O que é uma 'bomba suja' e qual seu poder de contaminação radioativa?
O presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta semana que a Ucrânia tem planos de usar uma "bomba suja". A alegação sem provas vem sendo feita repetidamente por Moscou nos últimos dias e já foi refutada pelo Ocidente e por Kiev.
A "bomba suja" não é um artefato nuclear, mas uma bomba convencional envolta em materiais radioativos para serem disseminados na forma de pó durante a explosão.
Para a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), as acusações russas sobre o possível uso de uma "bomba suja" por parte da Ucrânia são uma tática clássica de Moscou, que consiste em "acusar os outros daquilo que eles mesmos querem fazer", segundo o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg.
Estados Unidos, Reino Unido e França emitiram uma declaração conjunta para rechaçar a versão "claramente falsa" da Rússia, enquanto Kiev desmentiu com veemência a acusação.
"Ninguém se deixaria enganar por uma tentativa de utilizar esta acusação como pretexto para uma escalada", comentaram Estados Unidos, Reino Unido e França, três potências nucleares com poder de veto no Conselho de Segurança da ONU.
A Ucrânia e países do Ocidente suspeitam que a Rússia poderia estar se preparando para detonar ela mesma uma "bomba suja" e acusar a Ucrânia, para em seguida justificar uma escalada militar com uso de armas nucleares táticas como represália.
Afinal, o que é bomba suja?
O termo "bomba suja", também chamada de "dispositivo de dispersão radiológica" (ou RDD, na sigla em inglês), designa qualquer artefato que, ao ser detonado, espalha um, ou vários, produtos químicos ou biologicamente tóxicos.
Este tipo de bomba não é considerado uma arma atômica. A fabricação de uma bomba atômica requer tecnologias complexas de enriquecimento de urânio.
Menos complicada de fabricar, a "bomba suja" utiliza um explosivo convencional.
Seu principal objetivo é contaminar uma área geográfica e quem estiver na região, tanto com radiações diretas quanto pela ingestão, ou inalação, de materiais radioativos.
"Uma bomba suja não é uma 'arma de destruição em massa', mas uma 'arma de perturbação em massa', que busca, principalmente, contaminar e amedrontar", resume a Comissão Reguladora Nuclear dos Estados Unidos (U.S. NRC, na sigla em inglês).
O principal perigo de uma "bomba suja" vem da explosão, e não da radiação. Apenas as pessoas que estão muito perto do local da deflagração seriam expostas a níveis de radiação capazes de causar uma doença grave imediata.
A poeira e a fumaça radioativas podem, contudo, propagar-se mais e representar um risco à saúde, em caso de inalação do ar, ou de ingestão de alimentos, ou água, contaminados.
Os materiais radioativos necessários para a elaboração desse tipo de artefato costumam ser usados em hospitais, centros de pesquisa e estabelecimentos industriais, ou militares.
Nesta segunda-feira, 24, o general russo Igor Kirillov, encarregado de substâncias radioativas e produtos químicos e biológicos no Exército, afirmou que "as substâncias radioativas procedentes de instalações de armazenamento de combustível nuclear usadas na central nuclear (ucraniana) de Chernobyl podem ser usadas" para fabricar uma bomba suja.
Rússia ensaia resposta
Em meio às tensões pela alegação de "bomba suja", a Rússia ensaiou nesta quarta-feira, 26, uma resposta a um ataque nuclear. O exercício envolveu submarinos nucleares, bombardeiros estratégicos e mísseis balísticos.
Putin observou remotamente o exercício anual, chamado "Grom" ou "Thunder", que usa lançamentos de teste para colocar as forças nucleares de Moscou à prova em uma demonstração de força projetada para deter e intimidar inimigos.
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