2ª.
"O julgamento vai ser pelas suas ações e omissões. Então, todo aquele que trabalhou contra o próximo, ou se omitiu na hora que podia ajudar, segundo as escrituras, vai ter seu veredito. E lá não tem gente, como alguns do STF, vão falar que estou criticando o STF, né, para 'descondenar' uma pessoa e torná-la elegível", afirmou o presidente.
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