Gostem ou não, Trump vence porque conversa com eleitor: Projeto 2025 vem aí

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Trump foi eleito. E muito bem eleito. O BRASEW que acorde que por aqui já é o projeto 2026 que está na rua. Não errei, não. É 26 mesmo. Leia até o fim.

Só acaba quando termina. Falei que não ia ser ontem, não falei, darling? Foi hoje. (Tixa, sua malandrinha, eu estava esperando que fosse só no sábado!!!!)

E digo mais: como foi o Donald J. Trump que ganhou, foi hoje mesmo. Ninguém vai ficar jogando tuítes na rua para invadir o Capitólio porque a Kamala Harris perdeu.

Eram quase duas e meia da manhã, horário de Brasília, quando a FoxNews chamou a Pensilvânia e anunciou a vitória de Trump. Deu três e meia, Trump discursou como vitorioso. (E sabe o que ele disse? Que nasce uma estrela: Elon)

O resto do povo esperou até agora de manhã para confirmar o inevitável: Trump foi eleito mesmo (lembra que a gente disse ontem que a mesa de eleições da Fox é super séria e competente?). E o que significa? Que o Projeto 2025 começou, BRASEW. E, cá para nós, o 2026 também.

Acreditar que os Estados Unidos da América elegeriam uma mulher e mais ainda uma mulher negra foi um mero sonho de quem sonhou. Nem as mulheres brancas votaram na Kamala. Os hispânicos votaram no Trump. Os homens negros votaram no Trump. Todo mundo, Tixa? Não, darling, mas esses grupos reduziram significativamente o número de votos que tradicionalmente davam aos democratas.

Mas qual é o Projeto 2025?

Durante a eleição, surgiu esse tal de Projeto 2025. É um documento de 900 páginas feito por um think thank de extrema direita, com dezenas de ex-assessores de Trump. Trump chegou a dizer que não tinha nada a ver com isso, mas confessou que gostava de várias coisas que tinha lá.

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Mais do que um documento, o projeto já recrutava a galera ideológica trumpista para fazer parte de uma nova administração Trump. Qual era o diagnóstico? No primeiro mandato, Trump não conseguiu fazer tudo o que queria porque tinha muita gente no governo de outras administrações ou que não eram trumpistas suficientes para fazer as coisas acontecerem do jeito que Trump queria.

Trump mesmo disse recentemente que botou as pessoas erradas em alguns cargos (como os generais que saíram dizendo durante a campanha que ele é um fascista). Sua grande frustração de primeiro mandato é que ele não teve o poder que achava que teria quando assumiu o Salão Oval.

E qual é objetivo do Projeto 2025? Tornar os Estados Unidos mais conservador do que nunca, usar o cargo para perseguir críticos (Trump falou muitas vezes isso durante a campanha), expandir o poder presidencial. (Aqui o próprio Supremo americano já deu conta do recado decidindo que o presidente tem imunidade para fazer o que quiser.)

O que está escrito. Eles querem acabar com o Departamento de Educação, restringir acesso a medicamentos de aborto, vincular o Departamento de Justiça (que é o Ministério Público de lá) à administração Trump, deportar os imigrantes ilegais todos, reprimir a imigração legal também, eliminar até mesmo a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (que monitora as mudanças climáticas).

Aliás, Trump quer fazer a indústria do petróleo voltar a todo vapor. E ainda tem a ideia de promover políticas públicas que incentivem casamento, trabalho, maternidade, paternidade. O papai e mamãe básico.

Durante toda a campanha, Trump mostrou que esses pontos, de um jeitinho ou de outro, estavam na sua plataforma.

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Mas, porém, todavia, entretanto, contudo tem uma promessa de campanha que está todo mundo esperando que ele cumpra já no dia 20 de janeiro quando assumir: acabar com todas as guerras pelo mundo com dois telefonemas.

Quem vai segurar o Trump?

Além da eleição presidencial, teve corrida pelo Senado e pela Câmara dos Deputados. Os democratas perderam o controle do Senado e tudo indica que os republicanos vão seguir controlando a Câmara (não havia resultado final até a hora da publicação desta news). Isso significa que a responsabilidade de segurar Trump institucionalmente daqui para frente será toda dos próprios Republicanos.

Levando em conta como Trump conduziu o partido fazendo a pauta dos MAGA (os trumpistas fervorosos do movimento Make America Great Again) dominar o rolê.... está difícil achar quem pode segurar o Trump.

E o 17 de dezembro?

Ô, Tixa, tu não falou que era para a gente ficar de olho em 17 de dezembro, que é quando tem a eleição do Colégio Eleitoral? Não só falei como escrevi, darling. Mas isso valia somente se o Trump perdesse. Como ele ganhou, ninguém vai contestar a eleição, não vai ter invasão do Capitólio, nem das assembleias estaduais (pelo menos, é o que se espera dos democratas, né?)

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E qual o futuro da Kamala?

Como atual vice-presidente dos Estados Unidos, ela também é presidente do Senado e isso significa que ela é quem vai oficializar a vitória de Trump no próximo 6 de janeiro.

E o projeto 2026?

Esse aqui não tem nada a ver com os Estados Unidos, tem a ver com o Brasil. Quando começamos essa carta matinal há cerca de 4 meses, declarei que o processo eleitoral americano na última década tem sido uma espécie de preview do que acontece dois anos depois no Brasil. Então, fica a dica.

Trump ganhou e ganhou bem (nada de empate como sugeriam as pesquisas). Ele venceu no voto popular (em 2016, ele não tinha conseguido isso).

Gostem ou não, Trump está conversando com o eleitor, que não se importou de ele ser um criminoso condenado, um estuprador condenado, ou o homem que incitou o ataque ao Capitólio. Dois anos antes da nossa eleição, a pergunta que fica é: quem está conversando com o eleitor brasileiro?

Opinião

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