EUA: Como fica a corrida por vaga republicana após saída de DeSantis

Após a desistência de Ron DeSantis, governador da Flórida, a ex-embaixadora dos Estados Unidos na ONU Nikki Haley é a principal adversária de Donald Trump em busca da indicação do Partido Republicano à Casa Branca.

O que aconteceu

DeSantis encerrou sua campanha ontem (21) e declarou apoio a Trump. Em vídeo publicado no X (antigo Twitter), ele diz que "ficou claro" que "a maioria dos eleitores republicanos nas primárias quer dar outra chance a Donald Trump". O ex-presidente teve vitória recorde em Iowa, na semana passada.

Desistência ocorreu apenas dois dias antes das primárias cruciais de New Hampshire. Apoiadores de DeSantis parecem mais propensos a mudar seu voto para Trump do que para Haley, avaliam especialistas. No estado, cerca de dois terços dos apoiadores do governador citam Trump como sua segunda opção, disse Andrew Smith, diretor do Centro de Pesquisas da Universidade de New Hampshire à Reuters.

Trump também tem vantagem dominante na Carolina do Sul, que vota em 24 de fevereiro. Uma derrota de Haley em seu estado natal — onde ela foi governadora — arranharia a imagem de sua campanha.

Mesmo com quatro acusações criminais e outros processos em andamento, a Constituição americana garante a corrida eleitoral do ex-presidente. Mesmo presa ou condenada, uma pessoa pode fazer campanha e assumir a Presidência dos EUA. Isso acontece porque o artigo 2 da lei suprema do país só determina três requisitos aos candidatos: ser cidadão nato, ter 35 anos ou mais e ser residente dos EUA por pelo menos 14 anos.

Suprema Corte dos EUA pode definir futuro de Trump. Uma das questões que o tribunal terá que analisar é se uma alteração do século 19 na Constituição pode desqualificar o ex-presidente para a corrida eleitoral. A 14ª Emenda proíbe de assumir cargo civil ou militar qualquer pessoa que tenha se envolvido em uma "insurreição ou rebelião contra o Estado". A defesa do ex-presidente argumenta que isso não se aplica ao cargo.

Emenda foi usada no estado do Colorado. Em dezembro de 2023, uma decisão da Suprema Corte do Colorado entendeu por 4 votos a 3 que a proibição presente na Emenda se aplica ao ex-presidente, considerando o envolvimento de Trump na invasão do Capitólio em janeiro de 2021. Com isso, ele fica fora da votação primária no estado.

Processos judiciais contra o ex-presidente estão em andamento. O ex-presidente também é alvo de quatro processos penais e é investigado pela tentativa de alterar o resultado das eleições de 2020. Ainda assim, especialistas acreditam que decisões futuras não deverão interferir no processo eleitoral.

9.out.2018 - Nikki Haley, então embaixadora da ONU, em conversa com Donald Trump no Salão Oval da Casa Branca
9.out.2018 - Nikki Haley, então embaixadora da ONU, em conversa com Donald Trump no Salão Oval da Casa Branca Imagem: 9.out.2018 - Jonathan Ernst/Reuters
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Quem é Nikki Haley

Ex-governadora da Carolina do Sul, Haley, 51, pode ser a primeira mulher a concorrer pelos Republicanos. Ela governou o estado do sudeste dos EUA por sete anos. Em sua primeira vitória, tornou-se a governadora mais jovem da história do estado.

Foi embaixadora dos Estados Unidos na ONU no governo Trump. Com isso, tornou-se uma das porta-vozes da política externa do antigo governo — como a saída dos EUA do Conselho de Direitos Humanos da organização, que criticou Trump por sua política de separar crianças dos pais na fronteira com o México, e a saída dos EUA do Acordo de Paris em 2017.

Haley foi a primeira a desafiar Trump na disputa pelas primárias para as eleições presidenciais de 5 de novembro. O anúncio foi feito em fevereiro de 2023, há quase um ano.

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