Biden foca em economia, provoca republicanos e lembra ameaça de 6/1
Em boa parte de sua fala, no Congresso, nesta terça-feira (7), o presidente americano fez referências sobre a economia dos Estados Unidos, base para uma possível candidatura à reeleição em 2024 e de provocação aos republicanos.
O democrata disse que seus adversários queriam tomar a economia americana como "refém" —uma fala que gerou reação dos republicanos.
Joe Biden também lembrou a ameaça à democracia do país, em uma referência ao ataque de apoiadores do ex-presidente Donald Trump ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.
Há dois anos, nossa democracia enfrentou sua maior ameaça desde a Guerra Civil. Hoje, embora machucada, nossa democracia permanece inabalável e intacta."
Joe Biden, presidente dos Estados Unidos
Mais ao final do discurso, Biden fez uma referência à violência política ao lembrar da agressão sofrida por Paul Pelosi, marido da ex-presidente da Câmara americana, Nancy Pelosi. "Não há lugar para violência política nos EUA", disse o presidente.
Em seu pronunciamento, de pouco mais de uma hora de duração, Biden também:
- condenou a violência policial nos EUA, citando as mortes de George Floyd e Tyre Nichols
- fez discurso duro contra a China em caso de ameaça à "soberania"
- defendeu uma legislação que proteja o direito ao aborto após a Suprema Corte revogá-lo
- disse que apoiará a Ucrânia o tempo que for necessário
- falou que a crise climática é uma "ameaça existencial"
- fez acusações contra redes sociais, acusando-as de explorar crianças
Além da provocação
Antes de dizer que os congressistas republicanos querem tomar a economia dos Estados Unidos como "refém" ao exigir cortes nos gastos públicos para concordar em aumentar o teto da dívida do país e evitar um calote, Biden também pregou a união e o desejo de trabalhar ao lado dos republicanos, hoje maioria do Congresso americano.
Não há razão para não trabalharmos juntos neste novo Congresso. As pessoas nos enviaram uma mensagem clara: lutar por lutar, poder pelo poder, conflito pelo conflito não nos levam a lugar nenhum. E essa sempre foi minha visão para o país: restaurar a alma da nação, reconstruir a espinha dorsal da América: a classe média, unir o país."
Se chegou a ouvir vaias dos republicanos, Biden uniu os congressistas ao dizer que nunca é uma boa jogada apostar contra os Estados Unidos. Os presentes no Congresso se levantaram e gritaram USA, a sigla em inglês para Estados Unidos.
Ricos na mira
Biden foi aplaudido em vários momentos do seu discurso, mas também foi interrompido por vaias de opositores, que não gostaram de ser mencionados, principalmente sobre o Medicare, o sistema de seguros de saúde gerido pelo governo dos Estados Unidos.
Em vez de fazer os ricos pagarem sua parte justa, alguns republicanos da Câmara querem que o Medicare e a Seguridade Social desapareçam a cada cinco anos. Esses benefícios pertencem ao povo americano. E não permitirei que sejam levados embora."
Biden apontou ao Congresso o desejo de um imposto mínimo para bilionários. "Nenhum bilionário deveria pagar uma taxa de imposto mais baixa do que um professor ou um bombeiro."
Agradecimento à família de Tyre Nichols. Biden agradeceu, em seu discurso, as presenças de Row Vaughn e Rodney Wells, mãe e padrasto de Tyre Nichols, homem negro morto por policiais no dia 10 de janeiro em Memphis. Eles —que estavam entre os convidados da esposa do presidente, Jill Biden— se levantaram durante o pronunciamento e foram aplaudidos de pé.
Biden aproveitou para dizer que assinou a "Lei George Floyd", um projeto de lei que proíbe táticas policiais polêmicas e facilita processos contra policiais que violarem os direitos constitucionais de suspeitos. Floyd foi morto por policiais em 2020, após implorar por sua vida várias vezes e dizer "não consigo respirar".
Mas todos nós precisamos nos levantar para este momento. Não podemos nos virar. Vamos nos unir e terminar o trabalho na reforma da polícia."
Discurso em um Congresso americano dividido. O presidente Joe Biden realizou hoje o seu pronunciamento anual do Estado da União no Congresso encarando um novo cenário político, com maior poder dos republicanos.
Analistas apontam que o cenário deve tornar mais difícil para Biden garantir acordos bipartidários sobre a legislação.
- O discurso anual ofereceu ao presidente democrata a chance de expor suas metas legislativas no meio de seu mandato de quatro anos e abordar temas mais amplos para uma tentativa de reeleição em 2024.
- O pronunciamento deu a Biden um palanque nacional, e, portanto, uma oportunidade de obter apoio entre os próprios democratas, alguns dos quais estão preocupados com sua idade, entre outras questões.
Biden completou 80 anos em novembro e, se reeleito, teria 82 no início de um segundo mandato, fato que preocupa muitos eleitores democratas, segundo pesquisa divulgada pelo jornal "The New York Times" —64% dos eleitores democratas prefeririam outro candidato em 2024 e sua idade foi citada como o principal motivo para quem quer uma mudança.
Biden deve anunciar até abril se vai ou não se candidatar à reeleição.
(Com Reuters e AFP)
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