Conteúdo publicado há 1 mês

EUA criticam decisão israelense de proibir entrada do chefe da ONU no país

Os Estados Unidos criticaram nesta quarta-feira (2) a decisão de Israel de proibir António Guterres de entrar no país depois que o secretário-geral da ONU fez um discurso após os ataques de Teerã contra Israel na terça-feira (1º).

O que aconteceu

Declaração norte-americana foi emitida pelo porta-voz do Departamento de Estado dos EUA. "Passos como esses não são produtivos para [Israel] melhorar sua posição no mundo", disse Matthew Mille, conforme o The Times of Israel.

Segundo o porta-voz, a ONU realiza um trabalho "incrivelmente importante em Gaza e na região". De acordo com Mille, quando a organização "age da melhor forma possível", ela pode realizar um trabalho importante para a segurança e estabilidade.

Já o porta-voz do secretário-geral da ONU, Stephane Dujarric, afirmou que o anúncio de Israel é político. Ele acrescentou que esse era apenas mais um ataque à ONU feito pelo governo israelense, explicando que a organização não reconhece o conceito de persona non grata como aplicável à equipe deles.

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Guterres "não merece pisar em solo israelense", afirmou ministro de Israel. Em comunicado, chefe da pasta das Relações Exteriores, Israel Katz, disse que o representante da ONU não "condenou de forma inequívoca" ataque de mísseis do Irã contra o território israelense de terça-feira (2). "Este é um secretário-geral anti-Israel, que dá apoio a terroristas, estupradores e assassinos", disse.

Ontem, Guterres, condenou "a ampliação do conflito no Oriente Médio, com escalada após escalada". "Isso precisa acabar. Precisamos absolutamente de um cessar-fogo", disse.

Israel já havia tomado a mesma decisão em relação ao presidente Lula em fevereiro. Na ocasião, seus comentários sobre a ação de Benjamin Netanyahu em Gaza causaram o posicionamento do ministro.

A declaração sobre o chefe da ONU ocorre no dia em que o Conselho de Segurança se reúne em caráter de emergência. A reunião, para lidar com a situação e a crise relacionada com os ataques também de Israel ao Líbano, foi anunciada na tarde da terça-feira (1º).

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Danny Danon, embaixador de Israel na ONU, afirmou que decisão ocorre depois de "muita decepção". Declaração foi dada a jornalistas nesta quarta-feira na sede da organização em Nova York.

"Sempre há lugar para diplomacia. Mas estamos muito decepcionados por sua forma de lidar com o caso", disse Danon. Segundo ele, Guterres emitiu uma declaração "muito fraca" depois dos ataques do Hamas em 7 de outubro, lembrando que o português citou que o atentado não ocorreu num vácuo. "Sob sua liderança, a ONU nunca aprovou uma resolução condenando o Hamas", disse.

Embaixador também acusa Guterres de estar "desconectado da realidade": "E ontem, ao ver Israel ser atacado, a declaração que ele emitiu apenas pede uma desescalada. Sem mencionar Irã".

Não podemos aceitar isso. Ele precisa dizer quem é o agressor. E não nos colocar no mesmo lugar. É como se ele colocasse os nazistas e as forças aliadas, na Segunda Guerra Mundial, no mesmo patamar e pedisse a ambos uma desescalada
Danny Danon, embaixador de Israel na ONU

Oriente Médio 'virou um inferno', diz Guterres

O secretário-geral da ONU, António Guterres
O secretário-geral da ONU, António Guterres Imagem: Reprodução
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Em discurso diante do Conselho de Segurança, o secretário-geral da ONU afirmou que o Oriente Médio virou "um inferno". Guterres condenou o Irã por seus ataques. Segundo ele, os mísseis "não ajudam a causa palestina". Embaixadores do Reino Unido e França anunciaram apoio a Guterres, num sinal contra a atitude de Israel contra o secretário-geral.

"Os eventos mostram que é hora de um cessar-fogo, liberar reféns em Gaza e a criação de dois estados", disse. Mas ele insistiu em denunciar as ações de Israel, Hamas e Hezbollah, além de acusar Israel de roubo de terras e de estar agindo para impossibilitar a criação de um estado palestino.

Chamando a situação de uma "escalda doente", o chefe da ONU alertou que a região está "à beira do abismo". "Cada escalada é justificativa para próxima", disse. "O ciclo mortal precisa parar e o tempo está e esgotando", disse, lembrando que são os civis que estão pagando o preço.

Guterres revelou ainda que Israel pediu que as tropas de paz da ONU na fronteira entre Israel e Líbano fossem deslocadas. Mas ele recusou. "A bandeira da ONU continua a tremular", disse.

Israel já pediu renúncia de Guterres

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A crise entre a ONU e Israel não é nova, ainda que a medida eleve a tensão. No ano passado, o então chanceler, Eli Cohen, fez uma ofensiva contra o português, na tentativa deliberada de enfraquecer qualquer ação da entidade em Gaza.

A ONU tem denunciado a ofensiva israelense e alertado que os ataques do Hamas não ocorreram num vácuo. A entidade também tem criticado os ataques contra hospitais, enquanto seus relatores falam em crimes de guerra.

"Vamos continuar guerra até eliminar Hamas e retirar reféns", prometeu. Segundo ele, até agora o Comitê Internacional da Cruz Vermelha não obteve acesso aos israelenses levados pelo Hamas.

"Aquele foi o pior dia do povo israelense desde o Holocausto. Estamos lutando pelo estado de Israel. Mas também por dignidade. Se não vencermos, vocês serão os próximos", disse a jornalistas ocidentais.

O mesmo ministro pediu a renúncia do português, o que levou governos como o do Brasil e de várias outras partes do mundo a sair em defesa do secretário-geral.

Cohen, porém, insistiu nos ataques contra o português. "Guterres não merece ser chefe da ONU. Guterres não promove processo de paz na região", insistiu. Para ele, o chefe das Nações Unidas está "sentado ao lado do Irã". "Os iranianos fazem parte da ONU e pedem a destruição de outro de seus membros. O Irã não poderia fazer parte. É antissemitismo. É contra o estado de Israel", declarou.

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Cohen alertou que Guterres "sabe" que Israel não escolheu essa guerra. "Ele deve dizer claramente: liberte Gaza do Hamas. Por qual motivo ele não diz?", insistiu.

Membros de agência da ONU acusados de terem participado dos ataques a Israel

O governo de Netanyahu acusou membros da agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA) de ter participado do 7 de outubro. Caso se transformou em uma crise diplomática, levando Tel Aviv a frear o visto para dezenas de altos funcionários da instituição e fechando o país à visita de relatores especiais.

A notícia levou o governo dos EUA a anunciar a suspensão do repasse de dinheiro para a agência que se dedica a cuidar dos refugiados palestinos. Um dia depois, os governos do Reino Unido, Alemanha, Itália, Holanda, Suíça, Canadá, Austrália e Finlândia adotaram a mesma estratégia.

Juntos, os países que anunciaram a suspensão de recursos são responsáveis por grande parte do orçamento da instituição. Em 2022, por exemplo, a agência recebeu US$ 1,1 bilhão para suas operações. US$ 425 milhões vieram desses governos que agora optaram por suspender seus repasses.

Guterres abriu investigações. Segundo ele, das 12 pessoas implicadas, 9 foram imediatamente identificadas e demitidas pelo Comissário Geral da UNRWA, Philippe Lazzarini. A UNRWA também havia anunciado anteriormente uma revisão completa e independente da organização em 17 de janeiro.

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Meses depois, a ONU afirmou que Israel jamais providenciou as provas sobre o envolvimento dos funcionários. A investigação denunciou alguns desses funcionários, mas deixou claro que a agência, em si e com 20 mil funcionários, não havia colaborado com o Hamas.

Naquele momento, Netanyahu admitiu que sua intenção era de que a ONU deixasse Gaza. Objetivo era também que outros organismos pudessem atuar no local.

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