Venezuela repudia nota do Brasil sobre eleições: 'Parece ditada pelos EUA'

O Ministério das Relações Exteriores da Venezuela repudiou um comunicado divulgado nesta terça-feira (26) pelo governo brasileiro, que manifestou preocupação com o processo eleitoral no país presidido por Nicolás Maduro. Para o governo venezuelano, a nota do Itamaraty é "intervencionista" e "parece ter sido ditada" pelos Estados Unidos.

O que aconteceu

Comentários são carregados de "ignorância", acusou Venezuela. O Ministério das Relações Exteriores venezuelano disse que o governo Maduro tem mantido uma conduta fiel aos princípios que regem a diplomacia e as relações de amizade com o Brasil. Por isso, "em nenhuma hipótese emite ou emitirá juízos de valor" sobre os processos políticos e eleitorais que acontecem aqui.

Governo exigiu respeito e disse que democracia venezuelana é "robusta". "Chama a atenção que o Itamaraty não demonstre preocupação com as tentativas de assassinato e desestabilização que foram desmanteladas nas últimas semanas", continuou o comunicado, citando a prisão de um membro da organização Vente Venezuela que foi pego ontem com armas, "disposto a atentar contra a vida" de Maduro.

Venezuela ainda agradeceu a Lula pelas manifestações de solidariedade. O Ministério das Relações Exteriores exaltou o fato de o presidente brasileiro, "de maneira direta e sem ambiguidades", ter condenado as sanções impostas pelos EUA à Venezuela. O bloqueio — definido como "criminoso" — foi adotado com o objetivo de "prejudicar nosso povo", conclui o governo venezuelano.

O Ministério do Poder Popular para as Relações Exteriores da República Bolivariana da Venezuela repudia o comunicado cinzento e intervencionista, redigido por funcionários do Itamaraty, que pare ter sido ditado pelo Departamento de Estado dos EUA, de onde se divulgam comentários carregados de profundo desconhecimento e ignorância sobre a realidade política na Venezuela.
Yvan Gil, chanceler venezuelano, no X (antigo Twitter)

Posicionamento do Itamaraty

Governo brasileiro rompeu o silêncio sobre as eleições na Venezuela. Em nota, o Itamaraty afirmou que, "esgotado o prazo de registro de candidaturas para as eleições presidenciais venezuelana, na noite de ontem [25], o governo brasileiro acompanha com expectativa e preocupação o desenrolar do processo eleitoral naquele país". O pleito está marcado para 28 de julho.

Oposição a Maduro denunciou problemas para registrar candidatura. A coalizão PUD (Plataforma Unitária Democrática) disse ter sido impedida de acessar o sistema para inscrever Corina Yoris, indicada por María Corina Machado. De última hora, outro nome da oposição — Manuel Rosales, ex-rival de Hugo Chávez — decidiu (e conseguiu) se inscrever para enfrentar Maduro nas urnas.

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Com base nas informações disponíveis, observa que a candidata indicada pela Plataforma Unitaria [Corina Yoris], força política de oposição, e sobre a qual não pairavam decisões judiciais, foi impedida de registrar-se, o que não é compatível com os acordos de Barbados. O impedimento não foi, até o momento, objeto de qualquer explicação oficial.
Trecho de nota do Itamaraty

(Com AFP)

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