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O que é o 'ciclone bomba' que está causando estragos no Sul do Brasil

Felipe Souza - Da BBC News Brasil em São Paulo

30/06/2020 20h53

Chuvas torrenciais, queda drástica nas temperaturas, ventos de mais de 100 km/h e até neve. Um ciclone extratropical, fenômeno também chamado de "ciclone bomba", vai mudar o clima nas regiões Sul e Sudeste do Brasil nos próximos dias.

Principalmente nos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, onde o fenômeno já está sendo sentido com mais força e provocando estragos, a previsão é de quedas abruptas nas temperaturas, com possibilidade até mesmo de causar neve no Sul e geada no Sudeste.

No Sudeste, porém, os efeitos serão menores. O ciclone deve apenas tangenciar o Estado de São Paulo em sua passagem pela região. Ainda assim, a previsão do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) é que as temperaturas na capital paulista cheguem a 8º C entre a noite de quinta e a madrugada de sexta-feira.

Em cidades como Florianópolis e Balneário Camboriu, em Santa Catarina, a passagem do fenômeno deixou um rastro de destruição.

Nas redes sociais, dezenas de usuários registraram em vídeo momentos de pânico com a forte ventania e a chuva intensa.

De acordo com o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Heráclio Alves, ciclones extratropicais são relativamente comuns e são formados por áreas de baixa pressão atmosférica.

Este que passa pelo Brasil surgiu próximo ao Paraguai e vai cruzar diversas regiões continentais até chegar ao oceano, onde ainda atua por algum tempo e depois perde força.

"Ele causa basicamente ventos mais fortes, muita chuva, e a partir daí que se formam as frentes frias. Entre ontem e hoje, foram registradas rajadas de vento de 50 a 100 km/ h no Rio Grande do Sul.

Amanhã, ele se desloca para o oceano, quando o passa a afetar mais a costa do país", afirmou o especialista do Inmet à BBC News Brasil.

As consequências, segundo ele, são ondas maiores e uma grande agitação no mar. Isso deve ocorrer na faixa que vai do Rio Grande do Sul até o Rio de Janeiro.

A Marinha emitiu um comunicado para alertar que a região Sul deve ter mar agitado e ondas de até 7 metros nas próximas horas. Algumas regiões montanhosas de Santa Catarina podem ter ventos de até 140 km/h.

Os vendavais que já estão sendo provocados pelo ciclone podem arrancar telhas de imóveis e causar tempestades.

Segundo o especialista do Inmet há cerca de um mês ocorreu outro ciclone como este. A diferença é que o último foi mais fraco e apenas tangenciou o Rio Grande do Sul, como fará desta vez em São Paulo.

'Não é hora de pescar'

O meteorologista do Centro de Gerenciamento de Emergências da Prefeitura de São Paulo (CGE) Thomaz Garcia disse que a previsão para São Paulo é uma queda nas temperaturas e chuva, mas sem a mesma intensidade das que ocorreram no último fim de semana.

"Pode ocorrer chuvas isoladas nesta madrugada e início da manhã. A previsão é que ocorram ventos com rajadas de até 60 km/h, com uma grande queda da temperatura até pelo menos no fim de semana", afirmou Garcia.

Ele afirmou que a principal recomendação é se proteger e não entrar no mar.

"O ciclone vai causar uma grande agitação marítima com muita ressaca no litoral. Não é hora de sair para pescar. Esse ciclone causa uma queda abrupta de pressão atmosférica. No centro dele tem ar frio que gira em sentido horário causando ventos fortes e chuva", disse.

Nesta terça-feira, o Corpo de Bombeiros do Estado informou que foram registrados 50 chamados para quedas de árvores nas últimas horas na cidade de São Paulo. O porta-voz dos bombeiros, o major Marcos Palumbo, disse que a provável causa são "ventos fortes de até 53 km/h".

O registro mais grave, segundo ele, foi a queda de uma árvore de grande porte sobre duas casas na Vila Mariana, na capital. Ninguém ficou ferido.