Entenda a ascensão e queda da Irmandade Muçulmana no Egito

Depois da queda de Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011, o Egito realizou as primeiras eleições presidenciais livres de sua história em junho de 2012. Venceu o candidato da Irmandade Muçulmana, Mohamed Morsi, por uma margem estreita. A nova Constituição, elaborada sem consenso pelos islâmicos, foi ratificada por 64% em um referendo de pequena participação.

Quarta-feira, 3 de julho. O exército egípcio depôs Mohamed Morsi, o primeiro presidente civil democraticamente eleito desde a derrubada do rei Faruk em 1952. O golpe deu lugar à repressão contra a Irmandade Muçulmana, a maior organização islâmica do país, à qual pertence o presidente deposto. Morsi, assim como outros líderes da confraria islâmica, foi detido e levado para dependências militares, onde permanece. Desde então, os partidários de Morsi e da Irmandade saíram à rua, desafiando a proibição do novo governo interino, surgido sob a proteção das forças armadas.

Quinta-feira, 4 de julho. Adli Mansur, presidente do Tribunal Constitucional, é nomeado presidente interino à frente de um governo tecnocrático. No dia seguinte, os islâmicos convocam um dia de revolta contra o golpe: pelo menos 30 pessoas morrem.

Segunda-feira, 8 de julho. Cinco dias depois do golpe, uma concentração de partidários de Morsi diante do quartel da Guarda Presidencial do Cairo, onde está detido, é brutalmente reprimida pelo exército. Pelo menos 51 pessoas morrem. No dia seguinte, Mansur nomeia primeiro-ministro o ex-ministro das Finanças Hazem el Beblawi, com poderes quase absolutos.

Quarta-feira, 10 de julho. Começa o Ramadã, mês de jejum muçulmano.

Segunda-feira, 15 de julho. Os EUA enviam um diplomata ao Cairo, reconhecendo de fato o governo militar. Outra manifestação perto da Ponte 6 de Outubro, perto da Praça Tahrir na capital, é dispersada violentamente pela polícia. Pelo menos sete pessoas morrem e mais de 260 ficam feridas.

Terça-feira, 16 de julho. Toma posse um gabinete de 33 ministros com Mansur como presidente interino e El Baradei como vice-presidente. O chefe das Forças Armadas, Abdelfatah al Sisi, mantém o cargo de ministro da Defesa que ocupava com Morsi e acrescenta o de primeiro vice-primeiro-ministro.

Quarta-feira, 24 de julho. Os EUA anunciam que retardam a entrega de quatro F-16 ao Egito. A Casa Branca evita qualificar o ocorrido em 3 de julho como golpe de Estado; fazê-lo obrigaria a suspender a ajuda militar de Washington ao Cairo, que soma cerca de 1 bilhão de euros anuais.

Quinta-feira, 25 de julho. Um tribunal acusa formalmente Morsi de traição, de colaborar com a organização terrorista palestina Hamas e de "conspirar para causar a morte de soldados egípcios". O exército lança seu primeiro ultimato à Irmandade Muçulmana para desmontar os acampamentos de partidários de Morsi nos bairros de Cidade Nasser e Gizé.

Sexta-feira, 26 de julho. A brutal repressão por parte do exército contra outra manifestação da Irmandade Muçulmana no Cairo termina com a morte de pelo menos 60 pessoas.

Sábado, 27 de julho. As forças de segurança voltam a disparar com fogo real contra os simpatizantes da Irmandade. Morrem 80 manifestantes. Na véspera haviam ocorrido manifestações maciças de partidários e detratores do golpe de Estado.

Segunda-feira, 29 de julho. A responsável por Política Externa da União Europeia, Catherine Ashton, visita o Cairo e se reúne com o ministro da Defesa e responsável máximo pelo exército, Al Sisi. Ashton também se encontra com Morsi, embora afirme que "não sabe onde".

Terça-feira, 30 de julho. A chefe da diplomacia da UE, Catherine Ashton, visita Morsi em um lugar secreto ao qual é levada pelos militares. "Ele está bem", afirma a britânica.

Quarta-feira, 31 de julho. O exército afirma que "terminou sua paciência" e exige de novo a desmontagem dos acampamentos.

Segunda-feira, 5 de agosto. Os senadores americanos Lindsey Graham e John McCain visitam o Cairo para se reunir com os líderes do governo interino, que dá as negociações por fracassadas.

Quarta-feira, 7 de agosto. Fracassa a mediação promovida pelos EUA, UE, Emirados Árabes Unidos e Catar. O governo interino reitera sua ameaça de desalojar os acampados.

Sexta-feira, 9 de agosto. Termina o Ramadã, mês de jejum dos muçulmanos.

Sábado, 10 de agosto. As forças de segurança rodeiam Cidade Nasser, um dos bastiões da Irmandade na capital egípcia. Dois dias depois, completa-se o cerco dos dois acampamentos.

Quarta-feira, 14 de agosto. As forças de segurança atacam à primeira hora da manhã os dois acampamentos dos islâmicos no Cairo. A polícia abre fogo contra os manifestantes. As autoridades impõem o estado de emergência - suspenso depois de 30 anos de vigência após a queda de Mubarak - e o toque de recolher em várias cidades.

Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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