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Deputados portugueses criticam 'retórica perigosa' de Bolsonaro sobre urnas

24.set.2022 - Jair Bolsonaro (PL) no debate do SBT entre candidatos à Presidência da República - Divulgação/SBT
24.set.2022 - Jair Bolsonaro (PL) no debate do SBT entre candidatos à Presidência da República Imagem: Divulgação/SBT

Colaboração para o UOL

25/09/2022 11h51Atualizada em 25/09/2022 12h19

Uma carta aberta divulgada no jornal português Público hoje, assinada por 24 deputados, critica o que o texto chama de "retórica imprudente e perigosa" do presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL) em relação às urnas eletrônicas.

O candidato à reeleição constantemente ataca o sistema eleitoral, pondo em dúvidas a eficácia das urnas eletrônicas, já comprovadas. Em julho, durante reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada, o presidente voltou a levar suspeitas infundadas e atacou o ministro Edson Fachin, então presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

"À luz destes graves e demasiado familiares desafios à democracia do Brasil, Portugal tem o dever de estar atento a todas as iniciativas que ameacem incitar à violência política no país e minar a integridade do seu processo eleitoral", escrevem os parlamentares portugueses.

O texto também cita o discurso de Bolsonaro durante as comemorações pelo 7 de Setembro, que contaram com a presença do presidente de Portugal, Marcelo Rebelo. Na ocasião, o candidato adotou um tom mais moderado, mas citou o STF na fala, antes de fazer uma pausa para xingamentos e vaias do público.

"Devemos repudiar todas as tentativas de rejeitar os resultados eleitorais, de reprimir manifestações públicas pacíficas, de prejudicar a capacidade dos grupos minoritários de exercerem com segurança os seus direitos políticos, de atacar a imprensa e os defensores dos direitos humanos, de instigar os políticos à violência ou de fazer com que as Forças Armadas interfiram no processo eleitoral" Trecho de carta de deputados portugueses

Bolsonaro modera discurso

À medida que a eleição se aproxima, o presidente Jair Bolsonaro muda o discurso em relação à pandemia de covid-19, às mulheres e ao processo eleitoral. O candidato à reeleição tem tentado se mostrar mais moderado e foca os ataques no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera as pesquisas de intenção de voto.

O primeiro recuo nas recentes declarações públicas de Bolsonaro ocorreu no último dia 12: em entrevista a um pool de podcasts, ele disse que "perdeu a linha" na pandemia a covid-19, que matou mais de 685 mil brasileiros. "Eu dei uma aloprada. Os caras [imprensa] batiam na tecla o tempo todo e queriam me tirar do sério", afirmou.

O presidente emendou afirmando ter se arrependido de dizer que não era "coveiro" ao ser questionado sobre as mortes provocadas pela doença, no início da pandemia, em abril de 2020.

Na mesma entrevista, o presidente evitou o recorrente tom golpista quando ataca sem provas a segurança do sistema eleitoral e disse que, caso perca a eleição, "passará a faixa" ao vencedor.