Itamaraty pressiona Israel para liberação de brasileiros na Faixa de Gaza
O ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, ligou nesta sexta-feira (3) para o chanceler de Israel, Eli Cohen, para cobrar a liberação de brasileiros na Faixa de Gaza.
O que aconteceu
A ligação ocorre após os brasileiros não serem incluídos pela terceira vez na lista de estrangeiros que podem deixar a Faixa de Gaza. Cidadãos estrangeiros de outros países foram incluídos nas listas divulgadas nos últimos dias.
Segundo o Itamaraty, essa é a primeira ligação do ministro para Israel desde o dia 1º de novembro, quando foi liberada a passagem de Rafah para o Egito. Ao UOL News, o embaixador da Palestina no Brasil disse que "nosso sangue vale menos" sobre as listas de estrangeiros já liberados.
Vieira reiterou as gestões pela liberação da passagem dos brasileiros retidos em Gaza, para que possam ser imediatamente repatriados ao Brasil.
Publicação do Itamaraty nas redes sociais
Apesar de a fronteira em que os brasileiros estejam, em Rafah, pertença apenas à Gaza, na Palestina, e ao Egito, Israel se tornou parte fundamental da negociação. O governo brasileiro avalia que os pouco mais de 30 cidadãos ainda não foram liberados também por influência de Tel Aviv.
O Itamaraty já considerava haver uma demora mais do que aceitável para a liberação dos brasileiros, e a passagem de estrangeiros nos últimos dias, em especial norte-americanos, fez aumentar esta percepção.
Com a saída de cidadãos de outros países, aumenta a pressão interna — que inclui pedidos do presidente Lula — para que eles sejam retirados o quanto antes. O governo brasileiro não vê justificativa para que o grupo siga impedido.
Nova lista inclui 571 estrangeiros, mas sem brasileiros
Constam nomes de pessoas que são dos Estados Unidos, Alemanha, Itália, Reino Unido, México e Indonésia. De novo, a maioria era de cidadãos dos Estados Unidos: 367. Já os britânicos eram 127.
Havia a expectativa, segundo o embaixador do Brasil na Palestina, Alessandro Candeas, de os brasileiros serem liberados nesta sexta-feira — o que não ocorreu.
Os primeiros cidadãos autorizados a deixar Gaza na primeira lista eram da Austrália, Áustria, Bulgária, Finlândia, Indonésia, Jordânia, Japão e República Tcheca. Além deles, havia também feridos e integrantes de organizações humanitárias, como a Cruz Vermelha. No total dessa lista, foram 335 estrangeiros, além de 76 palestinos feridos.
'Sangue e a vida daquele Primeiro Mundo vale mais'
Não quero exagerar, mas possivelmente é porque somos de Terceiro Mundo e o sangue e a vida daquele Primeiro Mundo vale mais. É uma realidade. O mundo está tendo um desequilíbrio. Quando se trata da morte de palestinos, parece um 'efeito colateral' e que a vida deles não vale tanto quanto a dos outros.
Ibrahim Alzeben, embaixador da Palestina no Brasil ao UOL News
Para Alzeben, os EUA têm nas mãos o poder para ao menos estabelecer uma pausa humanitária em Gaza. O embaixador, porém, condenou a postura do governo americano, que vetou a resolução proposta pelo Brasil no Conselho de Segurança da ONU.
O apoio dos EUA é incondicional aos israelenses aos seus ataques. Quem pode parar esse conflito são os EUA, que estão praticamente dando carta branca para que Israel siga cometendo, durante 28 dias, todos os massacres e esse genocídio contra o povo palestino.
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