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Vice de Kamala deve ser homem branco para atrair votos da classe média

A democrata Kamala Harris, favorita para assumir o lugar de Joe Biden na corrida presidencial, precisa definir seu vice nas próximas semanas.

O que aconteceu

Principais cotados são homens brancos que podem atrair votos em estados-chave. Entre eles, o governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, o governador da Carolina do Norte, Roy Cooper, o senador do Arizona, Mark Kelly, e o governador do Kentucky, Andy Beshear.

"Eles estão procurando um equilíbrio de gênero na chapa com um homem branco, que faça a ponte com o eleitor que Kamala não tem: a pessoa do subúrbio, classe média, independentes, republicanos moderados que não estão satisfeitos com Donald Trump", explicou Denilde Holzhacker, professora de Relações Internacionais da ESPM e especialista em Estados Unidos. "O vice pode quebrar a resistência ao nome dela."

Um dos nomes mais cotados é de Shapiro. Ex-procurador-geral e amigo pessoal de Kamala, ele é bem avaliado como governador da Pensilvânia e consegue transitar entre democratas e republicanos. O partido também conta com Shapiro para vencer na Pensilvânia, um dos mais importantes "estados indecisos", onde não há uma maioria partidária definida, mas que pode decidir o resultado da votação.

"A Kamala não ganha sem a Pensilvânia, considerando que Trump está muito bem nas pesquisas em vários outros estados-chave", afirmou Denilde. Desde 2008, todos os candidatos presidenciais que ganharam na Pensilvânia venceram as eleições.

Roy Cooper também está à frente de um estado indeciso, a Carolina do Norte. Democrata moderado, ele poderia convencer os eleitores independentes a votar na chapa encabeçada por Kamala. Em 2020, Biden perdeu o estado para Trump por um ponto percentual.

Mark Kelly é ex-astronauta, veterano do Exército e senador pelo Arizona. Ele é mais conhecido por sua luta pelo controle de armas desde que sua esposa, a ex-deputada democrata Gabby Giffords, quase morreu em 2011 após levar um tiro na cabeça. Os democratas esperam que a história pessoal de Kelly possa ressoar entre os eleitores. Em 2020, Joe Biden venceu Donald Trump por pouco no Arizona, o que o Partido Democrata atribuí a coligação construída por Kelly.

Andy Beshear é um governador popular em um estado profundamente republicano. Em 2020, Trump venceu no Kentucky por uma margem de mais de 25 pontos percentuais. A vantagem republicana é difícil de reverter, mas os democratas acreditam que a figura moderada Beshear pode ajudar em outros estados onde o voto da classe média e trabalhadora branca é crucial. Como governador, Beshear defendeu o direito ao aborto e cuidados de afirmação de gênero para jovens trans.

Os quatro foram procurados pelo Partido Democrata para enviar informações de finanças e histórico familiar para um processo de verificação. Kamala também mobilizou uma equipe de conselheiros. A decisão é dela, explica a professora Denilde.

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Candidatos que representam minorias perderam força. A governadora de Michigan, Gretchen Whitmer, e Kamala poderiam formar a primeira chapa 100% feminina nas eleições presidenciais dos EUA. O secretário Pete Buttigieg, abertamente gay, é veterano da Marinha e considerado um dos melhores comunicadores da administração Biden, mas atrai os eleitores que Kamala já tem.

Escolher um deles seria arriscado, diz a professora Denilde. "O partido não tem tempo para trabalhar no eleitorado esse lado mais progressista e os republicanos já estão atacando Kamala por essa agenda de igualdade e inclusão", explicou. "Um herói de guerra ou governadores com popularidade é o que você escolheria para não gerar mais críticas".

*Com RFI

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