Por que Obama só acordou agora? Tem a ver com a campanha de Trump

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Se o que faltava era Obama se pronunciar, agora não falta mais nada. Obama acordou e anunciou hoje cedinho que está apoiando oficialmente a Kamala para ser a candidata das eleições americanas de 2024. Demorou hein, meu querido?

Não sabemos porque Obama acordou agora. Mas ontem teve pesquisa Times/Siena mostrando que os democratas querem logo a Kamala e teve o diretor de comunicações do Trump, um tal Steven Cheung, declarando que nem o Obama tinha ainda dado apoio à Kamala o que significava que "eles ainda estão esperando alguém melhor."

"Portanto, seria inapropriado agendar coisas (debates) com Harris porque os democratas ainda podem mudar de ideia."

Ahã, sei.

Não vão mudar de ideia

A Kamala já tem até videoclipe oficial com música da Beyonce. Já arrecadou 150 milhões de dólares. Já angariou 100 mil voluntários. Fez até perfil no TikTok. E todo mundo já concordou que o Comitê Nacional Democrata antecipe a nomeação para o dia 7, em uma espécie de convenção virtual antes da convenção em Chicago no fim do mês de agosto.

Abrindo um parênteses. Engraçado que esse povo quer proibir o TikTok, mas se é para fazer campanha correm para o TikTok. Explico. O Biden sancionou uma lei que exige que os chineses vendam o TikTok para um "comprador de confiança dos americanos", caso contrário serão banidos. Mas o prazo vence só depois das eleições, claro.

Você sabia que a TixaNews foi o primeiro jornal brasileiro a discutir política no TikTok? Pois é, darling. Era tudo mato lá, em 2019. Em breve, teremos novidades quentes no nosso formato TikTok. Vai ser um sucesso.

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Até o Trump já quis fechar o TikTok quando era presidente. E também porque ele foi pego no contrapé pelos jovens durante a campanha de 2020. Mas agora ele diz que o TikTok é melhor que o Facebook, que esse sim é contra o povo. Aff.

E aí, a Kamala adentrou o TikTok para ganhar eleitores da Geração Z. Um eleitorado considerado chave nas campanhas. Eleição apertada é assim, alguns eleitorados podem definir o resultado. E se tem uma coisa que as pesquisas estão mostrando é que vai ser apertada. Fechando o parênteses.

O efeito Kamala

O New York Times/Siena divulgou ontem a primeira pesquisa pós saída de Biden e mostra que a Kamala ainda está atrás de Trump, mas reduziu significativamente a diferença. Biden depois do debate estava 6 pontos atrás de Trump. Kamala está apenas 1 ponto atrás. O placar é 48% a 47% para Trump.

— Trump está no pico de popularidade com 48% dos eleitores com visão favorável a ele. É o maior percentual atingido por Trump em uma pesquisa Times/Siena. Na última, realizada logo após o debate e antes da tentativa de assassinato, ele estava com 42%.

— Kamala tem 46% dos eleitores com uma visão favorável sobre sua pessoa. É maior do que a que Biden tinha.

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— Outras pesquisas mostram que Trump está com boa imagem, mais do que em qualquer momento desde 2020. Na pesquisa da CNN, 43% por cento favorável e uma pesquisa recente da ABC News/Ipsos 40%. Ainda tem uma pesquisa da Quinnipiac University com 46%, o maior percentual desde que Trump lançou sua primeira campanha em 2015. Gente, esses americanos têm mais pesquisas que eleitores.

— Voltando para Times/Siena, a pesquisa também mede o número de eleitores que odeiam os dois candidatos. Esse percentual era de 20% e caiu para 8% após a entrada da Kamala.

— 87% de todos os eleitores (democratas ou republicanos) aprovaram a decisão do Biden de sair da corrida.

— Quatro a cada cinco democratas dizem que Kamala deve ser a indicada para substituir Biden na corrida. Uns 27% queriam que fosse um processo competitivo, ou seja, uma convenção em que ela concorresse. Mas 70% dizem que o partido deve indicá-la imediatamente (Vamos combinar que isso aqui pode ter sido o fator X para o Obama finalmente se manifestar).

— Kamala está melhor entre os eleitores jovens e hispânicos que o Biden. Mas está pior entre os eleitores brancos da classe trabalhadora (isso deve influenciar e muito a escolha do vice, mas isso é assunto para uma outra carta).

Resumo das pesquisas

A campanha voltou ao ponto zero. É daqui para frente que importa.

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A primeira semana de Kamala mostrou que ela e Trump vão se pegar no ringue, fora do ringue, vai ser um MMA geral.

Kamala já partiu para o estilo de 'ele é um criminoso e eu já enfrentei muitos criminosos'. O primeiro anúncio dela diz "ninguém está acima da lei". Em um comunicado à imprensa, o título foi "Declaração sobre a aparição de um criminoso de 78 anos na Fox News."

Li uma avaliação muito interessante no Axios mostrando que o Biden não partia muito para esse lado do Trump condenado criminalmente porque seu filho também é um condenado criminal.

Já o Trump também não perdeu tempo. Em um comício na quarta-feira, ele disse que depois do atentado estava sendo visto como uma pessoa legal, mas que ia deixar de ser legal e começou a atacar a Kamala. Uma liberal "radical", disse ele. Liberal, Tixa?

Eu sei, darling, é complicado mesmo esse rolê gramatical político. Ninguém sabe mais o que liberal significa. Mas se fôssemos traduzir para uma campanha no Brasil, Trump estaria chamando ela de esquerda radical.

Bibi, Netanyahu apareceu

Não, não é buzina. É o Bibi Netanyahu. O todo-poderoso de Israel que está em turnê pelos Estados Unidos. Ele encontrou a Kamala ontem e ela disse que ele tem que fechar logo o acordo de cessar fogo contra Gaza. Kamala deu apoio aos manifestantes universitários que protestam em favor dos palestinos. Mas no discurso ao lado de Bibi, ela defendeu o cessar fogo depois que os reféns forem libertados.

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Hoje o Bibi se encontra com o Trump. Eles eram unha e carne, mas o Trump ficou #xatiado depois que o Bibi deu os parabéns para o Biden enquanto ele ainda dizia que a eleição tinha sido fraudada.

Chega de eleições americanas por esta semana, né, BRASEW? Acho melhor a gente ir mesmo para o tema Olimpíadas que está fervendo. Os trens de Paris já pararam por conta de sabotagem, aeroporto perto da fronteira com a Suíça foi evacuado por suspeita de bomba. Uma loucura. Mas tenhamos fé que a abertura vai ser linda e a paz vai reinar nas competições e é claro que a melhor cobertura vai ser do UOL. (Hmm, Tixa, hein? Toda trabalhada na política)

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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