Nem atas devem fazer EUA reconhecer vitória de Maduro, dizem especialistas
A desconfiança dos EUA e de países europeus em relação à proclamação da reeleição de Nicolás Maduro na Venezuela deve persistir mesmo após a divulgação das atas das eleições, dizem especialistas consultados pelo UOL. Essa foi uma condição imposta pelo governo brasileiro para reconhecer o resultado das urnas.
O que aconteceu
EUA e europeus estão alinhados com oposição, diz historiador. O professor da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) Rafael Araújo, que irá lançar ainda neste ano um livro sobre o chavismo pela editora Edupe, disse que esses países devem manter a mesma postura, ainda que as atas das eleições sejam divulgadas.
Maduro terá desafio de romper com isolamento internacional, projeta especialista em relações internacionais. Autor de dois livros sobre a Venezuela e professor da UFABC, Gilberto Maringoni diz que o presidente venezuelano reeleito precisará superar as acusações de fraude que pairam sobre o pleito.
EUA e União Europeia questionam resultado. Antony Blinken, chefe da diplomacia dos EUA, declarou que o país tem ''sérias preocupações de que o resultado anunciado não reflita a vontade ou os votos do povo venezuelano''. Já a União Europeia disse que o resultado das urnas não podem ser considerados legítimos, já que não foram verificados.
O que dizem os especialistas
Embora tenha sido proclamado presidente, Maduro está isolado internacionalmente. O desafio dele será romper com esse isolamento. Para isso, é fundamental que o resultado das eleições seja reconhecido pelo Brasil, maior país do continente, que pediu a entrega das atas do pleito. [...] Mas os EUA e os países europeus devem manter os questionamentos. Eles estão articulados com a oposição venezuelana, que alega fraude, mesmo sem provas.
Gilberto Maringoni, professor de Relações Internacionais
Há uma tendência de que os questionamentos continuem até que as atas das eleições sejam apresentadas. Só assim teremos a possibilidade de aferir a lisura do processo eleitoral. Mas a postura dos EUA e da União Europeia deve seguir a mesma, com questionamentos ao pleito.[...] É preocupante quando a oposição diz que a eleição não foi legítima sem apresentar comprovação, porque faz com que aumente o nível de tensão e de polarização política. Agora, o que vale é a disputa de narrativas.
Rafael Araújo, historiador
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