Por que o Brasil não considera o Hamas um grupo terrorista?

O presidente Lula (PT) se manifestou no último sábado sobre a ofensiva sem precedentes do Hamas a Israel, chamando as ações de "ataque terrorista". Apesar disso, o Brasil, historicamente, não reconhece o Hamas como um grupo terrorista de fato —esta não é uma posição do atual governo.

O Brasil segue o que é determinado pela ONU (Organização das Nações Unidas). Portanto, só passa a classificar um grupo como terrorista se ele for listado como tal pelo órgão internacional —e esse não é o caso do Hamas, em específico.

Os grupos islamistas que se enquadram nesses critérios são, por exemplo, o Boko Haram, a Al-Qaeda e o Estado Islâmico.

Como eles são considerados terroristas pela ONU, também são para o governo brasileiro.

Por outro lado, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Japão, países membros da União Europeia e outras nações aliadas classificam o Hamas como uma organização terrorista.

Já Noruega, Suíça, Rússia e China, assim como o Brasil, são alguns dos que não classificam o grupo extremista como tal, porque evocam o princípio da neutralidade e mantêm contatos com o grupo, atuando como mediadores em conflitos.

Os critérios de cada nação para classificar uma entidade como terrorista variam de acordo com os interesses e política externa de cada um.

O que é o Hamas?

Fundado em 1988. O Hamas, ou Movimento de Resistência Islâmica, foi fundado em 1987 durante a primeira Intifada, ou revolta palestina. Sua carta fundadora de 1988 não reconhece a existência de Israel e exige a destruição do estado judeu.

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O grupo radical islâmico detém poder na Faixa de Gaza. Atuando como misto de organização social e facção armada, prega destruição de Israel e é tido como terrorista por grande parte do Ocidente.

Estado muçulmano. Em contraste com outros grupos militantes palestinos anteriores, como a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que adotavam o nacionalismo palestino ou árabe como ideologia, a principal força motriz do Hamas é o radicalismo islâmico e o estabelecimento de um Estado muçulmano em todas as terras habitadas por palestinos e do território israelense.

Serviços sociais. Grupo não atua apenas como um grupo armado, possuindo ainda um braço de serviços sociais chamado Dawah, que dirige escolas, orfanatos, restaurantes populares e clubes esportivos, que atuam sobretudo na Faixa de Gaza, um enclave empobrecido e superpopuloso habitado por palestinos ao sul de Israel.

*Com informações da Deutsche Welle

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