Guerras e sombra de Trump dividem G20
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Líderes dos países do G20 se reúnem hoje no Rio no primeiro de dois dias do encontro de cúpula do grupo. O evento ocorre em meio à escalada dos conflitos entre Rússia e Ucrânia e dos ataques de Israel à Faixa de Gaza e ao Líbano, que dividem o bloco, e duas semanas após a eleição de Donald Trump, um crítico da participação americana em fóruns multilaterais.
Além disso, diplomatas temem que Javier Milei leve a Argentina a boicotar a assinatura de uma declaração conjunta que inclua temas caros ao governo Lula, como a taxação dos super-ricos, defesa de políticas de igualdade e de combate à pobreza e ao aquecimento global.
A reunião marca o final do período de dois anos da presidência brasileira do bloco. O posto será assumido em seguida pela África do Sul.
Ucrânia fortalecida
O presidente Joe Biden autorizou pela primeira vez a Ucrânia a usar mísseis americanos de longo alcance em ataques ao território russo. A medida representa uma mudança importante de postura do governo dos EUA, que se recusava a atender aos pedidos do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky nesse sentido por temer uma retaliação de Putin e uma ampliação do conflito.
Segundo autoridades americanas, os primeiros mísseis com alcance de cerca de 300 quilômetros devem ser usados contra tropas russas e norte-coreanas que tentam retomar áreas sob controle ucraniano em Kursk, no leste da Rússia. A autorização para uso dos mísseis do sistema ATACMS ocorre a apenas dois meses do fim do governo Biden e da posse de Donald Trump. Hoje, a Rússia disse que, com a medida, os EUA colocam "lenha na fogueira".
Ataque russo
A Rússia realizou entre sábado e domingo o maior ataque contra a Ucrânia em mais de três meses. Segundo o presidente Volodymyr Zelensky, 120 mísseis e 90 drones russos foram usados na ofensiva, que teve como principal alvo a infraestrutura de energia do país.
Um porta-voz da Força Aérea ucraniana disse que 144 drones ou projéteis foram abatidos, mas Zelensky admitiu que houve danos às instalações elétricas. Por isso, o governo anunciou que a partir de hoje todas as regiões do país serão "obrigadas a aplicar restrições ao consumo" de energia.
Cerca de metade da capacidade energética do país já foi destruída nos quase três anos de conflito. Mais tarde, um outro bombardeio russo, em Sumi, no nordeste da Rússia, deixou pelo menos dez mortos, incluindo uma criança.
Protesto na França
Agricultores franceses realizam nesta segunda-feira manifestações por todo o país contra o acordo de livre comércio em discussão entre a União Europeia e o Mercosul. Os produtores rurais temem a concorrência do agronegócio sul-americano que, segundo eles, não está sujeito às mesmas exigências ambientais, sociais e sanitárias europeias.
Ontem, em Buenos Aires, o presidente francês, Emmanuel Macron, disse que a França não assinará o acordo na forma em que ele está redigido atualmente. Apesar da oposição francesa, a maioria dos países da União Europeia, liderados por Alemanha e Espanha, espera formalizar o acordo até o final do ano.
Israel bombardeia Beirute
Israel voltou a bombardear a área central de Beirute nesse domingo, depois de uma pausa de algumas semanas. Um dos mortos no primeiro ataque, à área de Ras al-Naba, foi o chefe da assessoria de imprensa do Hezbollah, Mohammed Afif. Um segundo ataque, na região de Mar Elias, deixou dois mortos e 13 feridos. Ataques israelenses no centro e no norte da Faixa de Gaza também deixaram pelo menos 30 mortos, segundo os serviços de emergência.
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Quero receberAinda nesse domingo, jornais europeus publicaram trechos de um novo livro do papa Francisco, em que ele usa pela primeira vez o termo "genocídio" para se referir à ofensiva israelense na Faixa da Gaza. "O que está acontecendo em Gaza que, segundo alguns especialistas, parece ter as características de um genocídio, deveria ser investigado com atenção".