'Magma se move debaixo da cidade': o pânico em um povoado da Islândia
A provável erupção de um vulcão a qualquer momento, em uma pacata cidade de pouco mais de três mil habitantes na Islândia, mudou a rotina e a percepção de futuro dos moradores, entre eles, de uma brasileira, grávida de 7 meses.
O que aconteceu
Todos de Grindavik, no sudoeste do país, precisaram deixar as próprias casas e levar apenas o essencial em uma evacuação obrigatória. O alerta começou no dia 10 de novembro.
Entre os moradores, está uma brasileira. Jéssica Costa tem 31 anos, está grávida de sete meses e mora na Islândia há sete anos com o marido e um filho adolescente. Em todo esse tempo, nunca presenciou nada parecido. A brasileira preparava brigadeiros para o chá de fraldas de uma amiga, que também está grávida, quando recebeu a notícia de que teria de deixar sua casa.
Tremores de terra intensos ocorriam em intervalos de 30 segundos, segundo Jéssica. O magma do vulcão começou a se deslocar no subsolo da cidade, próximo à área povoada. Em entrevista ao UOL, Jéssica conta que, nos últimos anos, houve apenas pequenas erupções vulcânicas, em pontos afastados e seguros.
Tremores são comuns na península porque é uma região vulcânica ativa. As casas na Islândia aguentam até 7,1 na escala, então não era uma preocupação, até a movimentação do magma.
'Assustador'
Jéssica e o marido pegaram roupas, documentos e a gata de estimação e partiram rumo à capital da Islândia, Reykjavik, a aproximadamente 40 km de distância. O filho mais velho dela já estava lá, onde treina futebol. Nascida em Manaus, no Amazonas, Jéssica trabalha no restaurante de um spa em Grindavik, que é considerado um ponto turístico da cidade devido às fontes termais.
Não pegamos muita coisa porque não se tinha tanta informação naquele momento sobre a atividade vulcânica. Pensamos que poderíamos voltar para casa no dia seguinte, mas não foi o que aconteceu. Os terremotos se intensificaram de maneira assustadora. Quando saímos de lá, ainda não sabíamos que a cidade ia ser evacuada logo depois por causa do magma que estava se movendo para debaixo da cidade.
O enxoval do bebê de Jéssica ficou para trás. "Meu marido conseguiu voltar para casa quatro dias depois e com supervisão do governo por 15 minutos para entrar e sair e recuperar esses itens."
Na saída da cidade, um cenário desesperador. "Tinha muita gente na rua, posto de gasolina cheio. Pistas cheias, foi muito assustador. Alguns animais de estimação ficaram para trás, não sabemos qual foi a realidade de cada um."
A família está alojada em um apartamento cedido pela empresa onde o marido de Jéssica trabalha. Parte dos habitantes, porém, está alojada em ginásios ou cômodos de casas seguras em outras localidades.
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Quero receberCasas destruídas
Rachaduras e vãos foram encontrados pelas ruas após os constantes tremores. As informações do Escritório de Meteorologia da Islândia apontam que 1.400 terremotos foram registrados entre 9 e 10 de novembro.
"Alguns pontos da cidade estão destruídos, casas destruídas. Algumas pessoas não conseguirão simplesmente voltar da forma que imaginavam. Nossa casa continua em pé, foi uma surpresa, mas ainda não temos respostas de quando poderemos voltar a morar em Grindavik, já que a cidade precisa ser reconstruída."
'Cenário incerto'
Após duas semanas da evacuação, a situação não se altera. "O cenário é que o magma que estava embaixo de Grindavik começou a se solidificar, então pode ser que voltemos para casa mais cedo do que esperávamos. Mas ainda persiste o risco de erupção, mas não necessariamente embaixo da cidade. Apesar de termos boas notícias, tudo continua incerto".
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