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Análise: Brasil precisa engajar com a Venezuela mesmo sendo contra regime

O Brasil precisa engajar e continuar engajado com a Venezuela para continuar sendo líder na América do Sul, mesmo que seja contra o regime de Nicolás Maduro, analisou o pesquisador Pablo Uchôa durante entrevista no UOL News desta segunda-feira (1º).

Pablo é jornalista e pesquisador da University College de Londres, onde se debruça sobre os militares na política venezuelana, além de ser autor do livro "Venezuela, A Encruzilhada de Hugo Chavez". Ele aconselhou o presidente Lula sobre evitar comparações com o cenário venezuelano.

A única coisa que vou aconselhar o presidente Lula é que ele evite se colocar em uma comparação exatamente como a da Venezuela, como [quando] ele falou que não podia concorrer às eleições. É complicado isso porque a Venezuela é um sistema diferente do Brasil, e o presidente Lula nunca chamou ações violentas. Pablo Uchôa, jornalista e pesquisador da University College de Londres

A coisa que mais pesa contra a María Corina Machado é o bloqueio dela, pedir abstenção nas eleições de 2012, chamar protestos violentos de 2014 que morreram 40 pessoas. A gente hoje tem uma referência [no Brasil] sobre essas coisas como o 8 de janeiro, lá na Venezuela isso acontecia o tempo todo. Depois ela ter endossado o governo do [Juan] Guaidó. Pablo Uchôa, jornalista e pesquisador da University College de Londres

Acho complicado o presidente Lula se colocar numa situação pessoal e se comparar com a oposição com a Venezuela sob esse aspecto. O que também acho que é necessário, é que o Brasil precisa engajar e continuar engajado com a Venezuela, porque se o Brasil quiser continuar sendo líder na região, ele precisa se engajar com a Venezuela, mesmo que não goste do regime, mesmo que ache que o Maduro seja autocrático, autoritário. Pablo Uchôa, jornalista e pesquisador da University College de Londres

O pesquisador conta que esteve na Venezuela recentemente e deu um panorama sobre quem é María Corina Machado, que havia indicado Corina Yoris para se candidatar. Yoris teve a candidatura impedida, denunciou sua coalização.

Acabei de vir da Venezuela e deu bem para sentir o clima em termo não só de eleições, mas também da dinâmica do governo e oposição. Não é de se surpreender que o governo tente dificultar e impedir a candidatura da María Corina Machado. Pablo Uchôa, jornalista e pesquisador da University College de Londres

María Corina Machado é um nome que tem bastante peso historicamente, porque no passado ela sempre fez a opção de tirar o governo pela via nem sempre exatamente da mais democrática, inclusive com protestos violentos e golpes. Não é uma grande surpresa o governo tentar dificultar. Pablo Uchôa, jornalista e pesquisador da University College de Londres

O especialista diz que agora há um ponto diferente: a suavização do discurso de Machado. Após criticar o presidente brasileiro no início de março, ela agradeceu suas declarações recentes junto com os presidente Emmanuel Macron (França) e Gustavo Petro (Colômbia).

O que é diferente dessa situação é a María Corina Machado ter suavizado o discurso dela e ter evitado voltar para aquele status quo que era da oposição: boicotar a eleição, pedir mais sanções econômicas. Não necessariamente sanções econômicas, mas pedir uma intervenção estrangeira, que no fim das contas acabou se traduzindo por sanções econômicas que a população realmente não gosta, ninguém quer ficar sob sanções. Pablo Uchôa, jornalista e pesquisador da University College de Londres

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Agora ela tá fazendo uma linha mais moderada, que colabora um pouco mais com o governo. Isso mostra também que o governo tem as cartas na mão. Ele trabalha com uma oposição que é menos radical do que a María Corina Machado. Pablo Uchôa, jornalista e pesquisador da University College de Londres

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