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Ronilso: Na ONU, Milei faz crítica feroz, e Lula é propositivo

Enquanto o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva levou críticas para à ONU (Organização das Nações Unidas) acompanhadas por propostas, o presidente da Argentina, Javier Milei, fez críticas ferozes, afirmou o colunista Ronilso Pacheco ao UOL News desta quarta (25).

Ao discursar na Assembleia Geral das Nações Unidas. Milei chamou a ONU de "Leviatã" e disse que organização se tornou "impotente" em seu papel de resolução de conflitos. Ele também classificou a organização como "socialista" e disse que a missão dela se tornou "distorcida".

Lula, por sua vez, propôs convocar uma nova constituinte durante o encontro do G20, em Nova York. Em seu discurso, o brasileiro teve a intenção de mostrar que a estrutura atual não atende aos interesses dos países emergentes.

De um lado você tem um personagem como o Milei, que faz uma crítica profunda e feroz —eu diria até um tanto desonesta— com relação às Nações Unidas e a sua capacidade de atuação. E por outro lado, você tem o Lula, em um sentido mais propositivo e mais uma vez batendo na tecla de uma conversa, de uma possibilidade de reformulação da ONU. Eu acho que o Lula está pegando essa bandeira para si.

[O discurso de Milei] foi preparado para fazer um ataque direto à ONU e essa perseguição que esse tipo de autocrata tem com relação a organizações multilaterais, que eles colocam dentro do pacote do globalismo. E aqui o Milei trazendo essa ideia do anti-coletivismo que ele milita. Uma coisa que me chamou atenção são essas imagens bíblicas às quais recorre.

O Milei não é nada religioso, dessa presença dessa gramática religiosa em seu discurso. Uma que é a própria imagem do Leviatã, que é uma imagem bíblica, um tipo de dragão, um mal que só Deus pode derrotar. Ronilso Pacheco, colunista do UOL

Na visão de Pacheco, o Brasil talvez seja o país com maior força no sul global para reivindicar uma reformulação na ONU. Lula propôs a realização de uma conferência para revisar o estatuto e a composição da ONU. Isso pode impactar, por exemplo, na quantidade de membros permanentes do Conselho de Segurança.

Essa é uma reivindicação antiga do presidente Lula. Uma reivindicação que faz todo sentido, Lula não é o único a reivindicar isso. [O Brasil] talvez seja o país do sul global que tenha mais força para fazer essa reivindicação, pensando nos Brics, nos grupos de geopolítica dos países do sul global.

De fato, não faz muito sentido você ter o Conselho de Segurança no formato que ele permanece, com cinco membros estelares que têm poder de veto e que podem inutilizar, inviabilizar qualquer tipo de debate. Acho que repensar o Conselho de Segurança é extremamente importante.

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As Nações Unidas pegaram um contexto extremamente tenso. Passou por todo o contexto da pandemia, atravessou dois contextos de guerra extremamente difíceis —na Europa, com Ucrânia e Rússia e, no Oriente Médio, com Israel e Hamas—em que a ONU é extremamente questionada sobre sua capacidade de intervenção, sua capacidade de decisão, de pensar em resoluções. Acho que ele [Lula] sente o momento e tenta fazer uma proposta de maneira mais objetiva, diria até mais técnica, olhando para um artigo específico, fazendo uma orientação do Itamaraty. Ronilso Pacheco, colunista do UOL

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