Conteúdo publicado há 2 meses

Guerra do Sudão já matou mais de 20 mil pessoas, diz diretor da OMS

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom, disse que a Guerra do Sudão já matou mais de 20 mil pessoas.

O que aconteceu

"A escala da emergência é chocante", diz diretor-geral da OMS. Em visita a Porto Sudão, importante cidade do país africano, Tedros Adhanom afirmou que o sistema de saúde do Sudão está "próximo de um colapso" e que "ação tomada para interromper o conflito é insuficiente". Desde o início da guerra civil que assola o país, houve cerca de 100 ataques em estações médicas, que causaram mortes de diversos profissionais de saúde.

Tedros acredita que "a comunidade internacional esqueceu o Sudão". O diretor da OMS afirmou ainda que o mundo "presta pouca atenção ao conflito que despedaça o país, com repercussões na região".

Diretor pediu defesa de trabalhadores da saúde e cessar-fogo imediato. No Sudão, 25 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária para sobreviver, e 14,7 milhões dessas precisam de "assistência urgente" para terem suas vidas salvas. "O setor humanitário solicitou 2,7 bilhões de dólares, e menos da metade foi enviado. Apelamos ao mundo para acordar e ajudar o Sudão a sair do pesadelo que está vivendo. A melhor medicina é a paz", completou Adhanon.

Sudão vive pior crise humanitária da atualidade

Quase 25 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária para sobreviver no país, que tem 48,7 milhões de habitantes. Os dados são de um levantamento da Organização das Nações Unidas, divulgados em 7 de agosto.

Ao todo, 10,2 milhões de sudaneses precisaram se deslocar das suas casas devido ao conflito. Esse número engloba quem está em abrigos, em um deslocamento interno, e quem pediu refúgio em países vizinhos.

O número de deslocados no Sudão é 43,6% maior do que o da Ucrânia, cuja guerra começou mais de um ano antes do conflito africano. No país europeu, 7,1 milhões de pessoas precisaram se deslocar, segundo a Agência da ONU para Migrações.

Insegurança alimentar é cifra mais preocupante. Mais de 750 milhões de pessoas estão no pior nível de risco alimentar do monitor de fome global da ONU. A projeção do IRC é de que de 220 mil crianças morram de fome nos próximos meses se o conflito continuar.

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Futuro inteiro do país está fora da escola, alerta especialista. Em entrevista ao UOL, o professor Awad Ibrahim, da Universidade de Ottawa, afirmou que outro efeito devastador da guerra é colocar em risco o futuro inteiro da nação, já que as crianças, além de vulneráveis, estão fora da escola.

A maior tragédia para mim é que temos 16 milhões de crianças e adolescentes em idade escolar que estão fora da escola desde que a guerra começou. Para mim, essa é a maior tragédia. Esse número é 100% do futuro do país.Awad Ibrahim, professor da Universidade de Ottawa

Os principais agentes da guerra

Conhecer os dois grupos que encabeçam a guerra civil é o primeiro passo para entender o conflito no Sudão. De um lado, há as Forças Armadas Sudanesas, um braço governamental liderado por Abdel Fattah; do outro, as Forças de Suporte Rápidas, comandadas pelo general Mohamed Hamdan.

Forças Armadas Sudanesas. O exército que hoje "oficialmente" lidera o Sudão deu um golpe militar em 2019 e um contragolpe anos depois. [Veja detalhes sobre os golpes em linha do tempo abaixo].

Forças de Suporte Rápidas. Com fundação no ano de 2013, as Forças de Suporte Rápidas (RSF, sigla em inglês) são um grupo paramilitar considerado "braço" do Janjawed, outro grupo radical sudanês. O grupo "mãe" das RSF recebeu apoio do governo para oprimir minorias étnicas na região do Dafur, no oeste do país, no começo dos anos 2000. A opressão é considerada o primeiro genocídio do século XXI.

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O RSF é formado em sua maioria por jovens "sem qualquer concepção da lei", diz professor. Um dos fatos que chama atenção de especialistas sobre a atuação das Forças de Suporte é que parte dos crimes de execução e estupro cometidos pelos paramilitares são gravados e publicados nas redes sociais. O grupo também foi treinado pela Juventude Muçulmana, organização extremista que hoje repudia os atos de violência cometidos no país.

É como se os estudantes tivessem superado os professores. Você está lutando contra seu próprio projeto. Eles sabem como lutar. Eles sabem fazer massacres, genocídios, sabem matar, sabem como estuprar, sabem como explorar o pior da humanidade. É isso que eles fazem. É isso que eles são. Eles não têm qualquer concepção de lei.Awad Ibrahim, professor da Universidade de Ottawa

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