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Guterres condena Irã e Israel e diz que região 'virou inferno'

Em discurso diante do Conselho de Segurança, o secretário-geral da ONU afirmou que o Oriente Médio virou "um inferno". Hoje, Israel o classificou como "persona non grata" no país.

O que aconteceu

António Guterres condenou o Irã pelos ataques a Israel. Segundo ele, os mísseis "não ajudam a causa palestina".

"Os eventos mostram que é hora de um cessar-fogo, liberar reféns em Gaza e a criação de dois estados", disse. Mas ele insistiu em denunciar as ações de Israel, Hamas e Hezbollah, além de acusar Israel de roubo de terras e de estar agindo para impossibilitar a criação de um estado palestino.

Chamando a situação de uma "escalda doente", o chefe da ONU alertou que a região está "à beira do abismo". "Cada escalada é justificativa para próxima", disse. "O ciclo mortal precisa parar e o tempo está e esgotando", disse, lembrando que são os civis que estão pagando o preço.

Guterres revelou ainda que Israel pediu que as tropas de paz da ONU na fronteira entre Israel e Líbano fossem deslocadas. Mas ele recusou. "A bandeira da ONU continua a tremular", disse.

Embaixadores do Reino Unido e França anunciaram apoio a Guterres. Apoio é um sinal de repúdio à atitude de Israel contra o secretário-geral.

No Conselho, o governo da Argélia anunciou seu "apoio e admiração" ao secretário-geral. Para o embaixador argelino, Amar Bendjama, declarar o secretário-geral persona non grata é "incrível" e revela "o menosprezo de Israel ao sistema internacional".

Embaixador de Israel falou em 'decepção'

Danny Danon, embaixador de Israel na ONU, afirmou que decisão ocorre depois de "muita decepção". Declaração foi dada a jornalistas nesta quarta-feira na sede da organização em Nova York.

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"Sempre há lugar para diplomacia. Mas estamos muito decepcionados por sua forma de lidar com o caso", disse Danon. Segundo ele, Guterres emitiu uma declaração "muito fraca" depois dos ataques do Hamas em 7 de outubro, lembrando que o português citou que o atentando não ocorreu num vácuo. "Sob sua liderança, a ONU nunca aprovou uma resolução condenando o Hamas", disse.

Embaixador também acusa Guterres de estar "desconectado da realidade": "e ontem, ao ver Israel ser atacado, a declaração que ele emitiu apenas pede uma desescalada. Sem mencionar Irã."

Israel já pediu renúncia de Guterres

A crise entre a ONU e Israel não é nova, ainda que a medida eleve a tensão. No ano passado, o então chanceler, Eli Cohen, fez uma ofensiva contra o português, na tentativa deliberada de enfraquecer qualquer ação da entidade em Gaza.

A ONU tem denunciado a ofensiva israelense e alertado que os ataques do Hamas não ocorreram num vácuo. A entidade também tem criticado os ataques contra hospitais, enquanto seus relatores falam em crimes de guerra.

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"Vamos continuar guerra até eliminar Hamas e retirar reféns", prometeu. Segundo ele, até agora o Comitê Internacional da Cruz Vermelha não obteve acesso aos israelenses levados pelo Hamas.

"Aquele foi o pior dia do povo israelense desde o Holocausto. Estamos lutando pelo estado de Israel. Mas também por dignidade. Se não vencermos, vocês serão os próximos", disse a jornalistas ocidentais.

O mesmo ministro pediu a renúncia do português, o que levou governos como o do Brasil e de várias outras partes do mundo a sair em defesa do secretário-geral.

Cohen, porém, insistiu nos ataques contra o português. "Guterres não merece ser chefe da ONU. Guterres não promove processo de paz na região", insistiu. Para ele, o chefe das Nações Unidas está "sentado ao lado do Irã". "Os iranianos fazem parte da ONU e pedem a destruição de outro de seus membros. O Irã não poderia fazer parte. É antissemitismo. É contra o estado de Israel", declarou.

Cohen alertou que Guterres "sabe" que Israel não escolheu essa guerra. "Ele deve dizer claramente: liberte Gaza do Hamas. Por qual motivo ele não diz?", insistiu.

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