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'Ganhamos com 70%', diz líder da oposição a Maduro sem apresentar provas

A líder da oposição María Corina reivindicou a vitória de seu candidato, Edmundo González Urrutia, nas eleições presidenciais deste domingo (28) na Venezuela, após a autoridade eleitoral do país proclamar a reeleição do presidente Nicolás Maduro.

O que aconteceu

"Ganhamos e todos sabem disso", disse María Corina logo após o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) anunciar a vitória de Maduro por 51% dos votos, contra 44,2% de Urrutia. "Queremos dizer a toda a Venezuela e ao mundo que a Venezuela tem um novo presidente eleito e ele é Edmundo González Urrutia".

Site do CNE está fora do ar, impedindo imprensa de acompanhar apuração em tempo real. Última postagem do órgão nas redes sociais trazia a informação com 80% das urnas apuradas.

Corina, porém, não apresentou números ou documentos que comprovassem a vitória de Urrutia. O CNE também ainda não apresentou as atas da eleição, que servem como documentos comprobatórios do pleito.

"Edmundo Urrutia obteve 70% dos votos e Nicolás Maduro 30%. Esta é a verdade. Parabéns, Edmundo", continuou María Corina, novamente sem apresentar provas. O presidente do CNE, Elvis Amoroso, havia anunciado pouco antes a reeleição de Maduro com 5,15 milhões de votos (51,2%) frente a Edmundo Urrutia, com 4,45 milhões (44,2%), segundo um primeiro boletim oficial com 80% da apuração.

"Foram violadas todas as normas" de votação, declarou Edmundo Urrutia. "Nossa mensagem de reconciliação e paz continua vigente. Nossa luta continua. Não descansaremos até que a vontade do povo da Venezuela seja refletida", insistiu o candidato derrotado,

Em apelo para os militares venezuelanos, Urrutia disse que "o dever da Força Armada Nacional é fazer respeitar a soberania popular e é isso que esperamos".

"Não vamos aceitar a chantagem de que a defesa da verdade é violência. Violência é ultrajar a verdade", acrescentou, pedindo aos apoiadores que permaneçam em "vigília cívica" ao redor dos centros de votação.

Apuração prejudicada. Mais cedo, a oposição a Maduro informou que a transmissão de dados eleitorais para o CNE havia sido paralisada em algumas zonas eleitorais, sem contudo precisar um número.

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Vigília da oposição. Após o encerramento da votação, o candidato Urrutia e María Corina Machado, principal liderança da oposição, pediram que eleitores e representantes de partidos permanecessem em vigília nos locais de votação a fim de fiscalizar o processo eleitoral.

Maduro governa a Venezuela desde a morte de Hugo Chávez em 2013. Se cumprir o novo mandato até o final, terá permanecido por 17 anos ininterruptos no poder.

Eleições foram marcadas por confusões

Houve atraso e intimidação em algumas cidades. Centros eleitorais chegaram a registrar atraso de uma hora para início da votação em Táchira, estado que faz fronteira com a Colômbia. Na região, também foram registradas intimidações de grupos de homens encapuzados que realizaram disparos para o alto em meio às filas de eleitores. No município de Antonio Rómulo Costa, por exemplo, homens não identificados espalharam panfletos com mensagens intimidatórias próximo aos centros de votação.

Voluntários pró e contra o governo de Maduro se enfrentaram. O incidente ocorreu no entorno de um centro de votação de Andrés Bello, na região central de Caracas. Segundo fotos, militantes pró-governo tentaram impedir que um voluntário de oposição entrasse no centro de votação.

Um homem também foi preso por tirar foto da urna. Segundo o comandante estratégico operacional da Força Armada Nacional Bolivariana, Domingo Hernandéz Lárez, um homem foi detido por tirar fotos de uma máquina eleitoral. Ele estava com dois comprovantes de voto.

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Observadores internacionais foram barrados às vésperas do pleito. O governo de Maduro proibiu a entrada de avião com ex-presidentes e uma comissão formada por dez deputados e senadores da Europa. No sábado (27), um ex-deputado espanhol —que participaria como observador das eleições a convite da oposição— também foi expulso.

Denúncia contra Maduro

Veículos foram sabotados. Na semana passada, María Corina Machado denunciou que os carros que usa para se deslocar durante a campanha eleitoral foram alvo de sabotagem —segundo ela, um deles teve os freios cortados.

A ex-deputada mostrou em um vídeo duas caminhonetes manchadas com tinta prateada estacionadas em um condomínio fechado em Barquisimeto, no estado de Lara. Ela afirmou que a tampa do cárter do motor de uma delas foi retirada, para que perdesse todo o óleo, e que "cortaram as mangueiras dos freios" da outra.

Segundo a ONG Foro Penal Venezolano, dedicada à defesa de presos políticos, mais de cem prisões já foram feitas relacionadas com a campanha da oposição.

*Com informações das agências AFP, ANSA e DW

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