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'Por que ele destruiria seu sustento?', diz irmão de brigadista que foi preso

Área de Proteção Ambiental Municipal em Alter do Chão atinginda por incêndios em setembro - Jader Paes /Ag.Pará
Área de Proteção Ambiental Municipal em Alter do Chão atinginda por incêndios em setembro Imagem: Jader Paes /Ag.Pará

Gilberto Amendola e José Maria Tomazela

São Paulo

29/11/2019 07h47

O gestor de turismo Guilherme Fernandes, de 32 anos, irmão do brigadista Gustavo Fernandes, de 36, um dos presos no Pará, disse que a situação é "surreal, um pesadelo", mas que respira aliviado desde que soube da soltura. Segundo ele, Gustavo sequer estava em Alter do Chão. "Ele estava em um casamento no interior de São Paulo, tem passagem aérea e reserva de hotel confirmando isso, mas nada foi levado em conta. Já passamos tudo para o advogado dele, mas parece que havia predisposição para incriminar meu irmão e os outros brigadistas."

Gustavo nasceu em Bauru, mas morava em São Paulo até se mudar para Alter do Chão (PA). Formado em Turismo pela PUC-SP, ainda em seu tempo de colégio, quando estudava no tradicional Sion, desenvolveu um projeto de reciclagem. "Esse projeto ainda é referência no colégio. Ele sempre foi engajado, o tipo de pessoa que tirava do próprio prato para dar para os outros", contou o irmão.

Guilherme diz que o irmão se apaixonou por Alter do Chão logo na primeira vez que conheceu o lugar. "Ele se mudou de mala e cuia. No começo, morou de aluguel e depois construiu uma casa, muito simples, em um terreno (onde mora com a namorada). Meu irmão seria incapaz de fazer algo de ruim para a floresta", disse.

Ele conta que Gustavo, desde 2015, tem um projeto de turismo no Pará que depende da biodiversidade e das belezas naturais locais para se sustentar. "Por que ele iria destruir o que é seu sustento? A verdade é que ele foi apagar o fogo como voluntário, usando chinelo."

Além de atuar na organização não governamental e como brigadista, Gustavo também é voluntário em uma creche e em um centro espírita. "Todo fim de semana serve sopa em uma comunidade indígena de lá. Meu irmão nunca gostou de viver na metrópole, o sonho dele sempre foi morar junto da natureza", lembrou.

Guilherme nunca ouviu do seu irmão que ele estaria sendo ameaçado, mas acredita que a prisão esteja relacionada com a "atual onda de criminalização de ONGs" que atuam na floresta. Com a notícia da soltura dos brigadistas, Guilherme e a família pretendem trazê-lo de volta para São Paulo.

Saída

"A gente está feliz de poder explicar agora tudo o que poderia ser explicado em liberdade, que está tudo certo", disse Daniel Govino à TV Globo, na saída da prisão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.