Americanos sobreviventes da crise econômica torcem por Obama

Philippe Bernard

Em Ruskin (Flórida)

  • Jonathan Ernst/Reuters

    O presidente Barack Obama autografa tolha de mesa na qual apoiadores de sua campanha escreveram "Nós te amamos, Barack", em restaurante em Merrimack, em New Hampshire

    O presidente Barack Obama autografa tolha de mesa na qual apoiadores de sua campanha escreveram "Nós te amamos, Barack", em restaurante em Merrimack, em New Hampshire

A crise imobiliária não passou longe, mas esta noite Bethany e John Casimir estão sentados nos sofás de sua elegante sala de estar. A casa de seus sonhos, com 185 metros quadrados, sua TV tela plana gigante, seu aquário e suas máscaras africanas, poderia ter terminado como tantas outras em seu quarteirão: à venda por US$ 100 mil (R$ 203 mil), ou seja, 45% do preço que eles pagaram em 2006. Eles escaparam por pouco da falência imobiliária.

"Tivemos uma chance que muitos não tiveram. Obama fez sua parte do trabalho e nós fizemos a nossa." O casal foi favorecido pelo acordo entre o governo federal e os bancos, que permitiu descontar a desvalorização de seu bem, contanto que ele retomasse seus pagamentos.

Eleições 2012 nos EUA
Eleições 2012 nos EUA

A compra imobiliária a crédito por trinta anos nesse município rural não tinha nada de irresponsável para esse casal de trinta e poucos anos: John, de origem dominicana, era gerente de uma loja de móveis; sua mulher, nascida na Carolina do Norte, contadora em uma empreendedora imobiliária. A queda foi brutal. "Você vai ao trabalho como todas as manhãs. O patrão reúne alguns funcionários: não precisam voltar amanhã", ela conta.

Após um período de desemprego e um curso, John conseguiu ser contratado como cabeleireiro enquanto espera para abrir seu próprio salão. Já Bethany acaba de encontrar um emprego depois de aceitar uma diminuição de 25% no salário. No auge da crise, ela trabalhou em um setor próspero: o call center de um escritório de cobrança de dívidas. Olhando em retrospecto, ela ri: "Eu ligava para pessoas que se encontravam exatamente na mesma situação que eu. Eles desligavam na minha cara. Eu passava os dias falando sobre dívidas para secretárias eletrônicas".

Médico solidário

Eles estão se preparando para votar em Barack Obama, mas não é porque ele tem a pele escura como eles. "Temos orgulho disso, mas não influi em nada na minha escolha", afirma a jovem. Eles lhe são gratos pelo salvamento de sua hipoteca, mas também pela popularização do seguro-saúde. "Quando nós dois estávamos desempregados, não podíamos mais pagar os US$ 480 (aproximadamente R$ 976) de meu tratamento contra a asma", conta John Casimir. "Felizmente um médico solidário me deu amostras".

Bethany gostaria que Obama fosse mais firme com os republicanos, que ele não aumentasse as vantagens fiscais para os riscos herdadas de George Bush. Ela acha que Mitt Romney "não tem em mente os interesses deste país, e sim os do 1% mais ricos". Ela não quer que ele faça escolhas por ela, em matéria de aborto e contracepção. Quanto a seu discurso pró-empresariado, ele não diz nada que valha para John, ainda que este queira abrir seu negócio. "Romney ganhou dinheiro acabando com empregos".

John e Bethany Casimir acham que "o governo deve impor regras". Certo, "o capitalismo é o que faz o país funcionar", mas "podiam continuar deixando que as seguradoras se recusassem a cobrir os pobres e os doentes crônicos?" Isso, pelo menos, Obama fez, eles afirmam.

Tradutor: Lana Lim

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