Biden faz discurso mais gelado que sorvete após desistência da reeleição

Esta é a newsletter TixaNews - Eleições Americanas. Inscreva-se para receber gratuitamente no seu email de segunda a sexta.

Biden ama sorvetes. Sorveterias criaram sorvetes em sua homenagem assim que tomou posse. Ele discutiu sobre o cessar fogo na Faixa de Gaza em uma parada para tomar um sorvete. Desistiu de concorrer à reeleição no dia nacional do sorvete (sim, juro, darling! O dia nacional de sorvete nos Estados Unidos é todo terceiro domingo de julho). Fez o discurso para explicar porque ele não vai mais concorrer à reeleição e o que aconteceu? Serviram sorvetes na Casa Branca.

Nada poderia ser mais gelado. Só o próprio discurso de Biden.

Com a voz meio que falhando, reforçando a certeza de que ele não tinha chance de ser um candidato viável contra Trump, ele disse:

"nada, nada pode impedir a salvação de nossa democracia. Isso inclui ambição pessoal. Então, decidi que o melhor caminho a seguir é passar a tocha para uma nova geração. É a melhor maneira de unir nossa nação."

Decidiu? Sei não. Foi forçado a decidir talvez resumisse melhor a história. Dizem nos corredores virtuais da imprensa que Nancy Pelosi disse para o presidente que as coisas poderiam ser feitas da maneira mais fácil ou mais difícil, e que a mais difícil estava prestes a começar. Aff. Toma um sorvete, Biden.

Obviamente, os Democratas correram a tratar Biden como um herói que só pensa na democracia assim que ele anunciou sua retirada. Mas a bem da verdade é que ele demorou bastante para tomar a tal decisão no dia do sorvete. Depois do debate desastroso com Trump em que ele parecia um zumbi boquiaberto, sua equipe de campanha começou a inventar histórias. Uma hora ele tava resfriado, na outra estava cansado com problemas de jet lag de uma viagem de 12 dias antes. Biden questionou até as pesquisas, ao melhor estilo Trump.

Nathan Johnson, editor chefe da revista Current Affairs, escreveu o seguinte em um artigo da Newsweek:

"Não houve nada nobre ou íntegro em sua escolha de se afastar. Biden é simplesmente um político que perdeu o apoio de jogadores de poder cruciais e reconheceu que seria impossível, como uma questão prática, continuar sua campanha. Decência, amor pela América, heroísmo, etc. não entram na história. E quando deturpamos Joe Biden, elogiando a sabedoria moral de uma decisão que não tinha nada a ver com moralidade, não apenas insultamos heróis de verdade, mas reduzimos nossa capacidade de entender a realidade política."

Continua após a publicidade

Biden ainda no jogo das eleições

Mas Biden é passado. Certo? Not. Pelo menos não para os republicanos que agora estão todos na vibe de questionar judicialmente a troca de candidato. Detalhe: Biden nunca foi o candidato oficial, ele apenas recebeu votos nas primárias do partido, mas o candidato é oficialmente escolhido na Convenção Nacional. Que ainda não aconteceu.

Trump está dizendo que eles deveriam ser reembolsados por fraude já que gastaram dinheiro em campanha contra o Biden. Essas eleições americanas não poderiam estar mais divertidas. Toma um sorvetinho, Trump, que passa.

O problema para Trump é que agora ele está sem o discurso de que Biden era velho demais para ser presidente. Agora ele é o velho demais. E ele simplesmente foi excluído do noticiário. Só se fala da Kamala.

Ontem, em um daqueles discursos de uma hora e meia durante um comício, ele começou a atacar a Kamala Harris dizendo que ela quer ser a presidente dos criminosos selvagens, dos estrangeiros ilegais. E que ele será o presidente dos americanos cumpridores da lei. Tudo muito bem, tudo muito bom, não fosse ele, Trump, um criminoso condenado.

Sim, BRASEW. Trump é hoje um criminoso condenado em júri por 34 crimes ao comprar o silêncio de uma atriz pornô na eleição de 2016. Sua sentença deverá sair em setembro.

Continua após a publicidade

O New York Times destaca hoje uma reportagem sobre o livro de um sobrinho de Trump que será lançado na semana que vem. Fred C. Trump III diz que seu filho tem uma condição médica rara que levou a deficiências de desenvolvimento físico e intelectual e o tratamento foi pago com a ajuda da família. Quando Trump foi eleito ele reuniu um grupo para fazer uma reunião com o então presidente para falar das dificuldades das famílias em cuidar de deficientes. Em como é caro e doloroso. O sobrinho conta que ao fim da reunião, seu tio o puxou de lado e teria dito:

"Talvez esse tipo de pessoa devesse simplesmente morrer", dada "a forma em que estão, todas as despesas."

Isso é o Fred que está dizendo no livro.

Uma nota sobre Kamala

Kamala é vice-presidente. E todo vice-presidente americano é presidente do Congresso. E como presidente do Congresso ela deveria ter recebido o Bibi Netanyahu, o líder de Israel, para um discurso ontem. Sim, o Bibi está nos Estados Unidos para falar da guerra.

Mas Kamala deu o perdido no Bibi, disse que tinha compromisso já agendado e se esquivou de aparecer na foto enquanto ele discursava. Ela vai encontrá-lo hoje a portas fechadas. O que acontece é que Kamala tem ganhado apoio da galera que protesta contra os ataques em Gaza. Daí já viu, né? Bibi inclusive chamou essa galera de "idiotas úteis" no discurso.

Continua após a publicidade

Mas chega por hoje. A campanha vai longe e tô desconfiada que o próximo tema dessa newsletter vai ser: o veep de Kamala. Agora vou ali tomar um sorvete.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Deixe seu comentário

Só para assinantes