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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Biden critica Putin e diz que ameaça nuclear contra Europa é irresponsável

Do UOL, em São Paulo

21/09/2022 12h29Atualizada em 21/09/2022 16h13

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, voltou a condenar as ações do presidente da Rússia, Vladimir Putin, na guerra contra a Ucrânia. Hoje, em discurso na Assembleia-Geral das Nações Unidas, o chefe do Executivo americano classificou como "irresponsável" a ameaça de ataque nucelar feita pelo político russo horas antes.

"Uma guerra nuclear não pode ser vencida e nunca deve ser travada", disse Biden.

Biden afirmou que a Rússia descumpriu com acordos internacionais firmados pela própria ONU: "Vou falar bem claramente: um membro permanente do Conselho de Segurança da ONU invadiu seu vizinho e tentou varrer uma nação soberana do mapa", disse, em referência à guerra na Ucrânia.

O discurso do presidente democrata foi uma resposta ao anúncio feito por Putin na madrugada (horário de Brasília) de que 300 mil reservistas seriam convocados para auxiliarem as forças armadas da Rússia na invasão da Ucrânia.

Biden convocou as nações democráticas a se posicionarem contra o que chamou de "guerra brutal". "O presidente Putin fez ameaças nucleares abertas contra a Europa e um desrespeito imprudente pelas responsabilidades de um regime de não-proliferação [nuclear]. Agora a Rússia está convocando mais soldados para se juntar à luta, e o Kremlin está organizando um referendo falso para tentar anexar partes da Ucrânia - uma violação extremamente significativa da carta da ONU".

O russo disse ainda que o uso de armas nucleares não estava descartado. Ele alegou, em discurso televisionado, que haveria uma "chantagem" nuclear em curso por parte dos países ocidentais.

Temos que ver esses atos ultrajantes pelo que são. Putin diz que teve de agir porque a Rússia foi ameaçada, mas ninguém ameaçou a Rússia, e ninguém, exceto a Rússia, buscou a guerra. Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, durante Assembleia-Geral da ONU

Biden também disse que a Rússia deve ser responsabilizada pelas "atrocidades" que estão sendo cometidas na Ucrânia, citando os 440 corpos encontrados em uma vala comum em Izyum, cidade reconquistada pelos ucranianos após ser ocupada pelos russos desde abril.

"Se as nações puderem exercer suas ambições imperiais sem consequências, então colocamos em risco tudo o que esta instituição representa, tudo. Todas as vitórias vencidas pertencem aos soldados ucranianos no campo de batalha. Mas, neste último ano, o mundo foi testado e nós não hesitamos: escolhemos liberdade, soberania. Nós permanecemos com a Ucrânia", afirmou.

"A Rússia, sem pudores, violou princípios da cúpula da ONU", continuou, citando os referendos de anexação promovidos em regiões pró-Kremlin na fronteira da Ucrânia com a Rússia como exemplos da violação das leis internacionais.

Biden culpa Rússia por crise de alimentos. O presidente dos EUA também defendeu que a guerra impulsionada pela Rússia está agravando a crise alimentar no mundo. Putin, por outro lado, culpa as sanções impostas contra seu país como propulsoras da falta de fertilizantes agrícolas, por exemplo — já que a Rússia é o principal exportador do insumo.

"Deixem-me ser perfeitamente claro: nossas sanções permitem explicitamente à Rússia exportar comida e fertilizantes. Sem limitações", disse Biden. "É a guerra da Rússia que está piorando a insegurança alimentar, e apenas a Rússia pode colocar um fim nisso", declarou aos líderes mundiais.

Líderes mundiais: Putin reconhece que está perdendo guerra. Para o secretário de Defesa do Reino Unido, Ben Wallace, a convocatória seria uma "admissão de que sua invasão [de Putin] está falhando".

A embaixadora dos Estados Unidos na Ucrânia, Bridget Brink, da mesma maneira, afirmou que a medida representa um "sinal de fraqueza" de Moscou, que precisaria lidar com uma escassez de militares em sua ofensiva na Ucrânia em seu sétimo mês esta semana.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, embora declarou não acreditar que Putin realmente use as armas nucleares citadas, não descartou totalmente a possibilidade de mais um capítulo na expansão russa.

"Não dá para saber o que acontece dentro da cabeça dele, há riscos. Mas, amanhã, Putin pode dizer: 'Além da Ucrânia, também queremos parte da Polônia, caso contrário usaremos armas nucleares'. Não podemos fazer essas concessões."

Zelensky negou preocupação com o aumento no efetivo russo. "Eles já mobilizaram cadetes que nem sabiam lutar, não terminaram o treinamento deles. Essas pessoas não sabem lutar. Eles vieram até nós e morreram."